quarta-feira, 24 de setembro de 2014

A PRINCESA E A LOUCA PELA VIDA



Fazer ativismo em saúde mental é uma tarefa solitária. A loucura incompreensível e trágica ou nos fascina o nos ojeriza. Estou entre as pessoas do primeiro grupo, mas vejo a luta por acessibilidade a uma saúde mental integrada a qualidade de vida: moradia digna, saneamento básico, lazer, educação, trabalho ainda que protegido, mas trabalho ( a ideia da aposentadoria precoce ainda não me deixa a vontade), só a defendo mesmo para aqueles que nasceram e adoeceram antes dos antipsicóticos atípicos, ou seja já viviam a doença mental na década de 80, os atípicos chegam ao Brasil somente em 1994,com acesso limitado aos pacientes e familiares mais esclarecidos. Acesso a outras saúdes, vida integrada na comunidade que respeite sua subjetividade.Não romantizo a loucura. Daria respiridona ou outro antipsicótico para Dom Quixote reconhecer que os gigantes eram apenas moinhos. Um coquetel psi para ele sair da crise.
Mas às vezes canso dos passos de formiguinha, do peso maior que o próprio corpo... então vem um ventinho para refrescar o calor de minhas frustrações, geralmente em respostas a longo prazo, de intervenções antigas nossas (2010), como Carol, usuária sempre em crise, que não aceitava a família e vice-versa, numa parceria nossa com o CAPS norte, a ex  paciente do extinto  sanatório MEDUNA, o castelo da Rainha Elisabeth que Carol adorava, chegando a ser praticamente moradora, ali ficou internada oito meses de uma só vez e outras várias internações. Socióloga, grandes olhos azuis.  Informa-me uma colega assistente social do CAPS norte  que está muito bem, mensalmente fazendo consulta de manutenção, felizmente acompanhada por uma tia. São estes finais de "felizes até a próxima crise" que nos deixam ainda na luta. E muitas vezes essa crise (aguda) nunca mais  acontece.

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PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.