terça-feira, 7 de outubro de 2014

I SEMANA DO AMIGO CUIDADOR

10 DE OUTUBRO: DIA MUNDIAL DA SAÚDE MENTAL
I SEMANA DO AMIGO CUIDADOR


Como Ajudar Alguém em Crise


  • Postado por Marcionilo Laranjeiras, psiquiatra paulista, em 23 fevereiro 2009 
  • ( Apoio em Saúde Mental na Web - página extinta na plataforma NING)

Situação 1: quando a pessoa ainda não está em tratamento

Primeiro
, observe se o familiar, amigo, colega, vizinho ou outra pessoa com chance de ter um transtorno mental. liste os comportamentos disfuncionais.Depois procure conversar um profissional de saúde mental sobre o que você observou.
Investigue discretamente se a pessoa-alvo reconhece em si algum sintoma e se quer ajuda para procurar um tratamento.
Frequentemente uma crise impede uma pessoa de procurar ajuda mesmo sabendo que necessita. No caso de negativas, procure um familiar e converse sobre ela.


Situação 2: Se a pessoa já está em tratamento

Faça
para si as seguintes perguntas: ela está melhorando? ela trata e toma a medicações conforme prescrito? Ajude-o a ir até a consulta (de preferência o acompanhe) e estimule a pessoa a retornar às suas rotinas, mas com parcimônia. A pessoa doente necessita de compreensão, paciência e incentivo. Não espere adequação e nem o peça para "ter força de vontade", pois se dependesse apenas disto e de "pensar positivamente" ele já estaria bem. Evite dar "sermões". Escute mais e fale pouco.


Situação 3: Se existe algum comportamento de risco

Forte desesperança, ideias ou sinais de auto agressão, ou planos de suicídio. Caso observe, não demore. Não queira "dar uma de terapeuta" e não tome decisões sozinho. Não vacile: em caso de recusa do paciente, peça ajuda dos familiares, amigos e colegas e leve-o a um pronto-socorro mais próximo em ambulância, bombeiro ou mesmo polícia. Sem riscos maiores, encaminhe ou, de preferência, acompanhe para uma avaliação com profissional da saúde mental.



Estando em Teresina, além do telefone do Amigo no Ninho, ao lado há todos ou os mais importantes endereços dos serviços públicos em saúde mental e dependência química de Teresina. 

sábado, 4 de outubro de 2014

PSIQUIATRIA: CIÊNCIA MÉDICA INEXATA?

O Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos (NIMH), principal financiador de pesquisas na área do país, abandonou oficialmente o DSM-5 (o novo Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais), apenas duas semanas antes do seu lançamento.
Segundo comunicado escrito por seu presidente Thomas Inse e publicado no site do Instituto (http://migre.me/eoT9G), o NIMH irá "re-orientar sua pesquisa para longe de categorias do DSM. Daqui para frente iremos apoiar projetos de pesquisa que olhem além das categorias atuais - ou que subdividam as categorias atuais - para que se comece a desenvolver um sistema melhor".
O texto critica a validade do DSM-5 e afirma: "Pacientes com transtornos mentais merecem algo melhor".
Como afirma o blog Mind Hacks, esta atitude do NIMH é potencialmente sísmica e abala fortemente o poder da Associação Psiquiátrica Americana e do DSM-5. Entenda melhor a situação no link abaixo:  
Felipe Stephan 


