NISE DA SILVEIRA E A REFORMA PSIQUIATRA: COPIA PIAUÍ!!
Museu de Imagens do Inconsciente
Histórico
Inaugurado em 20 de maio de 1952, o Museu de Imagens do Inconsciente é
uma criação da psiquiatra Nise da Silveira (1906 - 1999), fruto de seu
trabalho no Centro Psiquiátrico Pedro II (atual Instituto Municipal de
Assistência à Saúde Nise da Silveira), no bairro do Engenho de Dentro,
Rio de Janeiro, no qual passa a trabalhar em 1944. Um "centro vivo de
estudo e pesquisa", na definição da médica, que reúne acervo das
pinturas, desenhos e esculturas dos freqüentadores do Setor de Terapia
Ocupacional e Reabilitação - STOR, por ela dirigido entre 1946 e 1974.
Recusando os tratamentos psiquiátricos tradicionais, Nise da Silveira
lança mão das teorias da antipsiquiatria, da psicologia de Carl Gustav
Jung (1875-1961) e dos desenvolvimentos na área específica da teoria
ocupacional para a recuperação dos doentes mentais. Enfatizando a
importância do contato afetivo e da expressão criativa no processo de
cura, ela abre uma série de ateliês no interior do STOR - encadernação,
música, modelagem, pintura, teatro etc. -, orientando os monitores a não
interferirem na produção dos pacientes. Em 9 de setembro de 1946,
precisamente, começa a funcionar o ateliê de pintura - embrião do museu -
supervisionado pela própria médica e pelo pintor Almir Mavignier
(1925). O Museu de Imagens do Inconsciente continua existindo até hoje
graças à "Sociedade dos Amigos do Museu do Inconsciente", à sua fama
internacional e ao sucesso artístico de muitas obras e artistas.
Nascida em Maceió e formada pela Faculdade de Medicina da Bahia, em
1926, Nise da Silveira começa sua carreira como psiquiatra no Hospital
da Praia Vermelha, hoje Pinel, no Rio de Janeiro, em 1933. Durante a
Revolta Comunista de 1935, é presa por ser simpatizante do movimento.
Por um ano e quatro meses, permanece na Casa de Detenção, onde conhece o
escritor Graciliano Ramos (1892 - 1953), que faz referências a ela em
seu livro Memórias do Cárcere. Em 1944, volta à ativa como psiquiatra,
no Centro Pedro II, no Engenho de Dentro. O êxito de seu trabalho com os
doentes e a criação de uma equipe, levam-na a projetar a Casa das
Palmeiras, inaugurada em 1956, para dar suporte aos egressos do hospital
psiquiátrico. Nessa instituição independente de convênios, espécie de
"território livre", a doutora Nise amplia seu método de trabalho,
ancorado na atividade criadora, na articulação entre razão e sentimento,
corpo e psique. Se a arte ocupa lugar central na prática terapêutica
empregada, a intenção não é, nem nunca foi, segundo ela, produzir obras
de arte nem artistas, mas oferecer caminhos para que os doentes exprimam
seus conflitos internos por meio de uma linguagem simbólica. Com portas
e janelas abertas, sem enfermeiros nem profissionais de jalecos,
repleta de bichos - seus "co-terapeutas" -, a Casa das Palmeiras
representa uma experiência inédita no campo da psiquiatria. A
instituição funciona em sua terceira sede - hoje na rua Sorocaba, no
bairro de Botafogo. Dos pacientes que por ali passam, a maior parte não
retorna ao hospital psiquiátrico.
