quarta-feira, 6 de agosto de 2008

O MITO DA DOENÇA MENTAL - 2


Ao comparar a bruxaria com a doença mental, é importante lembrar que o conceito tradicional de doença baseia-se meramente na dor, no sofrimento e na incapacidade. Portanto, o sofredor, o próprio paciente, é quem primeiro se considera doente, é quem primeiro se considera doente, para depois então ser considerado doente pelos outros. Emtermos sociológicos, o papel de doente em medicina é tipicamente definido pela própria pessoa.
O conceito tradicional de doença mental, ou insanidade, baseia-se precisamente em critérios opostos. O alegado sofredor (especialmente o "psicótico") não se considera nem doente nem incapacitado. O papel do doente mental, portanto, é frequentemente imposto às pessoas contra sua vontade. Em suma, o papel do doente mental em psiquiatria é definido por outros.
[...] Em outras palavras, enquanto o papel de paciente é assumido na esperança de uma cura pessoal, quando imposto ele o é na esperança de controle social. (Szasz, p.179)

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O MITO DA DOENÇA MENTAL - 1


A TEORIA DO BODE EXPIATÓRIO

Creio que a bruxaria representa a expressão de um método particular por meio do qual os homens procuravam explicar e dominar diversos males da natureza. Incapazes de admitir a ignorância e o desamparo, e igualmente incapazes de adquirir a compreensão e o domínio de diversos problemas físicos, biológicos e sociais, os homens procuravam refúgio em explicações expiatórias. As identidades específicas dos bodes expiatórios postulam que se a pessoa, a raça, a doença, ou o que não pode ser dominado for subjugado ou eliminado, serão resolvidos os problemas.
Enquanto os médicos endossam entusiasticamente a idéia de que as bruxas foram mulheres histéricas erradamente diagnosticadas, os cientistas sociais defendem a visão de que elas eram bodes expiatórios da sociedade. Concordo plenamente com essa última interpretação, e tentarei demosnstrar de que maneira exatamente a teoria do bode expiatório é superior à teoria médica. Além disso, argumentarei que não é errôneo apenas considerar as bruxas como histéricas erradamente diagnosticadas como bruxas, mas também considerar as pessoas atualmente "doentes" com histeria, ou outras doenças mentais, como pertencentes à mesma categoria das pessoas fisicamente doentes.

Thomas S. Szasz, 1974

PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.