sexta-feira, 26 de junho de 2009

USUÁRIOS, UNÍ-VOS!!!


Os Centros de Atenção Psicossociais (CAPS) são considerados estratégia prioritária adotada no processo de desinstitucionalização prevista pela Reforma Psiquiátrica. São implantados com a missão institucional de substituir a rede manicomial de assistência, visando à diminuição das internações e reinternações em suas dependências, promovendo a reabilitação psicossocial de pacientes psiquiátricos, bem como a prevenção da cronificação de casos. Os serviços prestados nos CAPS pretendem desenvolver novas tecnologias de cuidado integral em saúde mental, baseados em princípios como liberdade, cidadania, acolhimento, territoriedade, emancipação, dentre outros (GOLDBERG; Boletim 18 de maio, RJ:2004).

ARTICULAÇÃO SAÚDE MENTAL E SAÚDE BÁSICA

Há uns dez meses atrás mais ou menos num encontro sobre orientação sexual para adolescentes, uma profissional ligada a saúde básica deu-me as seguintes informações sobre uma familia residente na vila Mocambinho com seis membros, quatro pessoas com transtorno mental, três já sofreram internações integrais (F.20), uma se encontrava naquele momento em crise aguda, outra medicada com sintomas moderados e uma desaparecida. O auxilio que o CAPS norte ofereceu foi apenas a medicação.
Ontem um familiar pedia minha ajuda para internar no hospital psiquiátrico uma senhora com dependência química, paciente do CAPS-ad, porque esta abandonou familia e filhos, rejeita medicação e desaparece por semanas ou meses. Mora no Dirceu Arcoverde I.
Hoje fui informada do destino de um usuário acompanhado pelo Ninho, 22 dias no Sanatório Meduna e quinze dias no CAPS-ad, residente no São Pedro, a família mandou-o para o interior do Pará, para casa de uma irmã. Observo que há o hábito de algumas famílias enviarem usuários depois de uma crise para cidades do interior, onde não há nenhum recurso psiquiátrico, será que imaginam que a loucura é urbana?
Me pergunto se estas equipes de CAPS implantados a partir de 2005, com profissionais em sua maioria já com cursos, especializações patrocinados pelo programa de educação permanente e qualificação do SUS para a Reforma Psiquiátrica, estão dentro dos limites da intervenção das instituições públicas, CAPS fora do território dos usuários, não tem carro, ambulância, perua, nenhum meio de transporte para deslocamento. Será que podem usar o telefone? E os usuários têm telefones? Ao CAPS cabe a articulação da rede psicossocial de reabilitação e inserção social deste usuário sob condição psicótica. Encontrei um certificado de um seminário sobre saúde mental na atenção básica de setembro de 2004, coordenada por professora Lúcia Rosa, ela própria, salvo engano, ministrou curso diretamente para uma turma de agentes comunitários de saúde e no segundo semestre de 2007 na organização do curso Serviço Social e Saúde Mental, cuja grande temática era o trabalho em redes sociais, não conseguimos a fala das atuais coordenadoras do ainda Programa Saúde da Familia, do municipio e nem estadual.
É uma articulação imprescindível e complementar aos dois serviços na comunidade, enquanto isso não acontece. Fico aqui com minhas cismas como ficava quando era estagiária de Serviço Social do HAA, os braços desse serviço, que resolviam tudo para o usuário quanto a questão de direitos, acaba com alta. Não há um agente da condicional.

NA PÁGINA POLICIAL

DESAPARECIDO

Raimundo Nonato de Carvalho Antão, 39 anos, que sofre de esquizofrenia, residente na cidade de Pio IX, está desaparecido desde sábado em Teresina, quando se perdeu.
Informações pelos telefones:
9997-1036/9979-4761/9926-6677 e 9924-4755
Nota na página 7 do Diário do Povo do Piauí
25 de junho de 2009

