Há uns dez meses atrás mais ou menos num encontro sobre orientação sexual para adolescentes, uma profissional ligada a saúde básica deu-me as seguintes informações sobre uma familia residente na vila Mocambinho com seis membros, quatro pessoas com transtorno mental, três já sofreram internações integrais (F.20), uma se encontrava naquele momento em crise aguda, outra medicada com sintomas moderados e uma desaparecida. O auxilio que o CAPS norte ofereceu foi apenas a medicação.
Ontem um familiar pedia minha ajuda para internar no hospital psiquiátrico uma senhora com dependência química, paciente do CAPS-ad, porque esta abandonou familia e filhos, rejeita medicação e desaparece por semanas ou meses. Mora no Dirceu Arcoverde I.
Hoje fui informada do destino de um usuário acompanhado pelo Ninho, 22 dias no Sanatório Meduna e quinze dias no CAPS-ad, residente no São Pedro, a família mandou-o para o interior do Pará, para casa de uma irmã. Observo que há o hábito de algumas famílias enviarem usuários depois de uma crise para cidades do interior, onde não há nenhum recurso psiquiátrico, será que imaginam que a loucura é urbana?
Me pergunto se estas equipes de CAPS implantados a partir de 2005, com profissionais em sua maioria já com cursos, especializações patrocinados pelo programa de educação permanente e qualificação do SUS para a Reforma Psiquiátrica, estão dentro dos limites da intervenção das instituições públicas, CAPS fora do território dos usuários, não tem carro, ambulância, perua, nenhum meio de transporte para deslocamento. Será que podem usar o telefone? E os usuários têm telefones? Ao CAPS cabe a articulação da rede psicossocial de reabilitação e inserção social deste usuário sob condição psicótica. Encontrei um certificado de um seminário sobre saúde mental na atenção básica de setembro de 2004, coordenada por professora Lúcia Rosa, ela própria, salvo engano, ministrou curso diretamente para uma turma de agentes comunitários de saúde e no segundo semestre de 2007 na organização do curso Serviço Social e Saúde Mental, cuja grande temática era o trabalho em redes sociais, não conseguimos a fala das atuais coordenadoras do ainda Programa Saúde da Familia, do municipio e nem estadual.
É uma articulação imprescindível e complementar aos dois serviços na comunidade, enquanto isso não acontece. Fico aqui com minhas cismas como ficava quando era estagiária de Serviço Social do HAA, os braços desse serviço, que resolviam tudo para o usuário quanto a questão de direitos, acaba com alta. Não há um agente da condicional.
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