sexta-feira, 29 de abril de 2011

INTERNAÇÃO PARA DEPENDÊNCIA QUÍMICA OU SERVIÇO ABERTO?

A luta por uma reforma psiquiátrica antimanicomial no Brasil tem muitos fronts, enquanto segue-se denúncias (vi ontem uma reportagem na televisão, jornal do sbt, manhã) sobre condições de maus tratos e mortes em hospitais de São Paulo, especificamente em Sorocaba e os movimentos de defesa dos direitos de pessoas com transtornos mentais, principalmente os antimanicomias se organizam, colocam a boca no trombone e acionam os orgãos de direitos humanos de Brasília, não se ouve (ou ler) nem um texto daqueles que defendem os hospitais especializados, sucateados, sem recursos humanos, o velho hospício depósito de bichos de sete cabeças, canto dos malditos. As renomadas técnicas científicas psiquiátricas parecem não estarem a favor da vida, quando seus defensores não se posicionam em situações como esta.
No Jornal Diário do Povo de hoje, 29/04, o psiquiatra Samuel Rego em artigo intitulado "Todos contra o crack", na página de opiniões, falando sobre dependência química enquanto doença psiquiátrica, acentuando que só campanhas de prevenção não basta,  defende a construção de hospitais especializados para desintoxicação dos casos mais graves. Ora, não sei se é um defesa individual deste ou é um novo pensamento da APP (Associação Psiquiátrica Piauiense) que sempre defendeu os leitos em hospitais gerais e hoje temos na capital leitos no hospital do Satélite, Promorar e Primavera, nos dois primeiros já tive a oportunidade de conferir pessoalmente que não atendem transtornos mentais, perguntando para enfermeiros de plantão , não sabiam que tais hospitais fazem parte do projeto piloto sugerido por Firmino Filho, secretário de saúde municipal no TAC de janeiro de 2010 junto ao Ministério Público, no hospital da Primavera tive informações que tais leitos disponibilzados geralmente são utilizados  por dependentes químicos e finalmente temos o SHR - ad (Serviço Hospitalar de Referência em álcool e outras drogas do Hospital do Mocambinho, que foi uma trabalheira de cinco anos para ser implantado. Bom registrar que enfrentou significativa rejeição da comunidade e de alguns técnicos. Que eu saiba ainda não se tem uma avaliação precisa de resultados do serviço. São apenas dez leitos, no mesmo jornal na coluna do Zózimo, tem uma notinha à direita: "Mais leitos", a coluna afirma que o governador Wilson Martins esteve com o ministro da saúde, Alexandre Padilha e teria conseguido duplicar este número. Temos até inicio de 2011, 30 leitos em hsopitais gerais divididos nos municípios de União, Água Branca, Oeiras, Piracuruca, Floriano, São Pedro, Campo Maior, Simplício Mendes e Valença. Imprescindível é que profissionais sejam capacitados para tal atendimento. Em 2010 a Gerência de Saúde Mental/SESAPI aprovou no MS recursos para implantação do Centro Regional de Referência para formação permanente de profissionais que atuam nas redes de atenção integral à saúde e assistência social, uma escola de supervisores clínicos, ambos  especializados na abordagem do crack, àlcool e outras drogas. Se houvesse realmente por parte de alguns técnicos a coragem de cobrar do poder público, de somar conosco, saberíamos do andamento destes projetos.
Temos agora os leitos SUS das comunidades terapêuticas, não conheço a portaria, como deve ser a estrutura, imagino que deverá existir uma equipe médica tradicional. Também não sei se comunidades do Piauí foram beneficiadas. Não concordo com os tratamentos fechados, longos meses afastados da vida em comunidade, o usuário volta para casa e do lado ou na frente tem uma boca de "crack" e toda uma situação social que o vulnerabiliza. Os alcólicos anônimos se mantêm sóbrios com o apoio da irmandade, refletindo seus sofrimentos na cabeceira de mesa e negando o álcool por mais um dia. Então se uma outra via precisa ser criada, reinventada , não estará na perspectiva do hospital especializado, na permanência do estigma que o dependente químico divide com o louco.   

quinta-feira, 28 de abril de 2011

VIII SEMINÁRIO DE RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS E SAÚDE

Sempre lutamos para a sensibilização dos movimentos sociais para o ativismo em saúde mental. Batalha difícil. Mas argumentamos que todos os segmentos dos movimentos específicos convivem com pessoas passíveis de sofrimento psiquíco: mulheres, trabalhadores, negros, homoafetivos, soro positivo, prostitutas e outros. Aos poucos acredito que vamos dando visibilidade a causa da saúde mental. O convite para uma sala de conversa com o tema no VIII Seminário de religiões afro - brasileiras e saúde, 29,30 de abril e 1º de maio, é resultado dessa longa e lenta incursão pelos movimentos sociais, expondo, pedindo, argumentando a necessidade da discussão, do envolvimento político destes movimentos com a questão que atinge militantes de todos os segmentos, das lutas de classe, gênero, a entidades ligadas a saúde.
Dia 30 de março participaremos a partir das 14:00, da sala de conversa A política nacional de saúde mental e suas relações com os terreiros. No Rio Poti Hotel, sala D.  Quem não fez incrição pode  acompanhar como observador.

BEBO SIM E...ESTOU MORRENDO!!!