terça-feira, 23 de junho de 2009

REUNIÃO DO NINHO: PRECISAMOS DE MAIS ASAS COM URGÊNCIA;PRIORIDADE PARA VOLUNTÁRIOS QUE USEM MEDICAÇÃO CONTROLADA

Nesta roda de conversa, faremos uma exposição do trabalho do Ninho, nestes dois anos. Uma prática espontânea que agora nos propomos sistematizar:padronizando um abordagem baseada nos pressupostos de saúde comunitária, na formatação de grupos de apoio, suporte e ajuda mútua. Apresentaremos casos para intervenção pelo grupo presente. Dia 27, sábado. 16:00 horas/ Centro Comunitário/final do Renascença 1/Porto Rico. Leve esteira ou almofada (Se possível), infelizmente, ainda não temos cadeiras. Somente hoje a sala ficou livre, companheiros alagados deixaram o espaço.
Contatos:
Edileuza -3081-7208/ 9402-4035/ 8824-6343
Lucinda - 9936-3544
Caitano - 9990-5998

domingo, 21 de junho de 2009

INTERNAÇÕES INVOLUNTÁRIAS: alguém em Teresina já ouviu falar dessa parte da lei 10.216/001


São Paulo e Rio têm sistemas precários para acompanhar internações involuntárias

Sábado,20 de de 2009 06:06

Oito anos de reforma da assistência a doentes mentais no País ainda não garantiram uma fiscalização adequada das internações psiquiátricas involuntárias, as que ocorrem contra a vontade do paciente. Isso porque ainda não há comissões fiscalizadoras de sua necessidade. A situação dá margem para que os direitos dos doentes sejam desrespeitados. Só na capital paulista, uma média de 14 pessoas foram internadas diariamente em hospitais psiquiátricos contra a própria vontade em 2008, um total de 5.055 indivíduos, segundo dados inéditos da instituição. As comunicações foram feitas ao Ministério Público do Estado de acordo com o preconizado pela Lei 10.216, que determinou, a partir de 2001, que as internações deveriam ser o último recurso terapêutico e que, se não houvesse consentimento do doente, deveriam ser levadas às promotorias em 72 horas. No entanto, apesar do esforço, o sistema de comunicação via internet só funciona na capital - no restante do Estado, é feito por papel. Também não existe, como previsto em portaria de 2002, uma comissão externa de médicos e outros profissionais para revisar as internações após sete dias, o que deveria ser implantado pelo governo estadual, com a possibilidade de participação de usuários dos hospitais psiquiátricos. Além disso, na maioria das vezes, não há dados específicos do diagnóstico. "Os promotores trabalham só mediante denúncia", reconhece o promotor Reynaldo Mapelli, responsável pela área de saúde do Centro de Apoio Operacional Cível. O próprio Censo Psicossocial dos Moradores em Hospitais Psiquiátricos - que levou em conta aqueles que estão há pelo menos um ano em hospitais -, trabalho inédito do governo paulista que será apresentado nesta semana, alerta que 77% das internações de 6.349 pacientes foram involuntárias. Entre as suas recomendações, reconhece a necessidade de criação da comissão revisora, além de todas as ações necessárias para acabar com pacientes moradores, situação que contraria a lei, pela qual instituições asilares são proibidas. Além disso, São Paulo não realizou nem mesmo a última avaliação dos hospitais psiquiátricos do Ministério da Saúde, o que ajudaria a ter um quadro mais atualizado sobre a qualidade da assistência. A secretaria informou que participará da próxima avaliação e que já discute implantar a comissão. A precariedade na fiscalização não é exclusividade paulista. "Aqui a comissão está instalada, mas não tem uma regularidade que eu possa dizer que seja a contento", admite o gerente de saúde mental do Estado do Rio de Janeiro, Marcos Gago, onde só a capital tem cerca de 2 mil internações involuntárias por ano e o Estado, 3 mil pacientes moradores. As comunicações chegam todas por papel ao Ministério Público fluminense. "O MP não consegue lidar com tantas informações. A questão da reforma não é acabar com as internações, mas dar qualidade a tudo isso", diz Gago. O Estado estuda criar comissões regionais. O controle das internações foi o meio de garantir o direito à cidadania dos doentes, explica Paulo Amarante, responsável pelo Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental e Atenção Psicossocial da Fundação Oswaldo Cruz. "Uma pessoa recolhida assim não tem visibilidade social e há risco de a internação ser feita por uma herança, por uma briga de casal", diz o especialista. Amarante acrescenta, no entanto, que não só as internações involuntárias como as voluntárias - que pela lei têm de ter termo de livre consentimento do paciente - deveriam ser fiscalizadas. "É muito nebuloso. Hospitais registram como voluntária para não ter burocracia." O especialista explica ainda que, como a lei não definiu qual seria o papel do Ministério Público na fiscalização, há uma diversidade de entendimentos. Em Pernambuco, por exemplo, o MP tem a prática de efetivamente visitar uma amostra das pessoas internadas, para verificar a real necessidade da hospitalização - hoje sabe-se que, com os remédios existentes, longas internações não são necessárias. Outras promotorias trabalham por meio de denúncia. Sérgio Tamai, responsável pela área de saúde mental da Federação de Hospitais do Estado de São Paulo, diz acreditar que a fiscalização é de difícil implementação, por causa do volume de internações. "É difícil traduzir isso em ações em São Paulo, por exemplo." Afirma ainda que os abusos não ocorrem com frequência. "Isso é ficção, coisa de novela", defende. O Ministério Público paulista só descobriu que uma clínica para dependentes de drogas em Embu Guaçu (a 47 km da capital) fazia internações ilegais após receber relatórios da vigilância sanitária e depois de familiares fazerem denúncias. O local não tinha sequer médico responsável, prontuários em branco, alimentos estragados, ratos e correntes nas portas. As internações involuntárias não eram registradas. Um dos donos da clínica, o ex-cantor Rafael Ilha Pereira, é investigado por suposto homicídio de um paciente que tentou levar à força para o hospital. Além disso, Ilha teria também tentado levar à força uma mulher supostamente usuária de drogas, que disse à polícia que foi o ex-marido que pediu que fosse internada, por vingança. "Não tínhamos conhecimento do que ocorria", diz a promotora Maria Gabriela Manssur. A clínica foi fechada recentemente e repassada a um terceiro. (informações do Estadão)

