sábado, 11 de julho de 2009

HOMOAFETIVIDADE E SAÚDE MENTAL

Loucos

Diferente do Brasil, em inúmeros países do mundo a preocupação com a inter-relação entre homossexualidade e doenças mentais é prioridade entre aquelas que assombram governantes e movimentos sociais que lutam pelos direitos LGBT - entre eles o direito à saúde. Por aqui, as sequelas da rejeição familiar e aquelas provocadas pela homofobia institucional, notadamente em órgãos públicos (escola, sistema de saúde, justiça e segurança pública, entre outros) não são abordadas com a atenção que o assunto requer, seja por preconceito ou pela própria aspereza e delicadeza do tema.

Não resta dúvida que a loucura está entre nós. Não por acaso, os homofóbicos nos tratam de "bichas loucas" e nos fazem vítimas de suas próprias insanidades quando nos matam pretendendo matar em si aquilo que nós representamos. Somos vítimas de distúrbios psicossociais provocados pela violência doméstica e pelos crimes de ódio e necessitamos de ajuda psicológica para lidar com o estigma associado ao fato de sermos uma minoria sexual ou aqueles decorrentes da decisão de sairmos do armário e assumirmo-nos gays.

O movimento LGBT propala as virtudes do "coming out" e incentiva a saída do armário como uma das formas de se evitar os distúrbios mentais causados por uma vida paralela em segredo. A estratégia brasileira investe na promoção de um ambiente de aceitação, respeito e acolhimento que não justifique mais o medo de se viver plenamente nossa autêntica orientação homossexual. Além de fazer bem à saúde, principalmente à saúde mental, assumir-se gay colabora para que as pessoas nos vejam e reconheçam como parte integrante do composto social. E só seremos vistos quando deixarmos de ter medo de nos mostrar.

Entre nós encontramos altas taxas de doenças mentais crônicas ou agudas que variam de ansiedades provocadas pela vida dupla e secreta, depressões prolongadas relacionadas ao isolamento social, baixa autoestima e neuroses advindas da não realização de nossa identidade sexual, alem de vários outros efeitos que quando combinados com outras doenças, como o câncer ou a Aids, podem se tornar exponencialmente mais graves. Pesquisas comprovam que, na América Latina, a ideia de suicídio entre homens que fazem sexo com homens soropositivos é 35% maior que na população em geral.

Está na hora de enfrentarmos a questão, principalmente o uso de álcool e drogas, seja por recreação ou dependência, como um problema de saúde que tem sua origem na homofobia e consequências diretas no nosso comportamento e atitudes diante da vida.
Camisinha sempre!

Osvaldo Braga, O Tempo
11.07.2009


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