Os oponentes alegam que a nova versão poderia estigmatizar condições como timidez extrema e permitir a prescrição desnecessária de drogas psicotrópicas
Você navega demais na internet? Brevemente, isso pode levado ao divã do psicanalista. A Associação Psiquiátrica Americana (APA) gerou controvérsia durante o lançamento de seu 5º Manual de Estatísticas e Diagnósticos de Desordens Mentais (DSM); considerado a “bíblia” dos sintomas psiquiátricos e da indústria da saúde mental nos EUA. Os oponentes alegam que a nova versão poderia estigmatizar condições como timidez extrema e, portanto, permitir a prescrição desnecessária de drogas psicotrópicas.
“É difícil ignorar a possibilidade de que o DSM-5 favorecerá os interesses da indústria farmacêutica”, disse Allen Frances da Duke University, à agência de notícias Reuters.
O DSM-5, como a nova edição é chamada, está agendado para ser lançado em maio de 2013 e poderá listar o “vício em internet” entre seus diagnósticos, entretanto, a APA informou que ainda está avaliando como abordar vícios não relacionados diretamente às drogas.
“O vício em jogos já mudou para essa categoria e existem outras desordens comportamentais, entre elas, o vício em internet, que serão consideradas como vícios propensos a ocupar essa categoria, conforme o acúmulo de informações resultantes de pesquisas”, informou a entidade em sua página eletrônica.
Especialistas afirmam que inúmeros diagnósticos novos são problemáticos, entre eles a “desordem desafiante opositora”.
“Isso indica basicamente crianças que dizem não a seus pais o tempo todo, mais que o frequente”, disse Pete Kinderman, do Instituto de Psicologia da Universidade de Liverpool, segundo a Reuters. “Conforme esse critério, muitos de nós diríamos que nossos filhos são mentalmente doentes”.
Pessoas que são excessivamente tímidas também poderiam ser diagnosticadas como doentes mentais, segundo as novas diretrizes, disse Kinderman.
David Elkins, presidente do Departamento Humanístico da Associação Americana de Psicologia, ajudar a lançar um abaixo assinado contra o novo manual que já acumulou mais de 11 mil assinaturas, segundo o canal de TV ABC News.
“A nossa principal preocupação é a introdução no manual de novas desordens que nunca foram consideradas DSM, antes de serem baseadas cientificamente”, disse ele.
“Não nos opomos ao uso de drogas psiquiátricas apropriadas quando resultam de diagnóstico real e crianças ou adultos necessitam de intervenções farmacêuticas”, acrescentou David. “Entretanto, nos preocupamos com crianças e idosos saudáveis que seriam diagnosticados com essas desordens e tratados com drogas psicotrópicas”.
“Nós achamos que isso poder ser muitíssimo perigoso”, concluiu ele.
O Dr. Allen Frances, que trabalhou na revisão do atual DSM-4, concorda que as mudanças propostas possam ser irresponsáveis.
“Você não quer inventar diagnósticos novos até que eles sejam provados de forma precisa, científica e tratados de forma efetiva para garantir a eficácia desses tratamentos”, disse ele, professor de psiquiatria da Duke University, segundo a ABC News. “Nenhum desses critérios são obedecidos no DSM-5”.
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