domingo, 14 de junho de 2009

VIVA OS OBLONGS!!!!!!!!!!

Caminhada da Acessibilidade, sábado, 13 de junho.
APOIO:
AMA, APAE, APADA, AMH,NANISMO,CEIR,ASTE,ASCAMTE,ACEP,SOADF,CIES,PESTALOZZI,LAR RENASCER,FCD,
ANA CORDEIRO,AOSEPI. Isso estava escrito nas camisetas, mas estavam presentes o grupo Matizes, OAB, CAS, eu estava lá como mãe de surda, Flora Isabel, Nazareno Fonteles e outros representantes governamentais.
13 de junho é o dia Nacional da Pessoa com Deficiência, as leis já existentes que beneficiam os PPDs não nos protegem. Continuamos inimputáveis ou presos no manicômio. As outras deficiências tem cotas nos concursos, nós temos que provar que estamos em plena sanidade mental, passando por junta médica psiquiátrica depois de aprovados. Melhor dizer que está tudo bem. Nos esconder como noutro filme de bonecos esquisitos programados para se esconder, lutar jamais, de um exército de outros bonecos normais, soldados tipo Rambo programados para exteminar-los.

Acaba de sair um livro importante para o movimento em defesa dos direitos de gays e lésbicas. É a nova publicação da Fundação Perseu Abramo, Na trilha do arco-íris: Do movimento homossexual ao LGBT, de Júlio Assis Simões e Regina Facchini.

*****

Não posso deixar de registrar que recebi email da Associação Brasileira de Psiquiatria em apoio ao post sobre a homofobia. Quem conhece a história da psiquiatria sabe como isso é significativo. A ABP lançou um projeto de estudos sobre os efeitos da discriminação.


Essa postagem está no blog O Biscoito Fino e Massa

http://www.idelberavelar.com


ABP progressista, procurando o perdão de 500 anos, tal a igeja pediu perdão a Galileu. Mas acrescente-se aqui se um homossexual for pessoa com transtorno mental, a ABP defenderá que este seja tratado no manicômio ou no "hospital psiquiátrico humanizado". Conversa para boi dormir.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

CRÔNICAHAA


Essa banda é amiga do Ninho.

