Mais uma vez o trabalho de articular redes de ativismo em saúde mental dentro do movimentos sociais dá resultados. Uma colega sensibilizada, sindicalista do SINDSERME, divulga indignada em minha página no Facebook, entramos nos comentários (Youtube) provocando discussões de sensibilização, de buscar justiça para o caso da moça maranhense vítima de escárnio público, delirante, dando entrevista para repórter inescrupuloso, quem sabe isto, com intervenção de cuidadores e família tenha levado a denúncia a MP local? Postamos o seguinte texto abaixo:
MINISTÉRIO PÚBLICO PEDE A CONDENAÇÃO DE REPÓRTER DA TV DIFUSORA
Por Hugo Freitas
O repórter Jonathan Sobreiro, da TV
Difusora de Imperatriz, é alvo de Denúncia Criminal oferecida pela promotora de
justiça Alline Matos Pires, da Comarca do município.
Jonathan é o principal articulador de
uma matéria televisiva que ficou conhecida nacionalmente, em razão de a
entrevistada possuir transtornos mentais e relatar que trabalhou em novelas. A
entrevista foi ao ar, no programa "Difusora Repórter", nos dias 16 e 17
de agosto e foi difundida posteriormente em diversas páginas da internet.
Na matéria, o jornalista entrevista uma
mulher que afirma ser atriz, não querendo mais trabalhar em novelas do SBT e da
Rede Globo. A vítima passava próximo ao plantão central da Polícia Civil quando
foi entrevistada. "Fui pedir ajuda e o repórter brincou comigo",
disse a vítima em depoimento no Ministério Público do Maranhão (MPMA).
A promotora de justiça afirma que a
mulher possui distúrbios mentais e não poderia ter sido colocada nesta situação
constrangedora. "Trata-se de uma lamentável atuação de um profissional da
imprensa, que se utilizando da condição de pessoa com transtornos psíquicos, em
evidente processo delirante, grava entrevista, divulgando-a em seguida,
amplamente, fazendo-a alvo de chacota e zombaria".
Para Alline Matos Pires, o denunciado
ofendeu a dignidade e honra da vítima, que durante a entrevista chegou a
revelar ser paciente do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Imperatriz.
"A atitude do repórter, por todo o contexto, apresenta claro caráter
discriminatório, chegando inclusive a estimular o processo delirante,
notadamente ao fazer perguntas relativas a uma situação sabidamente
ilusória", completou.
O MPMA pede a condenação do réu pelos
crimes previstos nos artigos 140 e 141, do Código Penal, que tratam de injúria
preconceituosa. Foi, ainda, solicitada a instauração de inquérito na Delegacia
de Polícia para identificar outras pessoas responsáveis pela divulgação do
vídeo.
A irmã da entrevistada foi quem denunciou
o caso à 4ª Promotoria de Justiça Especializada na Defesa dos Direitos dos
Idosos e Pessoas com Deficiência, por meio de Representação, depois da
repercussão negativa para a imagem da vítima, que foi exposta ao ridículo. A
entrevistada relatou, inclusive, que tem sido alvo de comentários maldosos e
piadas nas ruas da cidade.
"Essa é uma causa importante, que
bem simboliza a forma discriminatória e humilhante com que as pessoas com
transtorno psíquico ainda são tratadas em nosso país", ressaltou Alline
Matos Pires.
Recentemente a Defensoria Pública
local, por meio do defensor Fábio Carvalho, propôs Ação Civil contra o
jornalista, a TV Difusora e a Google do Brasil, visando reparação por danos
morais e a imediata retirada de circulação do vídeo.
O
titular do blog entende que a atividade do jornalista se distingue das
demais profissões precisamente pela responsabilidade social que norteia a
produção de conteúdos noticiosos.
O que
ocorre, muitas vezes, é uma necessidade do jornalista de levar ao
público algo "pitoresco", "inusitado", de modo a causar "espanto" e, ao
mesmo tempo, dependendo da matéria, diversão ou reflexão ao
leitor/espectador.
O
problema é que a linha imaginária que delimita as fronteiras entre o
humor e a notícia é bastante tênue, exigindo, portanto, dos jornalistas
muito cuidado tanto na escolha dos personagens quanto na forma como ele é
abordado.
De
maneira alguma, se pode concordar com o ato praticado pelo profissional
acima mencionado. Que isso sirva de exemplo para os demais programas
jornalísticos, que mesclam o humor em suas produções, para se levar em
consideração, antes de qualquer coisa, a responsabilidade social, o
interesse público e o respeito à vida e à imagem das pessoas.
Com informações do Ministério Público do Maranhão
Retirado de:
BLOG DO HUGO FREITAS
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