Nilo Neto mantinha em seu blog Antimanicomial a frase "Um surto sempre é possível"... eu acho que andamos sempre sobre o fio da navalha, nós psicóticos. Há um medo constante de passar para o lado de lá, ou seja, o lado que a insanidade está calma, te esperando. Havia na minha caixa de mensagem um pedido de ajuda (infelizmente antigo, não tenho tido tempo de acessar), um jovem esquizofrênico dizia que após seis anos de tratamento, o médico lhe informava que ele estava apto para o trabalho. Então, angustiado ele pedia ajuda: se os sintomas voltassem mais fortes, outra crise, se... se... que medo temos dessa mente que constantemente nos engana, que dribla o poder das medicações, das psicoterapias, da fé. E assustadoramente nos incapacita não só para o trabalho, mas para o amor, se um surto sempre é possível, o único amor possível, cheio de medos e auto-piedade e piedade pelo outro. Talvez ser cuidado, mas há um auto decreto da incapacidade de cuidar do outro. Normal, da norma racional da vida. Dois doidos é uma loucura!
Viver constantemente com a previsão da possibilidade de um surto é "paranóia" ou um auto cuidado? Pessoas que vivem com transtornos mentais, trabalham, criam filhos, estudam, enfim que se expõe o stress da vida cotidiana, evidentes que terão uma possibilidade maior de adoecerem. Agora dá para entender as preocupações do rapaz, vivemos numa sociedade que ainda não está preparada para aceitar nossas limitações, principalmente o mundo do trabalho.
Nos últimos anos criou-se uma cultura da diversidade e inclusão de pessoas com necessidades especiais. Rampas para cadeirantes, sinal de trânsito sonoro para cegos, popularização da língua brasileira de sinais, etc... Na área da saúde mental, talvez porque infelizmente, historicamente somos tutelados, não protagonistas de nossa própria defesa, o preconceito, auto-preconceito prevalece e o medo. Um medo que nos congela, "pânico" de não sermos capazes, mesmo que tenhamos talento, criatividade, iniciativa, mas estamos cá, do lado da normalidade, ansiosos ( tomando nosso santo ansiolítico ), esperando a vida passar. Quem sabe depois do quarenta consigamos casar?
Viver constantemente com a previsão da possibilidade de um surto é "paranóia" ou um auto cuidado? Pessoas que vivem com transtornos mentais, trabalham, criam filhos, estudam, enfim que se expõe o stress da vida cotidiana, evidentes que terão uma possibilidade maior de adoecerem. Agora dá para entender as preocupações do rapaz, vivemos numa sociedade que ainda não está preparada para aceitar nossas limitações, principalmente o mundo do trabalho.
Nos últimos anos criou-se uma cultura da diversidade e inclusão de pessoas com necessidades especiais. Rampas para cadeirantes, sinal de trânsito sonoro para cegos, popularização da língua brasileira de sinais, etc... Na área da saúde mental, talvez porque infelizmente, historicamente somos tutelados, não protagonistas de nossa própria defesa, o preconceito, auto-preconceito prevalece e o medo. Um medo que nos congela, "pânico" de não sermos capazes, mesmo que tenhamos talento, criatividade, iniciativa, mas estamos cá, do lado da normalidade, ansiosos ( tomando nosso santo ansiolítico ), esperando a vida passar. Quem sabe depois do quarenta consigamos casar?
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