domingo, 6 de janeiro de 2013

LOUCOS DE RUA DO RENASCENÇA I

Há dias que em praticamente cada esquina que dobro me deparo com Mônica, revirando lixos atrás somente  de papéis, revistas, cadernos velhos, adora  as cartelas do Piaui Cap. Descobri que fala, nunca a alimentei, no bairro quem já o fez, ela chega na hora das refeições, quer ver novela, etc. Contrariada, se automutila, bate a cabeça em muros ou paredes, esmurra-se com as próprias mãos.
Algumas pessoas já me abordaram "cobrando providências". Digo que transtornos mentais é responsabilidade de todos na comunidade, que alguém pode pocurar o endereço dela me entregar que lançaremos a rede: Visita domiciliar, Ministério Público e a informação "ativa" de sua presença aos serviços do território, CAPS sudeste e CRAS sudeste III. A maioria preocupada são comerciantes, os religiosos são indiferentes e os muitos loucos mansos da região, a olham com medo, mais de seus próprios surtos do que os dela. Lamentável a falta de solidariedade da maioria que a todo custo mantém seus atestados de normalidade.
O Amigo no Ninho tem optado por intervenção apenas com mulheres, nosso grupo compõe-se somente de mulheres, a maioria sem maridos ou filhos adultos, não temos sede, nossos endereços são na comunidade, por cuidado apenas, não por preconceito preferimos lidar apenas com as psicóticas. Homens desfiliados, carentes de toda e qualquer afeição, mesmo   por conta das patologias mentais consideramos o nível de risco mediante a violência natural masculina, demonstrada nas estatísticas policiais sobre violência doméstica contra mulheres. Assim é que temos na comunidade um significativo número de loucos, na maioria dependentes químicos com a saúde mental comprometida. Só podemos orientar a familia a procurar os inúmeros serviços na área da drogadição. Mas um certo e querido e alguns, Ramires, está virando homem do saco, pedindo às portas, sempre em surto jogou pedras, xingou. Também moradores pedem ajuda do Ninho, o Ninho recorre a atenção básica que esta mobilize os serviços na área, intervenha com a familia que não conhecemos. Penso que a RAPS - Rede de Atenção Psicossocial - se fosse de verdade, poderia manter equipes de consultórios de rua nas periferias a partir de um estudo epidemiológico. Mas nunca se fez saúde mental com seriedade no municipio, aliáis com tanta divisão da FMS, quem vai cuidar mesmo da saúde mental? Ficamos aqui na ponta sofrendo junto com o usuário, com nosso fígado exposto aos urubus...

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