BELEZA TORQUATIANA : QUASE REGISTROS DE UM QUASE GRUPO

Querida Edileuza... eu sou de opinião que o que está nos adoecendo é EXATAMENTE o producionismo... alunos e professores vivem APENAS para isso no ambiente acadêmico. As vidas são colonizadas e totalmente saturadas pela instrumentalidade. Não há espaço na academia para a construção da subjetividade fora da pesquisa, do PIBIC, do artigo, do livro, do evento, do projeto... ARRRGHHH!!! Não há outro tipo de espaço para se respirar! E junto vem a competição, a disputa, as vaidades.... tudo que conhecemos muuuuito bem! Penso que o projeto tem de andar CONTRA essa maré, sendo um espaço onde circulem outros ares, que propicie relações empáticas, amistosas. Que a arte, a poesia, a filosofia puxem esse carro... Que o fazer traduza o ser em completude, realize o estar no mundo de modo mais sereno e satisfatório... Que consigamos nos orientar pelo bem estar que procuraremos ajudar a estabelecer para os que buscarem o serviço. Esse será o grande resultado que buscaremos!!! Sem pensar no nosso currículo profissional, mas na nossa saúde,... devemos nos juntar para enfrentar de modo saudável e alternativo o sufoco diário, para construir ou ajudar lugares de vida na UFPI... coisas desse tipo. Assim, acho que no máximo cabe aí o estágio obrigatório de alunos... uns poucos. Pelo menos por um bom tempo, enquanto nos segurarmos nas nossas próprias pernas e percebemos melhor onde estamos pisando. Vejam, não sou contra que articulemos pesquisa e extensão. Eu trabalho assim em outras iniciativas... É que esse caso, em particular, é diferente. Estamos lidando justo com a ou uma das mais importantes razões do adoecimento ou desencadeamento do adoecimento. Quanto ao dinheiro, vc tem razão... tudo será difícil mesmo! Mas acho que temos de buscar de outras maneiras... vamos pensar. Podemos começar com menos atividades e ir sensibilizando as pessoas internas e externas. Se a gente conseguir demonstrar a gravidade da coisa, acho que mobilizamos mais facilmente a PREG, a PREX e a PRAEC... [...]
Amada Valéria, rolaram aqui algumas questões:
1. Ambiente enlouquecedor: a universidade, o trabalho, a família, o ônibus, o carro velho, o carro novo (euforia, um perigo p/ bipolares) tudo na racionalidade capitalista é enlouquecedor.
2. Loucos produtivos: tudo que nós queremos ser, se a "normalidade", se a racionalidade das instituíções nos permitíssem. Tenho formação em Ciências Sociais, Serviço Social, Terapia Comunitária, Especialização em Metodologias do Ensino, dezenas de minicursos, participação em congressos, sou membro do Conselho Deliberativo da ABRASME (Associação Brasileira de Saúde Mental) a mais bem votada para o biênio 2009/2010 e uma diretora adjunta, formada em biologia no período especial da UESPI, depois de um atestado médico psiquiátrico, disse eufemisticamente que eu era estressada e me tirou da sala de aula, com toda violência que alguns normais fazem com os loucos. E aí?
3. Nossa saúde é está com os sintomas leves ou em remissão. Medicação e muita terapia, vida regrada, disciplina monástica como a minha. E produtiva. Difícil, amiga.
4. Louco também gosta de dinheiro, poder, reconhecimento, quer publicar livro... não tem porque você agir de forma diferente das suas outras iniciativas. Não somos psicóticos da "bolha de plástico", nem todo louco é artista ou curte filosofia. Criar uma redoma zen dentro da UFPI para enfrentar o sufoco diário é um trabalho de Hércules. Já tentei criar tantos grupos de apoio, essa é a terceira vez na UFPI... minhas idéias são simples: apoio, suporte e ajuda-mútua. Com mais experiência nestes dois anos de Ninho, sistematizei o Curso de sensibilização: Amigo cuidador e a automonitoração dos sintomas. [...]