  Rede Humaniza SUS


A Psiquiatria é a primeira especialização da Medicina, ciência experimental sempre e inexata. Não irei descrever  as "tecnologias de cuidado", dos mais desumanos e degradantes possíveis desde seu nascimento moderno no século XIX, a esperança de cura com a descoberta dos psicofármacos no final dos anos cinquenta. A classificação aproximada das doenças mentais (nosologia ) bem ou mal deve-se ao manual dos americanos, com ou sem a influência de suas multinacionais indústrias de remédios, pelo menos a divulgação que banalizou, deixou mais comum e mais fácil o acesso, a aceitação e a busca de ajuda especializada. Doença mental não é mito, e claro que não concordamos que a maioria dos comportamentos humanos sejam tomados como patológicos. Mas como ficamos nós diagnosticados há anos, sobreviventes de hospitais psiquiátricos, recém diagnosticados ainda no luto? Buscando compreender uma crise psicótica que está passando, dificuldade de aderir a tratamentos medicamentosos que realmente em momentos de total sujeição e humilhação da condição psicótica, foram cruciais para estabilidade dos sintomas bastante senão dolorosos, mas bastante sofríveis.
Terça-feira passada (02) ouvia duas mocinhas no ônibus falando de uma terceira, de sua personalidade difícil e tal. De repente, categoricamente a mais severa nas críticas a colega ausente afirma: "Fulana é uma bipolar!", com o ar de desprezo total por este "mal". Intervenho e pergunto-lhe o que é ser bipolar. Ela prontamente me responde que são pessoas que tem dois caracteres. Duas personalidades. Suspirei e lhes respondi que a amiga delas precisava de um psiquiatra e de apoio, porque como ainda prefiro a PSICOSE MANÍACA DEPRESSIVA ( apenas pensei, usei mesmo o termo bipolar) leva 98% de pessoas que a tem ao suicídio numa crise aguda, sem tratamento adequado. É uma doença grave, não deve ser glamorizada ou proscrita como mal crônico "terrível".
Hoje, sábado (4) me encontro em uma crise leve, saindo de uma sessão de quiropraxia e acupuntura auricular, medicada mas com oscilações de "desesperos mentais" com frequência mínima de 30 a 50 minutos de uma ocorrência para outra. Mantendo-me a custo, funcional e resolutiva, olhando revistas em uma banca de jornal, quando um rapaz de menos de 30 anos talvez, malhado, de aparência atlética e saudável, menos o olhar distímico, pergunta ao dono do local o que há sobre Síndrome do Pânico. Nada... é a resposta. Intervenho, e indico a leitura do blog, dos links de sites informativos e digo-lhe para procurar Transtornos de Ansiedade, então ele encontrará a subclassificação, síndrome do pânico, o rapaz poderia está buscando informações sobre este transtorno mental para ele mesmo ou para compreender o comportamento de uma pessoa em crise. Credito essa vulgarização de informações positiva... e se de repente tudo está errado, pesquisadores financiados pela indústria farmacêutica inventaram diagnósticos falsos para vender remédios que não curam a verdadeira doença. Coitados de nós usuários!
É necessário regular a qualidade e eficiência, com o mínimo de efeitos colaterais dos psicofármacos, retirar alguns de linha talvez, como se faz em outras especializações da medicina. Somente a condenação brutal, a rejeição sem a crítica mais científica, como se a loucura fosse mesmo apenas mais uma forma de se viver a subjetividade humana, é uma romantização da mesma, seu elogio é irresponsabilidade. As pessoas adoecem mentalmente de um sofrimento mortal, como apontam as alarmantes estatísticas de suicídio mundo afora, atingindo todas as classes sociais, idades e gêneros.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

MILITÂNCIA NA SAÚDE MENTAL DO PIAUÍ

Acompanhando os vários Processos Administrativos  (PA) que movimentamos no Ministério Público

Nos cartórios eleitorais buscando informações sobre restrição ou não do voto do psicótico. Ninguém entendeu nada. Deram-me o site do TRE.


"Sócia" bem recebida, quando falta medicação na rede. Verificando as causas, antes de acionar o MP.

Como a senhora Incrível recomenda, a identidade protegida é fundamental. O óculos escuro máscara! Aos leitores que nunca comentam minhas postagens, continuem assim: nada de comentários sobre minhas displicentes gordurinhas. Infelizmente, ando num processo de falta de auto cuidado, normal, não é?

