Cansada às vezes, repito muitas vezes que ainda deixo a difícil militância na saúde mental. Objeto e sujeito muito envolvidos, indissociáveis no meu caso. Mas algumas situações nos põe a prova o amor pela causa e então como uma torcedora fanática por um clube de futebol, não resisto à luta.
Muitas pessoas encontram o telefone do Amigo no Ninho e ligam, não temos muito o que oferecer, sem sede própria, só podemos articular a rede de apoio. Na maioria das vezes da certo e outras tantas não temos mais nenhum retorno do caso.
Alguém liga, mulher e fala entre outras coisas que está numa crise bipolar, a depressão é muito forte, e que pensa em suicídio há vários dias. Nem a médica do CAPS, nem o médico assistente de um ambulatório recomendam internação integral. Conhece muitos técnicos de referência de Teresina, muitos psiquiatras que já consultou. Resolvo quebrar a promessa de não mais fazer visitas domiciliares. Agradecendo aqui a assistente social Laina Marreiros, (HAA) que profissionalmente sempre nos auxilia no necessário, conseguimos a possibilidade de vaga em um apartamento.
Um companheiro e uma companheira vão junto a esta abordagem. A experiência nos ensinou que não devemos ir abordagem sozinha.
Conseguimos convencê-la que há outras alternativas a internação já que aparentemente não estava numa crise aguda. Um saco de remédios e as incertezas da atuação deles no seu organismo: carbolítium, sertralina, olanzampina, clonazepan e não saia de cima da cama, deprimida. Repetia que se não melhorasse para trabalhar se mataria.
Contrato de auto apoio:
- Caminhar 30 minutos por dia, inicialmente;
- Fazer nova consulta a psiquiatra ( diz que não se identifica muito com a técnica, mas no CAPS só troca se disser a profissional o porquê... ???) e rever a medicação.
- Procurar o novo serviço de prevenção e assistência ao Suicídio no Lineu Araújo - PROVIDA ( já o fez e foi incluída no programa, elogiou muito a atendimento)
- Procurar fazer práticas integrativas e complementares ( foi ao Fraternidade Espírita André Luiz que presta um trabalho voluntário em aplicação de Bionergias e uma doutrina de mudança de sentimentos que já auxiliou muitas mulheres no Ninho)
Início de uma intervenção esperançosa. Usuária inteligente, representante de uma nova geração de pessoas que vivem com transtornos mentais e não ficam "loucas", buscam o tempo todo melhora para seus quadros psicóticos ou simplesmente vivem sua subjetividade humana de forma diferente. O suicídio tem servido para quebrar o estigma da doença mental no momento que todos se importam porque as pessoa podem morrer numa crise mental se não socorridas.
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