domingo, 22 de março de 2015

MANUAL DE SOCORRO À CRISE: AMIGO CUIDADOR

Houve outras crises passadas. Outubro de 200... 
Soube na porta na quermesse da igreja. Ela havia tentado mais uma vez o auto óbito, tomou vários comprimidos, espumou, caiu perto de uma avenida. Socorrida por vizinhos. A família fez silêncio sepulcral do seu desaparecimento por alguns dias. Depois soube-se da internação em estado grave em UTI.


Outro mês que perdemos na memória. Uma amiga de infância voltando de aulas noturnas numa faculdade a encontrou na Ladeira do Uruguai, de vestido, dizendo que estava fazendo caminhadas. Era tarde para a atividade a amiga a convenceu entrar no carro, fazer um lanche e levá-la em casa. 


Semana passada deste mês de março alguém nos diz que ela estava ao meio dia na praça do bairro, tentando jogar-se a frente de carros. O que populares socorreram-na. Foram tantas as tentativas de antecipar sua angustiada existência, que nosso receio é que as pessoas nem sequer tentem mais interrompê-la.


Ontem. Delirava, falava com alguém invisível para nós. Sorria, maldizia a família de forma paranoica. Aos poucos sem um dos principais cuidados com psicóticos, o uso contínuo da medicação psicotrópica ela vai perdendo o discurso com o outro a sua frente, perdendo-se nos seus delírios... ficou algum tempo na nossa casa. Inquieta. Usou um spray purificador de ar como perfume, lambuzou-se de óleo de amêndoas no banheiro. Fedia, o auto cuidado também vai sendo deixado de lado.
A família já nos expulsou algumas vezes da porta. Não admite a doença mental da moça, que é considerada falta de vergonha e responsabilidade e não admite sequer o uso da medicação. Achamos que o estado da crise está agudo, seria necessário internação para que esta não consiga o intento do suicídio, que tenta sistematicamente.Que fazer? 
 

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