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

SAÚDE MENTAL OU MEDICALIZAÇÃO DA VIDA VIA FARMACOLOGIA




allen-frances
Allen Frances
Allen Frances (Nova York, 1942) dirigiu durante anos o Manual Diagnóstico e Estatístico (DSM), documento que define e descreve as diferentes doenças mentais. Esse manual, considerado a bíblia dos psiquiatras, é revisado periodicamente para ser adaptado aos avanços do conhecimento científico. Frances dirigiu a equipe que redigiu o DSM IV, ao qual se seguiu uma quinta revisão que ampliou enormemente o número de transtornos patológicos. Em seu livro Saving Normal (inédito no Brasil), ele faz uma autocrítica e questiona o fato de a principal referência acadêmica da psiquiatria contribuir para a crescente medicalização da vida.
Pergunta. No livro, o senhor faz um mea culpa, mas é ainda mais duro com o trabalho de seus colegas do DSM V. Por quê?
Resposta. Fomos muito conservadores e só introduzimos [no DSM IV] dois dos 94 novos transtornos mentais sugeridos. Ao acabar, nos felicitamos, convencidos de que tínhamos feito um bom trabalho. Mas o DSM IV acabou sendo um dique frágil demais para frear o impulso agressivo e diabolicamente ardiloso das empresas farmacêuticas no sentido de introduzir novas entidades patológicas. Não soubemos nos antecipar ao poder dos laboratórios de fazer médicos, pais e pacientes acreditarem que o transtorno psiquiátrico é algo muito comum e de fácil solução. O resultado foi uma inflação diagnóstica que causa muito dano, especialmente na psiquiatria infantil. Agora, a ampliação de síndromes e patologias no DSM V vai transformar a atual inflação diagnóstica em hiperinflação.
P. Seremos todos considerados doentes mentais?
R. Algo assim. Há seis anos, encontrei amigos e colegas que tinham participado da última revisão e os vi tão entusiasmados que não pude senão recorrer à ironia: vocês ampliaram tanto a lista de patologias, eu disse a eles, que eu mesmo me reconheço em muitos desses transtornos. Com frequência me esqueço das coisas, de modo que certamente tenho uma demência em estágio preliminar; de vez em quando como muito, então provavelmente tenho a síndrome do comedor compulsivo; e, como quando minha mulher morreu a tristeza durou mais de uma semana e ainda me dói, devo ter caído em uma depressão. É absurdo. Criamos um sistema de diagnóstico que transforma problemas cotidianos e normais da vida em transtornos mentais.
P. Com a colaboração da indústria farmacêutica...
R. É óbvio. Graças àqueles que lhes permitiram fazer publicidade de seus produtos, os laboratórios estão enganando o público, fazendo acreditar que os problemas se resolvem com comprimidos. Mas não é assim. Os fármacos são necessários e muito úteis em transtornos mentais severos e persistentes, que provocam uma grande incapacidade. Mas não ajudam nos problemas cotidianos, pelo contrário: o excesso de medicação causa mais danos que benefícios. Não existe tratamento mágico contra o mal-estar.
P. O que propõe para frear essa tendência?
R. Controlar melhor a indústria e educar de novo os médicos e a sociedade, que aceita de forma muito acrítica as facilidades oferecidas para se medicar, o que está provocando além do mais a aparição de um perigosíssimo mercado clandestino de fármacos psiquiátricos. Em meu país, 30% dos estudantes universitários e 10% dos do ensino médio compram fármacos no mercado ilegal. Há um tipo de narcótico que cria muita dependência e pode dar lugar a casos de overdose e morte. Atualmente, já há mais mortes por abuso de medicamentos do que por consumo de drogas.
P. Em 2009, um estudo realizado na Holanda concluiu que 34% das crianças entre 5 e 15 anos eram tratadas por hiperatividade e déficit de atenção. É crível que uma em cada três crianças seja hiperativa?
R. Claro que não. A incidência real está em torno de 2% a 3% da população infantil e, entretanto, 11% das crianças nos EUA estão diagnosticadas como tal e, no caso dos adolescentes homens, 20%, sendo que metade é tratada com fármacos. Outro dado surpreendente: entre as crianças em tratamento, mais de 10.000 têm menos de três anos! Isso é algo selvagem, desumano. Os melhores especialistas, aqueles que honestamente ajudaram a definir a patologia, estão horrorizados. Perdeu-se o controle.
P. E há tanta síndrome de Asperger como indicam as estatísticas sobre tratamentos psiquiátricos?
R. Esse foi um dos dois novos transtornos que incorporamos no DSM IV, e em pouco tempo o diagnóstico de autismo se triplicou. O mesmo ocorreu com a hiperatividade. Calculamos que, com os novos critérios, os diagnósticos aumentariam em 15%, mas houve uma mudança brusca a partir de 1997, quando os laboratórios lançaram no mercado fármacos novos e muito caros, e além disso puderam fazer publicidade. O diagnóstico se multiplicou por 40.