27 de Abril de 2011 - 16:13

Álcool ainda é o grande vilão das drogas

Agência Senado
O coordenador nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde, Roberto Tykanori Kinoshita, disse nesta terça-feira (26) que embora o uso de "crack" tenha grande visibilidade, o álcool ainda é a droga que acarreta mais problemas e prejuízos para a sociedade brasileira.
Durante audiência pública no Senado, Kinoshita advertiu que o álcool tem custo econômico "infinitamente superior" para o país, principalmente com o tratamento das doenças causadas pela bebida e com a violência no trânsito.
O representante do ministério falou em painel do ciclo de debates sobre o "crack" promovido pela Subcomissão Temporária de Políticas Sociais sobre Dependentes Químicos de Álcool, "Crack" e Outras Drogas, que funciona no âmbito da Comissão de Assuntos Sociais (CAS).
Kinoshita garantiu que o Brasil tem condições de enfrentar os problemas causados pelo "crack", mas ressaltou que esse enfrentamento é complexo, e não deve se limitar ao tratamento de dependentes e ao combate ao tráfico.
Para ele, a prevenção às demais drogas é muito importante, bem como o apoio para que os ex-dependentes não recaiam no vício.
O coordenador informou que o ministério desenvolve um programa de médio e longo prazo para o enfrentamento do "crack", que inclui a ampliação da rede pública de atendimento a dependentes e a expansão das assistências social e psicossocial.
Questionado pela vice-presidente da subcomissão, senadora Ana Amélia (PP-RS), que presidiu a reunião, Kinoshita disse que o Ministério da Saúde percebeu que a ampliação dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) não é suficiente para o combate ao "crack".
Por isso, acrescentou, um dos focos atuais é o apoio para que os recuperados não voltem às drogas.
Buscamos aliar a prevenção ao tratamento e à promoção de melhores condições de vida, para diminuir a vulnerabilidade desses grupos sociais - explicou.
O senador Eduardo Amorim (PSC-SE) ressaltou a necessidade de o combate às drogas incluir políticas sociais de inclusão, combate ao tráfico e recuperação dos dependentes.
A maioria dos dependentes não encontrará saída das drogas sem ajuda - disse.
Respondendo ao presidente da subcomissão, senador Wellington Dias (PT-PI), o coordenador do ministério disse que o país precisa investir mais na atenção primária da rede de saúde (pronto-socorros e emergências), principalmente na capacitação dos profissionais, pois são essas unidades as mais procuradas pelos dependentes.
Kinoshita também lamentou que os profissionais de saúde e a sociedade em geral ainda tenham preconceito em relação aos dependentes químicos.

É o que eu digo: lícito o alcool é símbolo de alegria, não existe festa sem alcool. As pessoas, homens e mulheres aprendem desde cedo achar natural seu uso, aprendem com os pais, avós, tios, tias, mães, todos bebem nas festividades familiares. Em shows de quaisquer estilo musical, junto com a aglomeração de jovens ele está presente, copo numa mão e cigarro na outra. Nuvens de fumaça e meninos e meninas, alguns "coroas" festejam nesse ritual. As excessões é que chama a atenção.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

I CONSULTÓRIO AMPLIADO EM SAÚDE MENTAL

Todo encontro amoroso é terapêutico. O I Consultório Ampliado em Saúde Mental tem com objetivos proporcionar um encontro entre amigos,  pacientes que se encontram por anos ou meses no consultório, conversam entre si, trocam telefones ou muitas vezes presos em seus momentos de crise, não percebem a existência do outro. Promover o apoio e ajuda mútua na prevenção e momentos de crise mentais nos diversos espaços de nossas vivências como estudantes, dona de casa, profissionais, filhos, pais e amigos.  Fortalecer nossas redes de amizade, adquirirmos conhecimentos sobre autogerenciamento de nossas vidas   de  pessoas vivendo e convivendo com sofrimento psíquico, usando medicação e fazendo terapias e ou práticas integrativas e complementares.
MAIO /14 TEMA:  Vivendo com diagnóstico psiquiátrico e qualidade de vida.
Facilitador: Dr. Edson Paz / psiquiatra
 MAIO/ 21 : A mulher no contexto da dependência química
Facilitadora:  Deusa Alcântara / socióloga
MAIO/28 TEMA: Terapia Comunitária
Facilitador: colaborador (a) do Amigo no Ninho
JUNHO/04: Automonitoração dos Sintomas (Oficina)
Facilitador: colaborador (a) do Amigo no Ninho
JUNHO /11; TEMA: Transtorno Mental e o cuidado na família
Facilitador: Professora Dra. Lúcia Rosa
JUNHO/ 18: Suicídio e Luto (Oficina)
Facilitador: Especialista em Tanatologia Carlos Henrique Aragão
JUNHO/ 25: TEMA: Prevenção de recaídas e Autogerenciamento de crises
Facilitador: Colaborador (a) do Amigo no Ninho
JULHO/02: TEMA: Práticas Integrativas e Complementares para Saúde Mental
OS encontros se darão aos sábados, no horário das 15:00 às 18:30.
Local: Sala do CCS/ Av. Frei Serafim, ao lado do HGV        
ORGANIZAÇÃO: AMIGO NO NINHO: Rede de Apoio e Suporte em Saúde no Piauí
                             PROJETO NINHO: Saúde Mental Juvenil/NUPEC-UFPI
            COLABORAÇÃO VOLUNTÁRIA POR ENCONTRO: 10,00
INSCRIÇÕES: Edileuza 8824-6343/9402-4035 email: madileuzazem@hotmail.com

segunda-feira, 25 de abril de 2011

O CASO ANA CAROLINA CORDOVIL HEIDERICH SILVA DE CACHOEIRO / ES

ANA CAROLINA CORDOVIL HEIDERICH SILVA‏
Ela só tinha 18 anos,e foi mais uma vida ceifada pelo criminoso sistema psiquiátrico de nosso país.
POR ESTA E MUITAS OUTRAS VIDAS, PRECISAMOS UNIR FORÇA EM PROL DE UMA URGENTE URGENTÍSSIMA REFORMA PSIQUIÁTRICA ANTIMANICOMIAL NO BRASIL.

DEPOIMENTO DE NERCINDA (MÃE DE ANA CAROLINA)

Internei minha filha no dia 26/11/2006 por volta das 19h. Na Clínica de Repouso Santa Isabel LTDA em Cachoeiro do Itapemirim/ Es. O meu objetivo era a Clínica Capaac por ser bem menor e possuir, apenas cerca de 35 leitos divididos entre masculinos e femininos. Chegando lá o médico nos informa que não tinha vaga e fez o encaminhamento para a Clínica Santa Isabel. Antes de ser atendida lanchou. Como ela queria biscoito de chocolate e dei de morango, por engano, ficou chateada. Logo o médico chegou e pediu que os enfermeiros a levassem para outra sala enquanto ele conversava comigo. Ela perguntou ao médico se não poderia ficar comigo até à hora da internação, ele alegou que era apenas para ver a pressão. Até eu acreditei. Porém, ela perguntou por que ele mesmo, não olhava sua pressão ao que respondeu que, o seu aparelho estava lá dentro. Foi a última vez que nos vimos.

Falei das suas dificuldades, dos medicamentos que ela tomava (trileptal300ml, rivotril2ml, fluoxetina20ml, metformina e glimepirida para controlar a glicose tipo II e que ela nunca tinha tido problema, pois media sempre 113, 123, 124 e poucas vezes chegavam a 145). Mas nunca havia ficado doente fisicamente.

