NOTA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE SAÚDE MENTAL (ABRASME) SOBRE A REGULAMENTAÇAO DAS
COMUNIDADES TERAPEUTICAS
O Conselho Nacional de
Políticas sobre Drogas abriu uma consulta pública,
através do Observatório Brasileiro de Informações
sobre Drogas (OBID) (www.obid.senad.gov.br) e do
Portal do Ministério da Justiça
(www.justica.gov.br), sobre a minuta de resolução
que regulamenta as comunidades terapêuticas no
âmbito do Sistema Nacional de Políticas Públicas
sobre Drogas (SISNAD).
O objetivo
central dessa Regulamentação, como prevê o texto em
consulta, é: “CONSIDERANDO a necessidade de
interligar as entidades que promovem o acolhimento
de pessoas com problemas decorrentes do abuso ou
dependência de substância psicoativa com a rede de
cuidados, atenção, tratamento, proteção, promoção e
reinserção social do sistema único de saúde, do
sistema único de assistência social e das demais
políticas públicas”.
Fica claro, na
afirmação acima, que o objetivo dessa regulamentação
é “regular” as CT´s com vistas a aprofundar sua
presença nas redes SUS e SUAS e consequentemente um
maior financiamento público para a ampliação e
fortalecimento das Comunidades Terapêuticas.
A ABRASME é uma defensora da
Participação Popular nas Políticas Públicas, sendo
uma das entidades que luta pela realização das
Conferências de Saúde. Sendo coerente com esse
posicionamento, somos a favor do Cumprimento das
Resoluções da 14ª Conferência Nacional de Saúde e IV
Conferência Nacional de Saúde Mental –
Intersetorial. As duas Conferências foram claras em
afirmar Não ao Financiamento Público das CT´s.
As comunidades terapêuticas vão de
encontro com a Lei 10.216/2001 por ter como
dispositivo central o isolamento social e a
internação, além de ser um equipamento privado, que
tem em sua maioria uma fundamentação de cunho
religioso. No entanto, sejam de fundamentação
religiosa ou médica, as CT´s têm sido inspiradas num
modelo de internação compulsória e violação dos
direitos das pessoas em tratamento. Essa situação de
financiar com recursos públicos o aumento e a
sustentabilidade econômica das CT´s, não só é uma
afronta a Lei 10.216/2001 e os anos de construção da
Reforma Psiquiátrica brasileira, como também, ao
caráter laico do Estado brasileiro.
Diante dessa Consulta Pública para a
Regulamentação das Comunidades Terapêuticas, a
ABRASME (Associação Brasileira de Saúde Mental)
afirma:
- Que o Governo Brasileiro cumpra as resoluções da 14ª Conferência Nacional de Saúde e IV Conferência Nacional de Saúde Mental – Intersetorial, e garanta o Não Financiamento Público das CT´s;
- O SUS e o SUAS e as políticas públicas de álcool e drogas tem problemas crônicos de financiamento, dessa forma, a PRIORIDADE deve ser a ampliação do financiamento público de equipamentos e programas públicos, como os consultórios de/na Rua, os CAPS AD 24h, as Unidades de Acolhimento.
Diante do exposto a ABRASME entende que a
estratégia de Regulamentação cumpre o objetivo de
fortalecer as CT´s nos Sistemas Públicos e
consequentemente seu financiamento público.
Não ao Financiamento Público das
Comunidades Terapêuticas!
Por uma Política de
Drogas Pública e Não Segregativa!
Em tempos que o governo luta pela aprovação pelo senado de projeto de lei que garante mais participação e controle social, já reprovado na câmara de deputado eis uma boa questão a ser debatida a exaustão: o não cumprimento destas e outras resoluções advindas de grandes conferências nacionais, como a da saúde e saúde mental.
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