Apesar do cuidado da doutora
Nise em não emitir juízos artísticos sobre as obras produzidas, mas em
se concentrar nos problemas científicos levantados por essas produções,
os trabalhos realizados, primeiro no STOR e depois na Casa das
Palmeiras, são acolhidos com entusiasmo pelo meio artístico da época. As
visitas regulares do crítico Mário Pedrosa (1900 - 1981) ao ateliê de
pintura - levando até lá escritores e artistas como o poeta Murilo
Mendes (1901 - 1975), os pintores Ivan Serpa (1923 - 1973) e Abraham
Palatnik (1928), além do diretor do Museu de Arte Moderna de São Paulo -
MAM/SP, Léon Dégand (1907 - 1958) - são responsáveis por uma série de
exposições dos pintores do Engenho de Dentro. Em 1947, o salão do antigo
Ministério da Educação e Cultura recebe 245 trabalhos. Mário Pedrosa,
em artigo publicado no Correio da Manhã, em sete de fevereiro de 1947, é
enfático em relação à qualidade das obras: "(...) ninguém impede que
essas imagens sejam, além do mais, harmoniosas, sedutoras, dramáticas,
vivas ou belas, enfim constituindo verdadeiras obras de arte". Em 1949,
nova mostra, desta vez no MAM/SP: 9 Artistas do Engenho de Dentro,
reunião de trabalhos selecionadas por Dégand. Nova reação entusiasmada
de Pedrosa, em 1950: "Os artistas do Engenho de Dentro superam qualquer
respeito a convenções acadêmicas estabelecidas e quaisquer rotinas da
visão naturalista e fotográfica. Em nenhum deles as receitas da escola
são levadas em consideração". Em 1950, obras do museu são expostas em
Arte Psicopatológica, no 1º Congresso Internacional de Psiquiatria, em
Paris. Em 1957, é o próprio Jung quem inaugura uma exposição de pinturas
de imagens do Museu do Inconsciente, no 2º Congresso Internacional de
Psiquiatria, em Zurique.
O trabalho de Nise da Silveira à
frente do Museu de Imagens do Inconsciente revela ao público uma série
de artistas e obras de valor inegáveis, embora muitas vezes difíceis de
serem classificados do ponto de vista do estilo. "Não sendo filiados a
quaisquer 'escolas' ", afirma a doutora Nise, "nossos pintores passam da
abstração ao figurativismo e vice-versa de acordo com sua situação face
ao mundo externo e suas vivências internas". Arthur Amora teve breve
passagem pelo hospital na década de 1940. Dos trabalhos iniciais -
cópias de caixas de dominós - parte para obras geométricas em
preto-e-branco, produzidas entre 1949 e 1951. Emygdio de Barros
(1895-1986), freqüenta o ateliê em 1947 e, a partir de então, não pára
mais de trabalhar: pinta cerca de 3.000 quadros, sobretudo paisagens de
cores vibrantes. Raphael (1912-1979), internado aos 19 anos, é o único
que havia estudado desenho, que é o seu forte: naturezas-mortas e
paisagens, objetos, plantas, figuras humanas. Adelina (1916-1984)
realiza pinturas e esculturas, em que predominam imagens femininas (a
"grande mãe", tema arquetípico nos casos clínicos de mulheres
psicóticas, segundo a doutora Nise). Os trabalhos de Isaac (1906-1966)
são eminentemente figurativos: paisagens e marinhas. Nas obras de Carlos
Pertuis (1910-1977), as formas aparecem emolduradas, os volumes
rigorosamente definidos em obras geométricas e composições complexas.
Fernando Diniz (1918-1999), um dos artistas mais célebres do grupo,
pinta letras, números, paisagens, interiores e composições geométricas.
O tema da casa - da casa onírica que jamais existe - é uma constante em
seu trabalho: o assoalho (que define as linhas básicas da composição),
os candelabros, poltronas, pianos, aquários etc. Diz ele: "Eu primeiro
fiz um pedaço de cada canto e depois juntei tudo num quadro só (...). É
como aprender as letras "a, e, i, o, u". A gente aprende uma por uma
para depois juntar e fazer uma palavra. As letras são mais fáceis de
juntar do que as imagens. As figuras são mais difíceis para ligar. As
letras a gente sabe logo, as figuras nunca se sabe totalmente".
Atualizado em 16/01/2009
Retirado de uma página no Facebook (sem referências da fonte original)
As atividades desenvolvidas nos espaços de Terapias Ocupacionais em nossos CAPS e hospital psiquiátrico de referência, HAA são apenas "ocupacionais". No momento da crise aguda e com uma medicação mais intensa, é bastante difícil para o paciente perceber, sentir a função terapêutica da ocupação. A agitação psicomotota e mental a medida que a crise vai debelando-se para moderada, leve e remissão continuada dos sintomas, o paciente em nossas T.O. s podem irem trançando cestas de palha ou nailon,pintando potinhos de cerâmica ou vidro, fazendo bijouterias, trabalhando com material reciclável... telas? Difícil vê-las ultimamente. Artesãos ou artistas plásticos, com a reabilitação psicossocial que meios a rede de saúde mental intersetorializada tem usado para que estes ganhem dinheiro com o talento descoberto nestes espaços?
PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO
POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.
Nenhum comentário:
Postar um comentário