Pedi que não lhe ministrasse Haloperidol, pois era alégica e já tinha sido socorrida na emergência com a língua inchada, para fora após ter tomado 20g de haldol mais um comprimido de akneton em dois dias somando 40g e dois comprimidos de akneton de 1ml.
Para reverter o quadro, a medica plantonista lhe aplicou Decadron e fernegan. Ele anotou, pois me pediu que repetisse os nomes dos medicamentos enquanto escrevia. Esta ficha não consta no prontuário, já que o mesmo me foi negado durante 6 meses.
Pedi a exumação após três dias e só consegui após 7 meses e dezesseis dias com muita insistência.

O médico diz que foi infarto do miocárdio , o legista diz , causa indeterminada, já que o coração estava em perfeito estado de conservação. Porém o pulmão esquerdo estava murcho. Além do tempo ainda os materiais só foram enviados para exame de laboratório depois de 40 dias, assim mesmo porque eu liguei para o IML para saber do resultado, eles não sabiam de nada já que estes materiais ainda estavam aqui em Manhuaçú e só saiu depois que eu falei com a delegada. Liguei outra vez para o IML e a perita me disse que foi impossível detectar a causa pelo fato das víceras estarem e formol o que atrapalha, segundo ela, as investigações. Estas partes não podem ser colocadas em nenhum conservante. Tentei contestar o laudo, mas encontrei dificuldades. O advogado do caso não se pronunciou. Infelizmente parece que neste mundo temos que saber de tudo, o que é impossível.

Ao terminar a consulta quis ver minha filha. Ele me disse que não era possível, pois ela estava sedada. Assustei-me e, falei: O Dr. não deu haldol pra ela! Ele me disse que não e que teria lhe dado apenas diazepam com biperideno.
Ao sair a atendente me pediu que eu deixasse para vê-la após,pelo menos 05 dias até que o paciente se habituasse no ambiente. Eu ligava cerca de três a quatro vezes por dia e só recebia boas notícias. Ela está bem!Mas não podia falar com opaciente hora nenhuma pelo telefone.

No final de 05 dias, fui visitá-la, mas cheguei depois da visita por causa de atraso do carro que nos levou. Mesmo assim o atendente me deixou vê-la, mas fui convencida sutilmente, por uma enfermeira a deixar a visita para segunda feira, uma vez que era o dia da reunião e ainda era muito cedo, já que agora era que eles estavam conhecendo o seu problema e que a minha visita poderia interromper o tratamento. Deixei uma bolsa com várias peças de roupas, maçãs, e voltei chorando, mas nunca me passou pela mente que ela corria risco de morrer.

Cheguei na segunda feira às 11h. Dirigi-me a assistente Social, me identifiquei ao que me respondeu que esperasse à hora da visita oficial às 13,30h. Quando fui entrar no pátio de visitas, ao mencionar o nome da paciente fui barrada e levada de volta para a sala da assistente Social onde gritei, rolei pelo chão, não sabia mais o que fazer. Minha única filha estava sem vida com apenas 18 anos. 04/12/2006
Quando consegui o prontuário vi que o médico não só prescreveu haldol, como em doses altíssimas [10mlde haloperidol;300ml de amplictil,4ml de biperideno além de Daonil. Só Daonil não era injetável. Cheguei à triste conclusão. Os medicamentos eram injetáveis porque ela não aceitava tomar haldol pois tinha plena consciência do mal que lhe causava. E lá eles são obrigados a tomar os medicamentos que é para manter a ordem. Se quiserem explicações de como lá funciona entrem em contato com Cassiane Cominiti Abreu Graduada em serviço sicial na UFES Cassiane abreu< cassiufes@yahoo.com.br>
Integralidade e intersetorialidade em álcool e drogas: a relidade dos municípios capixabas
Voltei a clínca no dia 08/12/2006 para mais esclarecimento. O diretor Agostinho Sergio Fava Leite nos disse que ele soube que ela havia caído.já que eu havia constatado um grande hematoma em sua cabeça da orelha para cima no lado direito no dia do seu falecimento e meu sobrinho, no dia do velório, constatou hematomas na parte inferior do braço e na costela do mesmo lado. No dia 08 me acompanhavam: Alcinéia o advogado Dr. Ernesto e o motorista Gilcemar que presenciou uma senhora conversando comigo no pátio a qual me disse que era quem dava banho em minha filha,que lavava suas roupas e que lhe deixara muitas recordações. Fiquei mais uma vez surpresa Ana Carolina era totalmente independente.

No prontuário consta que ela estava em estado de prostração e que nos dia 02e03/12/2006 o clinico geral Dr. Sergio Serafim Costalonga passou a ministrar-lhe 40g de buscopan+40g de elixir paregórico, pois ela estava com diarréia em grande quantidade.
Denunciei ao MP por orientação do Médico que lhe acompanhava a cerca de 3 anos mais ou menos, ao CRM e a Comissão de Direitos Humanos do Estado do ES.

A investigações da Polícia Civil, na minha opinião muito deficiente. O primeiro delegado não deu conta do inquérito. O segundo chegou a me dizer que estava confiante que iríamos a júri mais foi transferido. O terceiro já concluiu dizendo que: não encontrou fundamento suficiente para indiciamento dizendo que eu sublimasse a minha dor de outra forma, que tinha mais coisas para fazer e desligou o telefone, já que eu insistia na intimação de mais pessoas para serem ouvidas, uma investigação mais apurada dos fatos e acareação entre o Dr. Clínico Dr. Agostinho Fava Leite, o Médico responsável Dr. Silvio Romero de Sousa França e Maria das Mercês dos Santos a serviçal que mudou todo o seu depoimento, o Dr. Ernesto advogado que conversou em particular com o Dr. e achou que eu não deveria representar contra a clínica.

Suspeitas: Hipoglicemia, overdose medicamentosa, além da alergia ao haldol, tombo,
Enfraquecimento, já que ela não se alimentava o que é de se estranhar para uma pessoa que não dispensava uma refeição, se quer. E que tínhamos que ficar de olho já que ela estava acima do peso normal. Mais um motivo para que ele tomasse mais cuidado, embora ela era muito ativa, inteligente, não sentia nem mesmo dor de cabeça, o que era raro.

Alto Caparó, 20/04/2009

From: nercinda.c.heiderich@hotmail.com
To: reporterrecord@rederecord.com.br
Subject: FW: O Caso Ana Carolina Cordovil Heiderich
Date: Sat, 23 Apr 2011 20:10:08 +0000

 

GERÊNCIA DE SAÚDE MENTAL: QUEM É ALBA?

