sábado, 18 de julho de 2009

MEU PAI QUER ME INTERNAR: INTERNAÇÃO NUNCA MAIS...

"Como a maioria dos cuidadores leigos não tem preparo e nem descanso para recompor-se na sua qualidadade e condição de cuidadores é comum encontrarmos cuidadores cansados, ansiosos e desesperados por estarem envolvidos com uma atividade que, no geral, tem pouca possibilidade de retorno/retribuição, sobretudo quando se trata de uma enfermidade sem cura, a exemplo do transtorno mental. Os cuidados diretos, contínuos e intensos, sem espaço para descanso do cuidador podem levá-lo à exaustão. Nesse sentido, não é incomum ser encontrado cuidadores mais "descompensados" do que o próprio portador de transtorno mental. A falta de preparo, o lidar com uma enfermidade desconhecida, como é o transtorno mental, no geral, leva o cuidador a ter medo do desconhecido, do comportamento imprevisível. Situações novas ou imprevisíveis abalam as certezas e as seguranças subjetivas dos cuidadores. Muitas vezes o cuidador não sabe interpretar ou avaliar uma circunstância que ainda está indefinida, como é o caso do inicio do transtorno mental. [...] Os trabalhadores em saúde devem está atento para vários fatores. Há uma tendência de haver uma sobrecarga do cuidado em um único cuidador. Isto é, no grupo familiar, geralmente, uma única pessoa assume o cuidado do portador de transtorno mental, sem lazer, descanso ou divisão de tempo com outra pessoa. [...] O cuidado de um portador de transtorno mental envolve como visto, riscos, de várias dimensões, inclusive de exaustão do cuidador. É um tipo de trabalho que envolve um intenso jogo de poder, pois o portador de transtorno mental, muitas vezes não reconhece como enfermo e não aceita ser cuidado. O cuidador pode ser superprotetor, coibindo ações no sentido de autonomia do portador de transtorno mental. [...] Assim, é importante que os trabalhadores de saúde construam estratégias de acolhimento, preparo e, por que não (?) - lazer também para os cuidadores."
Orientações Básicas para Trabalhadores em Saúde Mental
Rosa, Lúcia Cristina dos Santos. Organizadora. Teresina:EDUFPI, 2003,62P.

MEU PAI QUER ME INTERNAR. O que fazer?
Procure sua equipe de CAPS e peça que seu técnico de referência faça uma visita a sua casa e converse com sua família. Se pergunte quais impactos seu transtorno nesse momento causa a sua familia? Junte com um técnico, um psicológo cognitivo tente estabelecer um plano de colaboração e faça uma negociação com sua família. E o mais, tenha muita paciência com pessoas normais. Explique tudo direitinho. Em alguns casos elas podem ser "periculosas" para nós loucos.
Equipe do Ninho
GRUPOS DE APOIO E SUPORTE EM SAÚDE MENTAL NO MARANHÃO?
Preciso de uma informação: minha mãe tem uma prima que mora em São Luís e tem um filho e um neto que ela criou, ambos com transtornos mentais. Eles são muito trabalhosos, e a família, querendo ajudar, atrapalha, com excessos de superproteção, por exemplo. No Maranhão não há esse tipo de atendimento do qual você participa aí no Pauí. Certa vez o filho dela foi internado à força (não se conseguia controlá-lo) ele criou grande ódio da mãe e faz de tudo para atormentá-la.
Ao saber de sua luta, tive um pensamento: será que há esperança de ajuda no PI para esses pobres seres? Você não imagina como sofre nossa pobre prima.
Diga-me se há aí, do seu conhecimento, algum tipo de atendimento que possa pelo menos orientar uma mãe desesperada. Aguardo.
AMPLIANDO A REDE: Alguém pode informar-nos onde encontrar no Maranhão em São Luis ou
proximidades, serviços abertos com boa equipe de CAPS ou grupos de ajuda mútua e apoio que possa ajudar esses usuários e familiares? Para que se mantenham em seu território, não tendo que se deslocar como sempre foi feito para tratamento em nossos hospitais psiquiátricos, que continuam recebendo pacientes do Maranhão, Pará, Tocantins, etc.
DESINSTITUCIONALIZAÇÃO/DESCONSTRUÇÃO/DESCRONIFICAÇÃO
Uma amada amiga, trabalhadora de longa data na saúde mental organizava uma atividade para ensinar a família a reconhecer os sintomas de crise dos pacientes, constatando que estes só chegavam ao hospital em adiantado estado sintomáticos. Ora, não seria melhor, trabalhar antes com estes pacientes a automonitoração dos sintomas. Onde o respeito a subjetividade da pessoa que vive com transtorno mental? Professora Lúcia Rosa questionava em evento de formação em saúde promovido semana passada pela Residência Multiprofissional em Saúde da Família -UESPI, as inúmeras capacitações a que são submetidos os profissionais desta área mas que não tem havido um retorno significativo nas mudanças de práticas. Trata-se concluo eu, de um processo de formação de uma nova subjetividade também para este trabalhador em saúde mental, lento, complexo, histórico e que o movimento de usuários com sua identidade construída a partir da luta antimanicomial e tomada de posição dentro de uma diversidade humana socialmente aceita, pode e muito contribuir para a prevalência da desinstitucionalização definitiva de práticas e formas de pensar.

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PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.