Toda a imprensa hoje em Teresina, nos jornais e telejornais se mobilizava, entrevistava médicos e gestores sobre a transferência imediata do pronto socorro do HGV (Hospital Getúlio Vargas) para o "histórico, esperado e recém-inaugurado" HUT (Hospital de Urgência de Teresina), ou pronto-socorro da prefeitura. Para nós população, fica as variadas falas: não tem estrutura, do jeito desumano, em cochonetes no chão, no corredor, paciente "comprando" maca no PS do HGV e os leitos recém construídos confortáveis é que não pode ficar. Os médicos não aceitam as condições de pagamento da prefeitura, o prefeito não quer pagar os médicos como deveria. Eles já abriram mãos de muitas vantagens, em assembléia geral da categoria (???). E o ministério público avisa que omissão de atendimento é crime. E daí, o parente já morreu, perdeu a perna, etc.
... ENQUANTO ISSO NA SAÚDE MENTAL
. Estive ontem no meu psiquiatra, o de sempre, consultório pequeno, lotado, mais de 20 pacientes para nove cadeiras na ante-sala de espera.
. Estive hoje com minha filha surda numa clínica de otorrino. Pertence a quatro donos, tem vários ambientes climatizados, decorados com o bom gosto da fotografia de Antônio Quaresma, até no banheiro. Um parquinho infantil com vários brinquedos, internet (dois computadores), jogos eletrônicos, uma lanchonete de boa qualidade, várias televisões de plasma espalhadas pelas paredes dos ambientes, jornais do dia. E um excelente atendimento por parte das funcionárias. Que inveja! Minha filha só precisa repetir a audiometria uma vez por ano.
.Uma amiga ontem, outra hoje, me falam de certa colega nossa, com duas graduações, que está em crise psicótica, delirando (falando besteira) segundo elas. Me pedem segredo. Perguntam sobre o que fazer. Ora, santo desconhecimento, sobre as questões de saúde mental! Se alguém está delirante, fazendo coisas bizarras, tirando a roupa em qualquer lugar, com mania de perseguição, é necessário uma intervenção psiquiátrica. Só ter pena de alguém que "era bom do juízo" e perdeu a sanidade não resolve. O que nós gostaríamos é que essa intervenção fosse feita por uma boa equipe de CAPS. Aí, eu lembro de apaixonante texto dos italianos Giuseppe dell Àcqua e Roberto Mezzina, psiquiatras do Serviço de Saúde Mental de Trieste, Resposta à crise: Estratégia e intencionalidade da intervenção no serviço psiquiátrico territorial.
Eles dizem no tópico O Contato, que muitas vezes "não se consegue ativar os mecanismos que poderiam aliviar a carga dramática da situação e isso, de modo geral, diz respeito a quem é mais sozinho, com menores recursos, com menores meios cognitivos e de relação com o mundo externo. Pode então acontecer que a pessoa, de maneira obstinada, recuse a contato e tenda a isolamento maior. O serviço deve, a este ponto, multiplicar as "banais" estratégias de aproximação: telefonemas, envio de mensagens por baixo da porta, envolvimento de outros sujeitos (como amigos, o padre, o guarda civil, o encanador, etc.) ou mesmo buscar o encontro em locais diversos." Poderíamos até ser mais criativos, importante é que a amiga da amiga, intelectual, com família pequena, possa receber ajuda que amenize seu sofrimento psiquíco. Nesse momento sonho com a construção de um movimento de usuários pautado no suporte e ajuda mútua. Sem rabo preso aos serviços.
. A imprensa não falou mais sobre o fechamento ou não do Sanatório Meduna, que continua com seus leitos lotados. O Hospital Areolino de Abreu está reformando o espaço da urgência/emergência. Não consegui identificar quem serão os maiores beneficiados, funcionários que agora terão proteção de vidro e telas em todas as situações de contato com o paciente ou se tem alguma coisa que esteja sendo reformada para o conforto dos que ali adentram em situação de emergência. Preciso voltar lá no final da obra. Preciso saber de o Ministério Público tomou conhecimento? Se a obra está de acordo com normas de humanização preconizadas para urgências/emergências, previstas pelo Humaniza-SUS.
. Pois é...
... ENQUANTO ISSO NA SAÚDE MENTAL
. Estive ontem no meu psiquiatra, o de sempre, consultório pequeno, lotado, mais de 20 pacientes para nove cadeiras na ante-sala de espera.
. Estive hoje com minha filha surda numa clínica de otorrino. Pertence a quatro donos, tem vários ambientes climatizados, decorados com o bom gosto da fotografia de Antônio Quaresma, até no banheiro. Um parquinho infantil com vários brinquedos, internet (dois computadores), jogos eletrônicos, uma lanchonete de boa qualidade, várias televisões de plasma espalhadas pelas paredes dos ambientes, jornais do dia. E um excelente atendimento por parte das funcionárias. Que inveja! Minha filha só precisa repetir a audiometria uma vez por ano.
.Uma amiga ontem, outra hoje, me falam de certa colega nossa, com duas graduações, que está em crise psicótica, delirando (falando besteira) segundo elas. Me pedem segredo. Perguntam sobre o que fazer. Ora, santo desconhecimento, sobre as questões de saúde mental! Se alguém está delirante, fazendo coisas bizarras, tirando a roupa em qualquer lugar, com mania de perseguição, é necessário uma intervenção psiquiátrica. Só ter pena de alguém que "era bom do juízo" e perdeu a sanidade não resolve. O que nós gostaríamos é que essa intervenção fosse feita por uma boa equipe de CAPS. Aí, eu lembro de apaixonante texto dos italianos Giuseppe dell Àcqua e Roberto Mezzina, psiquiatras do Serviço de Saúde Mental de Trieste, Resposta à crise: Estratégia e intencionalidade da intervenção no serviço psiquiátrico territorial.
Eles dizem no tópico O Contato, que muitas vezes "não se consegue ativar os mecanismos que poderiam aliviar a carga dramática da situação e isso, de modo geral, diz respeito a quem é mais sozinho, com menores recursos, com menores meios cognitivos e de relação com o mundo externo. Pode então acontecer que a pessoa, de maneira obstinada, recuse a contato e tenda a isolamento maior. O serviço deve, a este ponto, multiplicar as "banais" estratégias de aproximação: telefonemas, envio de mensagens por baixo da porta, envolvimento de outros sujeitos (como amigos, o padre, o guarda civil, o encanador, etc.) ou mesmo buscar o encontro em locais diversos." Poderíamos até ser mais criativos, importante é que a amiga da amiga, intelectual, com família pequena, possa receber ajuda que amenize seu sofrimento psiquíco. Nesse momento sonho com a construção de um movimento de usuários pautado no suporte e ajuda mútua. Sem rabo preso aos serviços.
. A imprensa não falou mais sobre o fechamento ou não do Sanatório Meduna, que continua com seus leitos lotados. O Hospital Areolino de Abreu está reformando o espaço da urgência/emergência. Não consegui identificar quem serão os maiores beneficiados, funcionários que agora terão proteção de vidro e telas em todas as situações de contato com o paciente ou se tem alguma coisa que esteja sendo reformada para o conforto dos que ali adentram em situação de emergência. Preciso voltar lá no final da obra. Preciso saber de o Ministério Público tomou conhecimento? Se a obra está de acordo com normas de humanização preconizadas para urgências/emergências, previstas pelo Humaniza-SUS.
. Pois é...
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