Ontem a noite sonhei que tentava tomar um ônibus lotado e não conseguia, as pessoas entravam pela porta de trás e da frente ao mesmo tempo, um homem negro, de calção e descalço, camiseta suja e pele maltratada com manchas, também não conseguia. Eu e outros ficávamos questionando se este era louco ou estava numa crise mental por causa de drogas, devido as marcas nas pernas, braços e rosto. De repente o "louco" se irrita, se agacha e pega enormes pedras e arremeça sobre as pessoas, principalmente parece cismado comigo. Esquece a multidão e começa a me perseguir. Fujo correndo, não consigo acalmá-lo. Muitas pedras, que tenho que me agachar barranco (aparece um barranco vicinal, mas estávamos numa avenida???) abaixo, com ajuda de uma mulher que dizia que era irmã do homem, que nesse momento já era um menino. Confusões ôniricas! Noutra cena na sequência, me encontro na gerência de saúde mental do Estado. Não reconheço algumas pessoas. Converso com a doce Valda, trabalhadora da sala da frente, da vigilância em saúde, DUVAS. É tudo confuso. As pessoas conversam muito e não entendo sobre o que falam. Ninguém quer saber da minha história e do louco que me jogava pedras. Não lembro mais se aconteceram outras coisas relacionadas.
Sonho significativo, para não dizer, intuítivo. Hoje pela mnhã, 25/04, ao ligar para gerência, alguém me informa que uma psicóloga chamada Alba, acaba de assumir o cargo de gerente. Ninguém soube informar sobrenome, de que serviço  psiquiátrico ou psicossocial veio, se tem alguma experiência em gestão de serviços em saúde mental. Nada. Mais uma vez o empoderamento do usuário é balela de conferência. O protagonismo do movimento de usuários é negado. Fizemos vários ofícios, falamos com a própria secretária Lilian Martins, indicamos nomes. Após quatro longos meses uma paraquedista é nomeada. Posso conhecer de vista ou esta moça ou senhora pode me conhecer da luta assumida. Liguei para alguns psicólogos, ninguém conhece.
Resignada, tento não sofrer. Alguns técnicos ligando para participarem de atividades do Ninho. Cotidianamente a rede afetuosa, silenciosa e amparadora balança devagarinho.

domingo, 24 de abril de 2011

CONVITE
ADUFPI Debate com Parlamentares Situação do Hospital Universitário
ADUFPI convidou os parlamentares (deputados federais e senadores- alguns já confirmaram) para participar de um momento de discussões sobre a Medida Provisória 520. No evento também estarão presentes várias entidades sindicais e movimentos sociais do Piauí. O convite foi feito, também, ao reitor da UFPI e ao diretor do Hospital Universitário para participarem do debate que ocorrerá no dia 25 de abril (segunda-feira), às 8 horas e 30 minutos, no auditório da ADUFPI e estará aberto ao público.

A MP 520 editada em 31/12/2010 institui a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares S. A. (EBSERH) para gerenciar os hospitais universitários, que terá personalidade jurídica de direito privada. Essa MP, além de promover a terceirização da mão de obra, desrespeitando a exigência de concurso público, fere a autonomia universitária expressa no artigo 207 da constituição Brasileira. Venha participar conosco.

envie esse convite para sua lista de email.








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MÁRIO ÂNGELO DE MENESES SOUSA
Prof. Geografia - Universidade Federal do Piauí (UFPI)
Departamento de Geografia e História - DGH/CCHL
Campus da Ininga, S/N° - Cep: 64.049-550 / Teresina - PI
Telefone: (86) 3215-5777 / 3215-5778

O campus da UFPI tem significativo número de estudantes, funcionários e professores que vivem com transtornos mentais, mas infelizmente ainda não é temática suficiente debatida e objeto de pesquisas. Espero que com o hospital funcionando definivamente esta área se abra, pelo menos ambulatoriamente. O campus de Teresina não conta com o curso de Psicologia, não entendo o porquê, se a UESPI e faculdades menores já o possuem há alguns anos. É isso. As lutas são coletivas. Somamos com a ADUFPI.

LOUCA PELA VIDA RECOMENDA A LEITURA

Livro sobre tendências em saúde mental chega à terceira edição

ENSP, publicada em 20/04/2011
Contribuir para o entendimento das dimensões e estratégias do campo da saúde mental e atenção psicossocial, bem como para a análise dos caminhos e tendências das políticas brasileiras nessa área, é o objetivo central do livro Saúde Mental e Atenção Psicossocial, título da Editora Fiocruz que chega à terceira edição (revista e ampliada). Na publicação, o médico Paulo Amarante, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), faz uma reflexão sobre o percurso que vai desde as bases da psiquiatria - e do manicômio - aos projetos atuais, que buscam construir um 'novo lugar' para as pessoas em sofrimento mental.

Amarante foi um dos pioneiros na luta contra a violência psiquiátrica no país, denunciando à sociedade a realidade perversa dos manicômios. No livro, que faz parte da coleção Temas em Saúde, o autor discute inicialmente os conceitos e práticas que fundaram o paradigma psiquiátrico, com a apropriação da loucura pela medicina e a constituição dos hospícios. Em seguida, aborda as diferentes tentativas de transformar esse paradigma.

O sistema terapêutico centrado na hospitalização, em que o paciente era visto como insano, incapaz e irresponsável, se aproximava das instituições carcerárias, inclusive com dispositivos de repressão e punição. As primeiras propostas no sentido de superar esse modelo ficaram restritas a reformulações dos serviços médicos, com tentativas de humanizar o hospital e criar atendimentos externos.

No entanto, Amarante argumenta que é preciso ir mais além. Segundo o autor, não se deve pensar o campo da saúde mental e atenção psicossocial como um modelo ou sistema fechado, mas como um processo - um processo social complexo, em constante movimento e transformação, em que a dimensão médico-científica é uma entre muitas. "A dimensão sociocultural é uma dimensão estratégica e uma das mais criativas e reconhecidas, nos âmbitos nacional e internacional, do processo brasileiro de reforma psiquiátrica", destaca o pesquisador. Nesse sentido, é essencial envolver a sociedade na discussão da reforma psiquiátrica, estimulando a reflexão sobre a loucura, a doença mental e os hospitais psiquiátricos a partir da produção cultural e artística dos próprios envolvidos: pacientes, familiares, profissionais e voluntários.