MOVIMENTO UNIVERSITÁRIO DE SAÚDE MENTAL

Hoje não fui a Biodança e nem ao centro espírita. Amigos do Ninho para visitar. Fiz relaxamento à tarde com mantras e aromaroterapia com alfazema. Bom. Fui a um show de rock acompanhando as mães dos jovens ( quase meninos) músicos. O vocalista é um filho do coração. Mas companheiros bipolares sabem da turbulência de nossa inquieta mente. Vendo aqueles meninos no palco de um pequeno teatro, lembrei muito da minha época de universidade. Movimento negro, movimento de mullheres, diretório central dos estudantes (DCE), meu grupo criou a coordenação de etnia e gênero no então movimento estudantil local, fez o primeiro encontro de mulheres estudantes do Piauí e participou da criação do núcleo de pesquisas em africanidades, Ifaradá. Bons tempos. Meados da década de 90, fomos pioneiros em muitas discussões.
Há um ano mais ou menos relatei aqui no blog sobre estudantes universitários que vivem com transtornos mentais e suas dificuldades de permanência no curso, reprovação, rendimento escolar baixo e por consequência a não acessibilidade a carreira acadêmica enquanto discente como a participação em monitorias, bolsas de iniciação científica, estágios, etc. E não há por parte da UFPI uma sensibilização efetiva que facilite a inclusão e permanência destes alunos nos cursos com níveis aceitáveis de aproveitamento acadêmico. Um esquizofrênico ou um bipolar sem acompanhamento específico leva dez ou mais anos para terminar uma graduação. É dinheiro público disperdiçado, é preciso que a instituíção enquanto "escola inclusiva" invista em opções alternativas para auxiliar esses estudantes, diminuindo esse tempo de conclusão de curso e formando profissionais pessoas com transtornos mentais com possibilidades reais de produtividade no mundo do trabalho.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM SAÚDE MENTAL

A Gerência de Saúde Mental da SESAPI promove em três módulos o Curso de Atualização em Saúde Mental, acontecendo o primeiro módulo 18 e 19 de junho com as temáticas:
Políticas de Saúde Mental e da Família
Apoio Matricial
Projeto Terapêutico
Os professores deste módulo são Tânia Grigolo, Lúcia Rosa e Ana Pitta
O Ninho recebeu uma vaga para inscrição. O curso aqui em Teresina terá 150 participantes, vindos de vários municípios.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

TERESINA GANHARÁ MAIS DOIS CAPS AINDA ESTE ANO:SERÁ?

“As doenças da alma ganham cada vez mais importância e o poder público precisa estar preparado para lidar com essa realidade. É isso que estamos procurando fazer”, justifica Firmino Filho. Ele lembrou que o encontro é o primeiro passo no sentido de aliar a estratégia da saúde da família ao tratamento de pessoas com doenças mentais, dentro da nova filosofia da saúde brasileira, de tratar os pacientes no seu ambiente familiar em vez dos manicômios.
Firmino Filho, presidente da Fundação Municipal de Saúde
Portal 45 graus,08.06.200

A expressão "doenças da alma" é da época de Charcot, ou mesmo de Pinel? Quando a depressão era chamada de melancolia. Era até mais simpático, né? Depressão caiu no senso comum, virou eufemismo para loucura.
Esses CAPS serão abertos onde? Nos territórios daqueles que usam o sistema único de saúde, as periferias? E o treinamento de pessoal? Vem doutores concursados, com toda objetividade acadêmica atrás de sentar num consultório e encontram a subjetividade do louco, crítica e produtiva, artitísca e irreverente. Loucos pela vida.
É um processo de construção de uma nova cultura de horizontalidade que tanto incomoda alguns psiquiatras, profissionais que quando competentes terapeutas e sensíveis humanistas são sim,imprescindíveis. Esperemos que venham os serviços e cá estamos para cobrar qualidade.