P. A influência dos laboratórios é evidente, mas um psiquiatra dificilmente prescreverá psicoestimulantes a uma criança sem pais angustiados que corram para o seu consultório, porque a professora disse que a criança não progride adequadamente, e eles temem que ela perca oportunidades de competir na vida. Até que ponto esses fatores culturais influenciam?
R. Sobre isto tenho três coisas a dizer. Primeiro, não há evidência em longo prazo de que a medicação contribua para melhorar os resultados escolares. Em curto prazo, pode acalmar a criança, inclusive ajudá-la a se concentrar melhor em suas tarefas. Mas em longo prazo esses benefícios não foram demonstrados. Segundo: estamos fazendo um experimento em grande escala com essas crianças, porque não sabemos que efeitos adversos esses fármacos podem ter com o passar do tempo. Assim como não nos ocorre receitar testosterona a uma criança para que renda mais no futebol, tampouco faz sentido tentar melhorar o rendimento escolar com fármacos. Terceiro: temos de aceitar que há diferenças entre as crianças e que nem todas cabem em um molde de normalidade que tornamos cada vez mais estreito. É muito importante que os pais protejam seus filhos, mas do excesso de medicação.
P. Na medicalização da vida, não influi também a cultura hedonista que busca o bem-estar a qualquer preço?
R. Os seres humanos são criaturas muito maleáveis. Sobrevivemos há milhões de anos graças a essa capacidade de confrontar a adversidade e nos sobrepor a ela. Agora mesmo, no Iraque ou na Síria, a vida pode ser um inferno. E entretanto as pessoas lutam para sobreviver. Se vivermos imersos em uma cultura que lança mão dos comprimidos diante de qualquer problema, vai se reduzir a nossa capacidade de confrontar o estresse e também a segurança em nós mesmos. Se esse comportamento se generalizar, a sociedade inteira se debilitará frente à adversidade. Além disso, quando tratamos um processo banal como se fosse uma enfermidade, diminuímos a dignidade de quem verdadeiramente a sofre.
P. E ser rotulado como alguém que sofre um transtorno mental não tem consequências também?
R. Muitas, e de fato a cada semana recebo emails de pais cujos filhos foram diagnosticados com um transtorno mental e estão desesperados por causa do preconceito que esse rótulo acarreta. É muito fácil fazer um diagnóstico errôneo, mas muito difícil reverter os danos que isso causa. Tanto no social como pelos efeitos adversos que o tratamento pode ter. Felizmente, está crescendo uma corrente crítica em relação a essas práticas. O próximo passo é conscientizar as pessoas de que remédio demais faz mal para a saúde.
P. Não vai ser fácil…
R. Certo, mas a mudança cultural é possível. Temos um exemplo magnífico: há 25 anos, nos EUA, 65% da população fumava. Agora, são menos de 20%. É um dos maiores avanços em saúde da história recente, e foi conseguido por uma mudança cultural. As fábricas de cigarro gastavam enormes somas de dinheiro para desinformar. O mesmo que ocorre agora com certos medicamentos psiquiátricos. Custou muito deslanchar as evidências científicas sobre o tabaco, mas, quando se conseguiu, a mudança foi muito rápida.
P. Nos últimos anos as autoridades sanitárias tomaram medidas para reduzir a pressão dos laboratórios sobre os médicos. Mas agora se deram conta de que podem influenciar o médico gerando demandas nos pacientes.
R. Há estudos que demonstram que, quando um paciente pede um medicamento, há 20 vezes mais possibilidades de ele ser prescrito do que se a decisão coubesse apenas ao médico. Na Austrália, alguns laboratórios exigiam pessoas de muito boa aparência para o cargo de visitador médico, porque haviam comprovado que gente bonita entrava com mais facilidade nos consultórios. A esse ponto chegamos. Agora temos de trabalhar para obter uma mudança de atitude nas pessoas.
P. Em que sentido?
R. Que em vez de ir ao médico em busca da pílula mágica para algo tenhamos uma atitude mais precavida. Que o normal seja que o paciente interrogue o médico cada vez que este receita algo. Perguntar por que prescreve, que benefícios traz, que efeitos adversos causará, se há outras alternativas. Se o paciente mostrar uma atitude resistente, é mais provável que os fármacos receitados a ele sejam justificados.
P. E também será preciso mudar hábitos.
R. Sim, e deixe-me lhe dizer um problema que observei. É preciso mudar os hábitos de sono! Vocês sofrem com uma grave falta de sono, e isso provoca ansiedade e irritabilidade. Jantar às 22h e ir dormir à meia-noite ou à 1h fazia sentido quando vocês faziam a sesta. O cérebro elimina toxinas à noite. Quem dorme pouco tem problemas, tanto físicos como psíquicos.

El País

Extraído de:

PsiBr 

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PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.