"Existe um aspecto fundamental nesta dimensão sociocultural que demonstra a sua interrelação e interatividade com as demais dimensões: a participação social e política de todos os atores sociais envolvidos com o processo de reforma psiquiátrica", acrescenta o autor. "Ouvidas adequadamente, as pessoas precisam ser orientadas e, na medida do possível, devem ser envolvidas nas soluções, encaminhamentos e tratamentos construídos de comum acordo, sempre procurando evitar que a pessoa levada para o atendimento seja alijada do processo", aponta Amarante. Em síntese, o livro demonstra como a saúde mental e a atenção psicossocial constituem um campo vigorosamente plural, intersetorial e com grande transversalidade de saberes. Trata-se de um campo que movimenta uma ampla rede de saberes, como psiquiatria, neurologia e neurociências, psicologia, psicanálise, fisiologia, filosofia, antropologia, filologia, sociologia, história e geografia, além de manifestações religiosas, ideológicas, éticas e morais das comunidades.

Por fim, o livro traz uma série de sugestões de leituras e filmes sobre a temática da saúde mental. Afinal, "o mais profundo e rigoroso tratado científico não consegue, na maioria das vezes, falar tão diretamente à alma como uma obra de arte", argumenta o pesquisador.

Serviço:
Saúde Mental e Atenção Psicossocial
Paulo Amarante | Coleção Temas em Saúde
120 páginas
R$ 15
Editora Fiocruz
Tel.: 21-3882-9039 / 9007
editora@fiocruz.br

Fonte: Editora Fiocruz
Informe ENSP

sábado, 23 de abril de 2011

A LUTAS NA SAÚDE MENTAL: Zuzu Fontes

Zuzu Fontes, ativista antimanicomial residente no Espirito Santo, precisamente em Cachoeiro de Itapemirim enfrenta um processo movido por um dono de Clínica psiquiátrica conveniada pelo SUS por denunciar, junto com uma amiga, maus tratos aos pacientes ali internados. A amiga teria perdido a filha, morta numa internação nesta clínica. Não sei mais detalhes. Mas repasso aqui, seus sofridos emails de ajuda hoje na rede. Pede ajuda e um posicionamento da Luta Antimanicomial. Espero que consiga concretamente mais que emails de apoio a resolução de seu problema. Infelizmente não acho que os usuários de saúde mental tenham tamanho organização para disporem de um advogado, ou a articulação com as redes de movimentos socias existentes no Espirito Santo, mais parece não ser tão distante do Rio, hoje apesar das dificuldades locais ainda concentra grandes nomes da luta, como Paulo Amarante, Eduardo Mourão Vasconcelos e tantos outros menos acadêmicos e mais ligados aos movimentos sociais. A vida real da luta da saúde mental é dificil, cansativa, adoecedora. O movimento nas redes sociais, blogs não abarcam a dimensão da realidade. Posto aqui alguns emails que recebi durante o dia. Enviarei o link para todas a lideranças que conheci em encontros nacionais que participei e outros.

 AMIGOS

EU E NERCINDA VAMOS A JULGAMENTO NO DIA 9 POR DENUNCIAR-MOS MAUS
TRATOS NA CLINICA SANTA IASBEL EM CACHOEIROD E ITAPEMIRIM

PRECISO DA AJUDA DE VOCêS

URGENTE

NÃO TENHO ADVOGADO.
A LUTA AINDA NÃO SE POSICIONOU.
DIZER, ESTAMOS APOIANDO VOCES, NÃO ESTÁ FAZENDO EFEITO

EM QUE ESTAMOS SENDO APOIADAS?

PRECISAMOS DE ADVOGADOS!

Date: Sat, 23 Apr 2011 16:20:13 -0300
> Subject: SOS ANTIMANICOMIAL ES URGENTE FAVOR REPASSAR!
> From: zulmiragfontes@gmail.com
> To: spock_alex@ymail.com
Nó da AbrasmeSP, temos acompanhado e nos posicionado no apoio a Zumira.
O Sr Geraldo, o Mario membros do colegiado da Abrasmesp tem a cada desdobramento encaminhado apoio e repudio as autoridades Capixabas.

Poderíamos; as entidades que vem acompanhando o caso, apresentar "Carta de Repudio" aos desmandos e desrespeito que nossa companheira vem sendo vitimada.

Fato de maior urgência é encontrar alguém que possa acompanhar o caso no Espirito Santo, uma vez que segundo a Zuzu está sendo a maior dificuldade.

Abs
Fabio
"Caros

Precisamos nos posicionar e apoiar a companheira Zulmira

Marisa Feffermann"

---------- Forwarded message ----------
From: Zuzu
Date: Sat, 23 Apr 2011 09:02:24 -0300
Subject: condenaçao antimanicomial da zuzu
To: Geisa Nara Dias da Silva Nara Dias da Silva

AMIGOS DA LUTA ANTIMANICOMIAL


Segue o texto QUE SAIU NO CORREIO DA LAPA
preciso divulgá-lo para a imprensa.aINDA NÃO TENHO ADVOGADO!
Se vc puder repassar aos seu colegas, agradeço
beijos
zuzu

http://correiodalapa.blogspot.com/2011/04/espirito-santo-e-cachoeiro-terra-de.html
Marisa, concordamos e apoiamos seu posicionamento. Já nos manifestamos difundido a matéria publicada. Temos acompanhado com muita atenção o desenrolar de mais este ato de prepotência, que nos traz a lembrança Carrano e tantos outros companheiros. Apelo para que todos que estão nesta lista, sugiram o que poderíamos fazer, nós francamente eu e Dulce não temos meios para fazer esta articulação, mas apoiamos e queremos colaborar com a nossa razão e os nossos desejos
"Não digam, nunca - isso é natural"
Geraldo e Dulce - São Vicente
 
Amigos,
Há algum tempo milito na área de direitos humanos, no movimento
luta-antimanicomial e almejo ver os usuários tendo direito
acompanhantes enquanto internados.Portanto o mundo virtual nos oferece
uma nova ferramenta:
UM ABAIXO ASSINADO VIRTUAL.
PARTICIPE CLICANDO AQUI E ASSINANDO.
OBS-NÃO É PRECISO DEIXAR CPF!
 
 
http://www.abaixoassinado.org/assinaturas/abaixoassinado/6433
Nos ajude a divulgar postando esta mensagem também na sua página de rede social!