domingo, 7 de junho de 2009

DESAFORO

Lendo a postagem abaixo, pergunto em que momento o familiar foi agredido. A moça que se identifica como trabalhadora de CAPS, coisa que o familiar parece não conhecer e seus resultados na vida de outros familiares, e esta convida- o a conhecer um desses serviços.
Existe resmas e resmas de papéis escritos sobre o controle social no SUS, cartilha do usuário. O SUS paga exames, procedimentos caríssimos que muitas vezes o beneficiado é aquela pessoa que tem dinheiro e não enfrenta como a maioria o atendimento precário no postinho da Fundação Valter Alencar, sob o sol de Teresina, aqui no Renascença, meio dia para marcar consulta e os médicos não aparecem, e está lá a placa do SUS. Não deve ser diferente nas periferias Brasil afora.
Quanto a saúde mental, acabou a sangria de dinheiro público para hospital psiquiátrico com péssima hotelaria e maus tratos a pacientes. Isso incomoda aos trabalhadores de mais de 30 anos de manicômio, pessoas "crônicas", de olhar cronificado. A reforma psiquiátrica brasileira é um processo histórico. Está acontecendo, se solidificando. São Paulo acaba de ser obrigado há abrir mais CAPS, residências terapêuticas, etc. Não haverá retrocesso.
DESAFORO é mandar comentários para meu blog defendendo pessoas manicomiais, seja quem for, é não respeitar uma sobrevivente. NÃO PUBLICO.

Prezado Ferreira Gullar

Certa vez você escreveu assim:



Traduzir-se

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?



Quero acreditar que quem escreveu a coluna deste domingo de páscoa tenha sido apenas uma parte de você. Uma parte que não conhece os enormes avanços que a Reforma Psiquiátrica Brasileira e a lei (à qual você se refere como idiota), puderam fazer na vida e na história dos milhares de familiares e usuários com os quais lidamos no nosso dia-a-dia de trabalhadores da Saúde Mental. Antes desta lei - que não foi daquelas que surgiu de traz da orelha de um cretino qualquer, mas resultado de um processo de mais de 10 anos de discussão, luta, enfrentamentos e negociações - familiares e pacientes tinham no manicômio único modo de ter e oferecer "tratamento" para suas loucuras ou doenças mentais. A mesma parte que desconhece que existem sim em nosso País e em outros: manicômios - com este nome ou com outros mais amenos - que continuam a ferir direitos mínimos aos seus "frequentadores", manicômios que ainda mantêm pessoas encarceradas por 20, 30 ou mais anos, condenadas à reclusão simplesmente pelo fato de serem doentes mentais.


Não quero acreditar que um poeta sensível como você consiga enxergar na doença de seus filhos somente pessoas dispostas a matar ou morrer quando estão em crise, outra parte de você, certamente, conhece muitas outras facetas e singularidades que só quem convive de perto com a esquizofrenia ou outras doenças mentais pode experimentar. Por isso minha carta é um convite... um convite para que você escute a outra parte de si mesmo e desta história que você conta de maneira rasteira e parcial, uma história que tem lá suas dificuldades e imperfeiçoes (e bem sabe você que num mundo perfeito não haveriam poetas) mas é uma história bonita e legítima e que merece no mínimo respeito. Convido outra parte de você a conhecer um CAPS (ou serviço deste tipo) e escutar o depoimento de usuários e familiares que lá frequentam, e que puderam mudar suas histórias por causa das transformações que esta lei provocou em suas vidas. Uma parte de você também não sabe que a hospitalização, de qualquer natureza, não é mais a única solução para as chamadas crises, existe muito mais a ser fazer...Outra parte de você também ficaria encantado em saber que esta lei contruiu muito mais coisas do que descontruiu, descontruiu os manicômios, mas construiu um sem número de outras possibilidades, dispositivos, formas de tratamento, além de muita arte, música e poesia...Creio sinceramente que quem escreveu este artigo é a parte de você que ainda não conheceu a outra parte da história...então venha conhecê-la, tenho certeza de que nenhuma parte de você irá se arrepender.



saudações antimanicomiais



Rita de Cássia de A. Almeida

Juiz de Fora/MG

trabalhadora de CAPS e militante da reforma psiquiátrica brasileira há 12 anos.

14 de Abril de 2009 05:29

Excluir

PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.