sexta-feira, 12 de outubro de 2007

A DOIDA

A noite passa, noivando
Caem ondas de luar.
Lá passa a doida cantando
Num suspiro doce e brando
Que mais parece chorar!

Dizem que foi pela morte
D`alguém, que muito lhe quis
Que endoideceu. Triste sorte!
Que dor tão triste e tão forte!
Como um doido é infeliz!

Desde que ela endoideceu,
(Que triste vida, que mágoa!)
Pobrezinha, olhando o céu,
Chama o noivo que morreu,
Com os olhos rasos d´água!

E a noite passa, noivando.
Passa noivando o luar:
"Num suspiro doce e brando,
Pobre doida vai cantando
Que esse teu canto, é chorar!"

Florbela Espanca, poetisa portuguesa, apaixonada e suicida.


Ofereço este poema para Evanilde (Eva), assistente social, mestre, engajada trabalhadora de CAPS, mulher de falas poéticas e, segundo ela, quando criança achava que as pessoas só enloqueciam por amor.

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