Date: Sat, 23 Apr 2011 17:15:08 -0700
> From: zulmiragfontes@gmail.com
> To: madileuzazem@hotmail.com
> Subject: Este abaixo assinado é de Direitos Humanos e nós precisamos de sua assinatura! RE: SOS ANTIMANICOMIAL ES URGENTE FAVOR REPASSAR

Minha sugestão para a companheira:

Amiga Zuzu,

Em todo Estado tem defensoria pública. Procure os sindicatos. Aqui no Piaui, Teresina, eu faço assim, conheço promotor público, advogados de sindicatos, partidos de esquerda, políticos simpatisantes porque são familiares, etc.
Acalma o juizo, usa sua medicação e sua amiga também. Organiza toda documentação existente sobre o caso, xerox dentro de uma pasta e vá com confiança, buscar redes de apoio concreto no seu território, na sua cidade. Na sua cidade não tem nenhuma associação de usuários de saúde mental?
Advogado público é com a defensoria pública, todo réu tem direito a um. E aqui a defensoria pública estadual, tem um núcleo só de Direitos Humanos. A OAB local. Acredito que essas também serão as vias na sua cidade e Estado. Ligue hoje a noite, amanhã, o CRESS, conselho regional de serviço social, CRP, conselho regional de psicologia. Sempre tem alguém sensível ou a ser sensibilizado. Segunda-feira, comece essa incursão. Tudo acabará bem.
Grande abraço,
Edileuza



A SAÚDE MENTAL DO EMPREGADO COMO DIREITO FUNDAMENTAL



Em 2002, foi constatado que 48% dos trabalhadores brasileiros afastados por mais de quinze dias da atividade laboral sofriam de alguma espécie de transtorno mental. A Organização Mundial da Saúde estima que, em dez anos, a depressão se torne a principal causa de incapacitação para o trabalho, bem como a doença que mais gerará custos econômicos e sociais para os governos, em função dos gastos com tratamento de saúde e das perdas de produção.
Os dados e perspectivas apontados para os próximos anos são pessimistas quanto ao impacto das novas políticas de gestão de trabalho na saúde mental, o que impõe a defesa de uma nova racionalidade ética capaz de legitimar a eficácia horizontal do direito à saúde mental do empregado, excedendo-se ao mero “legal e ilegal”, porque também considera o que é “justo e injusto”.
O que se pretende por meio desta obra, a exemplo da normopatia de Eichmann que não fazia juízo moral de suas atrocidades, é que os juristas brasileiros, imersos em um novo contexto constitucional, sejam capazes de distinguir, nas condutas “legais”, o certo do errado.
Nesse sentido, este livro se torna um convite a destrinchar temas jurídicos dos mais atuais em âmbito trabalhista e constitucional: o direito fundamental à saúde mental do trabalhador e a teoria da eficácia direta dos direitos fundamentais nas relações deo emprego.
Tallita Massucci Toledo é Advogada Trabalhista graduada pela UFPR — Universidade Federal do Paraná. Mestra pela Pontifícia  Universidade Católica do Paraná

Como comprar:

CURSO: “ Estratégias e Orientações para o Atendimento da Criança Autista na era da Inclusão”


Dias :29/04/2011 (sexta -feira), das 8:00hs as 17:00hs) e 30/04/2011 (sábado) das 8:00hs ás  17:00hs.

Local: AMA/PI (Rua Oseas Sampaio,s/n,B.Primavera ,antigo Colégio Celso Pinheiro)

Ministrantes:
Maria de Fatima Soares Pinho/Professora da UESPI e Coordenadora  Pedagógica da AMA/PI.
Poliana C.da.Silva Santos/Assistente Social/Especialista em
Prevenção, Promoção e Recuperação em Saúde Mental.

Luciana Fernandes de Moraes Luz/ Psicopedagoga da AMA/PI.

Maria Rozalia Soares de Sousa/Psicopedagoga e Diretora da AMA/PI.

Publico Alvo: Pedagogos, Psicologos, Psicopedagogos, Educadores Físicos, Estudantes Universitários e Áreas afins.

Objetivos:

 Capacitar os participantes a conhecer as formas de aprendizagem do aluno com autismo oferecendo um modelo de orientação psico-educacional e situações facilitadoras da aprendizagem.

Programa: Transtornos Globais do Desenvolvimento

-Espectro do Autismo
- Caracterização das desordens do espectro autista;
- Diagnostico precoce; -
Formas de Tratamento;

- Como uma criança com autismo aprende?;
- O que fazer para ajudar? ;
- Estratégias Organizadoras;
- Suportes Visuais e Organização de Materiais;
- Adaptações Curriculares;
- Proposta de Atendimento Multi-disciplinar.


Investimento:
R$ 60,00
Forma de Pagamento:
Deposito Bancário – Banco do Brasil /Ag: 1637-3 Conta: 46678-6

Presencial na AMA/PI;

As inscrições deverão ser confirmada
pelo email : amapiaui@hotmail.com ,
com o nome completo do inscrito, RG, CPF, data de nascimento, cidade, telefone e e-mail pessoal, formação acadêmica e digitalização do comprovante de deposito.

Observações:
- Será oferecido certificado aos participantes inscritos de 20 horas.
- Maiores informações: (86)3216-3385 /(86) 32214542


quarta-feira, 20 de abril de 2011

ENTREVISTA COM ROBERTO TYKANORI

Os 10 anos da reforma psiquiátrica no Brasil

Data de publicação: 
18/04/2011
Apesar de discutida há mais de duas décadas no Brasil, a reforma psiquiátrica completa, neste mês, apenas 10 anos. Formalizada em 2001, a lei nº 10.216 estabeleceu as diretrizes da saúde mental no país, moldurando uma nova estratégia, fundada na humanização do tratamento e na formação de uma rede, cujo núcleo deixou de ser o hospital.
Defensor desse modelo, o governo federal criou, em 2003, o programa De Volta Para Casa, que hoje atende mais de 3,7 mil brasileiros em 614 municípios, sendo 19 habilitados pelo Ministério da Saúde. Baseado na lógica da descentralização, o programa concede um auxílio de R$ 320 aos pacientes que receberam alta da internação psiquiátrica. Segundo informações do ministério, em 2010, foram investidos R$ 13,8 milhões no De Volta. Para a atenção especializada, foram consolidados os Centros de Atenção Psicossocial (os CAPS), que atualmente são 1.620 – número quatro vezes maior que em 2002, quando se registravam 424 centros.
O modelo, entretanto, é ainda questionado por muitos profissionais da área de saúde, que não concordam com o processo de “des-hospitalização”, que estaria sendo provocado pela desistitucionalização – bandeira da reforma.
Em entrevista ao Brasilianas.org, o novo coordenador de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Roberto Tykanori explica porque o modelo atual é o melhor e qual os problemas que ainda devem ser enfrentados. “A questão de des-hospitalizar, dentro da reforma, é uma etapa para você atingir os objetivos mais importantes”, afirma.
Confira abaixo os principais momentos da entrevista.

