O Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos (NIMH),
principal financiador de pesquisas na área do país, abandonou
oficialmente o DSM-5 (o novo Manual Diagnóstico e Estatístico dos
Transtornos Mentais), apenas duas semanas antes do seu lançamento.
Segundo comunicado escrito por seu presidente Thomas Inse e publicado no site do Instituto (http://migre.me/eoT9G),
o NIMH irá "re-orientar sua pesquisa para longe de categorias do DSM.
Daqui para frente iremos apoiar projetos de pesquisa que olhem além das
categorias atuais - ou que subdividam as categorias atuais - para que se
comece a desenvolver um sistema melhor".
O texto critica a validade do DSM-5 e afirma: "Pacientes com transtornos mentais merecem algo melhor".
Como afirma o blog Mind Hacks, esta atitude do NIMH é potencialmente
sísmica e abala fortemente o poder da Associação Psiquiátrica Americana e
do DSM-5. Entenda melhor a situação no link abaixo:
Felipe Stephan
Rede Humaniza SUS
A Psiquiatria é a primeira especialização da Medicina, ciência experimental sempre e inexata. Não irei descrever as "tecnologias de cuidado", dos mais desumanos e degradantes possíveis desde seu nascimento moderno no século XIX, a esperança de cura com a descoberta dos psicofármacos no final dos anos cinquenta. A classificação aproximada das doenças mentais (nosologia ) bem ou mal deve-se ao manual dos americanos, com ou sem a influência de suas multinacionais indústrias de remédios, pelo menos a divulgação que banalizou, deixou mais comum e mais fácil o acesso, a aceitação e a busca de ajuda especializada. Doença mental não é mito, e claro que não concordamos que a maioria dos comportamentos humanos sejam tomados como patológicos. Mas como ficamos nós diagnosticados há anos, sobreviventes de hospitais psiquiátricos, recém diagnosticados ainda no luto? Buscando compreender uma crise psicótica que está passando, dificuldade de aderir a tratamentos medicamentosos que realmente em momentos de total sujeição e humilhação da condição psicótica, foram cruciais para estabilidade dos sintomas bastante senão dolorosos, mas bastante sofríveis.
Terça-feira passada (02) ouvia duas mocinhas no ônibus falando de uma terceira, de sua personalidade difícil e tal. De repente, categoricamente a mais severa nas críticas a colega ausente afirma: "Fulana é uma bipolar!", com o ar de desprezo total por este "mal". Intervenho e pergunto-lhe o que é ser bipolar. Ela prontamente me responde que são pessoas que tem dois caracteres. Duas personalidades. Suspirei e lhes respondi que a amiga delas precisava de um psiquiatra e de apoio, porque como ainda prefiro a PSICOSE MANÍACA DEPRESSIVA ( apenas pensei, usei mesmo o termo bipolar) leva 98% de pessoas que a tem ao suicídio numa crise aguda, sem tratamento adequado. É uma doença grave, não deve ser glamorizada ou proscrita como mal crônico "terrível".
Hoje, sábado (4) me encontro em uma crise leve, saindo de uma sessão de quiropraxia e acupuntura auricular, medicada mas com oscilações de "desesperos mentais" com frequência mínima de 30 a 50 minutos de uma ocorrência para outra. Mantendo-me a custo, funcional e resolutiva, olhando revistas em uma banca de jornal, quando um rapaz de menos de 30 anos talvez, malhado, de aparência atlética e saudável, menos o olhar distímico, pergunta ao dono do local o que há sobre Síndrome do Pânico. Nada... é a resposta. Intervenho, e indico a leitura do blog, dos links de sites informativos e digo-lhe para procurar Transtornos de Ansiedade, então ele encontrará a subclassificação, síndrome do pânico, o rapaz poderia está buscando informações sobre este transtorno mental para ele mesmo ou para compreender o comportamento de uma pessoa em crise. Credito essa vulgarização de informações positiva... e se de repente tudo está errado, pesquisadores financiados pela indústria farmacêutica inventaram diagnósticos falsos para vender remédios que não curam a verdadeira doença. Coitados de nós usuários!
É necessário regular a qualidade e eficiência, com o mínimo de efeitos colaterais dos psicofármacos, retirar alguns de linha talvez, como se faz em outras especializações da medicina. Somente a condenação brutal, a rejeição sem a crítica mais científica, como se a loucura fosse mesmo apenas mais uma forma de se viver a subjetividade humana, é uma romantização da mesma, seu elogio é irresponsabilidade. As pessoas adoecem mentalmente de um sofrimento mortal, como apontam as alarmantes estatísticas de suicídio mundo afora, atingindo todas as classes sociais, idades e gêneros.
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