Obra de Carlos Pertuis, do acervo do Museu de Imagens do Inconsciente. Pertuis foi paciente de Nise da Silveira, fundadora do museu, psiquiatra brasileira e aluna de Carl G. Jung

Brasilianas.org - A desistitucionalização, promovida pela reforma psiquiátrica no país, diminuiu o número de leitos da saúde mental, tirando o hospital do centro do tratamento de pacientes. Mas esse processo não tem caminhado para uma “des-hospitalização”?
Roberto Tykanori – São duas coisas diferentes. Des-hospitalizar é realmente um processo que ocorre de retirar as pessoas dos hospitais. Essa idéia tem vários aspectos, sendo que o principal é mudar o eixo do atendimento e o eixo do investimento. Isso tem a ver com a mudança de modelo, porque significa sair do raciocínio centrado no hospital, e construir outro tipo de modelo. Existe uma dimensão, dentro da palavra “des-hospitalizar”, que é a seguinte: descentralizar o recurso que concentrado no sistema hospitalar. Ou seja, tem o aspecto de des-hospitalizar o dinheiro.
 Do ponto de vista do desenvolvimento da política, é crucial você conseguir transferir recursos de um sistema, que já está aplicado e concentrado num sistema hospitalar, para outro sistema, que tem outro modo de raciocinar. A questão de des-hospitalizar, dentro da reforma, é uma etapa para você atingir os objetivos mais importantes. Estamos saindo de um modelo que era concentrado, tanto de recursos, como de pessoas. Havia uma distribuição de recursos para poucos lugares, e as pessoas que tem acesso a esses lugares ficam super-concentradas num mesmo ponto. O modelo novo descentraliza o recurso, para facilitar o acesso e torna os espaços de atendimento não concentracionários. Os pontos passam a ser de convívio.
Passa-se, também, a mudar o foco, para cada vez menos nas situações extremas, para cada vez mais olhar e apoiar os pacientes no seu cotidiano. Passa a haver a possibilidade de atendimento nas situações cotidianas. Em 2002, houve 460 mil atendimentos; em 2010, com essa descentralização e esse processo de transferência de recursos para uma rede nacional, aumentando o acesso e a oferta, fizemos 21 milhões de atendimento.
Mas apesar dessa descentralização, o que se verifica, em outros países, é que modelos desse tipo esbarram nos contingentes de doentes mais graves, que não conseguem viver sem supervisão institucional. Não há esse problema aqui?
Por que temos 21 milhões de atendimentos? Não significa 21 milhões de pessoas; significa o conjunto de atendimentos muito mais denso e intenso. Tem pessoas, que precisam passar pelo atendimento apenas uma vez por mês, mas outros precisam de atendimento cotidiano, de cuidados intensivos. Antes, como eu disse, havia uma concentração muito grande de recursos e de pessoas, mas pouquíssimos profissionais na rede. Hoje, temos uma quantidade enorme de pessoas ofertando atendimento. No aspecto concentracionário, você tinha parentes para tomar conta das pessoas e pouquíssimos funcionários. No modelo atual, cada vez mais fazemos um rede de pessoas.
Em entrevista a este blog, o ministro Alexandre Padilha falou da necessidade de se organizar as redes de atenção do SUS, promovendo a regionalização do sistema. Como tem sido trabalhado o atendimento básico em saúde mental nas redes interfederativas do SUS, uma vez que o foco de muitas delas tem sido a alta complexidade?
Este é um ponto importante. Estamos numa fase em que o sistema está crescendo, mas ainda depende de processos de investimentos. De fato, precisamos avançar na integração de conceitos e práticas junto à atenção primária. Porque, assim como a atenção primária vai ser um reposicionamento, este reposicionamento envolve estabelecer colaboração e sinergia com o sistema de saúde mental, para que a gente atinja, capilarmente, cada vez mais pessoas. Quando o atendimento à saúde mental e a atenção básica estão bem próximos das pessoas, você pode lidar com as situações de conflito da vida cotidiana e real das pessoas. Isso significa ter uma estratégia de atender preventivamente. É um aprimoramento do sistema.
Um ponto que alguns especialistas criticam do sistema de saúde mental brasileiro se refere à ausência da prevenção secundária. O ministério tem se preparado para esta etapa do atendimento?
Quando pensamos em prevenção secundária, é só de trabalho ambulatorial, e isso se mostra, historicamente, ser insuficiente. Como já falei aqui, deve-se colocar o foco no dia-a-dia do paciente, e não apenas no transtorno mental agudo. E o dia-a-dia é difícil. Então, a rede, além de atender principalmente casos graves e de ruptura, o fundamento mais importante é a continuidade do atendimento e da atenção. E isso só se dá em rede.
Por isso que se pensa que, além dos gastos, você tem procedimentos terapêuticos, centros de convivência, você busca ter oficinas de trabalho. Essa composição garante trabalho, renda, lazer e tratamento. Esse tipo de coisa é que vai gerar aquilo que se chama de prevenção secundária, ou seja, a sustentabilidade das pessoas, evitando recaídas ou crises mais prolongadas.
O Brasil possui um sistema básico de prevenção de doenças mentais? Há doenças que, apesar de mentais, podem ser evitadas, como depressão pós-parto ou alguns quadros maníacos.
No caso específico das mulheres grávidas, foi lançada recentemente a chamada Rede Cegonha, que é uma proposta ampla de reorganização da atenção às mulheres grávidas. Um dos componentes é o investimento na qualificação e aprimoramento e passa exatamente por isso. Um dos critérios, que vai ser adotado daqui para frente na rede, é que mulheres que tenham passado histórico de problema mental devem ter histórico de depressão. Ou casos de saúde mental, passam a ser considerados um risco. Ela [a mulher] passa a ser observada durante a gravidez e depois do parto com um protocolo diferenciado.
Isso no caso da depressão na gravidez. Mas casos mais graves de outras psicoses recebem a mesma atenção? A internação hospitalar de urgência, por exemplo, é realizada?
A situação da prevenção é a seguinte: quando você vai atender as pessoas, e está cada vez mais perto, a ação é intervir de fato nos conflitos menores, nas situações de menor complicação...
E as de maior complicação?
É como se fosse o efeito de cascata. Interferindo num problema menor, você evita que ele cresça. Tem problemas que vão crescendo, à medida que elas pedem atendimento. Prevenção é você ajudar a superar essas dificuldades no cotidiano. Faz parte das novas diretrizes qualificar os prontos-socorros - em casos de ruptura, o paciente é encaminhado para lá. Atualmente, temos centrado nos prontos-socorros especializados. Nesse primeiro atendimento, o paciente é atendido por especialistas ou não-especialistas. E ali, a gente precisa qualificar, de fato, esse processo. Vai haver um processo de reorganização das portas de emergência, o que envolve uma qualificação de todos os pontos de atendimento dos casos mais agudos.
Pode-se dizer que um dos obstáculos do tratamento da saúde mental é a dificuldade de se definir diagnósticos quando a doença ainda está na fase inicial?
Na questão específica da depressão, é importante colocar, pois há mudanças de aspectos da doença, que atualmente merecem uma inflexão. Nos últimos meses, diversas pesquisas, particularmente americanas, que mostram que a grande parte da população que atualmente está sendo medicada com esse discurso preventivo, nos EUA, tem os efeitos equivalentes a um placebo. Não significa que seja inócuo, mas se trata de placebo. Isso começa a jogar luz na necessidade você reorganizar o sistema, pois são milhões de pessoas (da população e de parte dos profissionais também) que, culturalmente, entendem que basta tomar um remédio, pois ele ou previne ou trata rapidamente.
Essas pesquisas mostram equívocos, porque os remédios custam caro para as pessoas. A eficácia desses remédios é questionada. A rigor, estamos retomando paradigmas de atendimentos mais antigos, que eram mais fracos, na verdade.
Hoje, em alguns casos, a primeira medida é passar 30 dias de apoio psicossocial, e não entrar com médico. Porque aí outras pesquisas mostram que essas abordagens sociais tem mais efetividade e eficácia do que o procedimento de medicação. Por outro lado, existem outras indicações de que introduções de remédios, em situação em que são desnecessários, acabam gerando, ao longo do tempo, crises piores. Isso é uma mudança de eixo que vem sendo feita com amplos debates.
Qual a base conceitual da reforma brasileira? Ela é totalmente influenciada pelo movimento italiano, de Franco Basaglia?
A boa coisa do Brasil é que, como ele entrou na reforma bem a posteriori, depois da reforma nos EUA, da França e da Itália, isso permitiu à gente fazer um amálgama daquilo que tem de interessante e positivo dessas diversas experiências. A experiência italiana é análoga, de certa forma. Ela é tardia, se comparada com os outros países. O que o Basaglia promoveu foi, de certa forma, o que o Brasil fez, ou seja, tirou o que havia de interessante das experiências anteriores. Aprender com o Basaglia é “vamos aprender com todo mundo”. Aprendemos a copiar assim como os italianos aprenderam.
Qual a contribuição do movimento psicanalítico na formação da reforma? Consegue-se pensar na psicanálise dentro das políticas de saúde mental?
O campo da psicanálise é bastante heterogêneo. Mesmo dentro da psicanálise existem muitas “psicanálises”, o que abre espaço para muitas incongruências dentro dela. As contribuições que foram sendo absorvidas foram, ao longo da história, mostrando a importância de que o psiquismo não é uma coisa a ser deixada de lado – as pessoas possuem uma vida interior, tem idéias, desejos, e isso é um ponto para tratarmos de alguém. No âmbito geral, a psicanálise enriquece a cultura do cuidado e do atendimento. Como tecnologia, há vários tipos de profissionais – o lacaniano, o freudiano etc. – não necessariamente é uma ferramenta a ser utilizada como estratégia única para o planejamento da saúde mental.
O ministério sabe onde estão os loucos, genéricamente falando, do Brasil? Aqueles que estão nas ruas e nas cadeias, como podem ser identificados e tratados?
Para se ter idéia, 3% da população teria algum tipo de problema grave. No Brasil, temos cerca de seis milhões de pessoas nas ruas. 3% de 200 milhões de brasileiros é seis milhões. Então seria quase metade de São Paulo distribuída por aí, sé de casos graves. Dos casos leves, seriam mais 9%, ou seja, aproximadamente 20 milhões. Assim, um em cada dez brasileiro, talvez, está na rua, louco. Então, essa é uma imagem equivocada, dizer que a maior parte dos loucos está nas ruas.
Muita gente que está na rua tem problema, isso é verdade. Certamente, de modo grosseiro, 90% tem problema com álcool. Só o fato de estar na rua, aumenta a vulnerabilidade, e a pessoa piora bastante. Mas, do ponto de vista de uma política pública, primeiro as pessoas precisam sair da rua. Nesse sentido, o governo está desenvolvendo uma estratégia, com a coordenação do Ministério do Desenvolvimento Social, de combate à miséria. Existe o Plano Nacional para a população de rua, cuja implementação está sendo feita gradualmente.
Fonte:

 

terça-feira, 19 de abril de 2011

CRACK: CONSTRUINDO UM CONSENSO!

Aos poucos o "enfrentamento" parece que vai se transformando em "cuidados". Hoje em jornal local matéria sob um título: Saúde Pública, falava de ações de mais uma frente parlamentar de ações contra o crack, da assembléia legislativa do Piauí, mesmo que as ações descritas nada tivessem a ver com saúde. O seminário ainda de enfrentamento, acontecido hoje (19/04) tem sua programação voltada para a formulação da atenção integral ao dependente de crack. Ontem, em entrevista a um canal de televisão, logo após as cenas da caminhada promovida pela câmara de enfrentamento no domingo, Célio Barbosa, coordenador da Comunidade Terapêutica Fazenda da Paz, fez uma fala mais múltipla, diferente de anteriores, que dizia que no Brasil não havia políticas públicas de saúde para a questão das drogas, porque as comunidades terapêuticas não tinham leitos conveniados pelos SUS. Ontem falou que há recursos, admitiu que alguns usuários, pacientes na fala dele, não se adequam ao tratamento fechado, outros já não se adequam aos CAPS ad. Segundo o Diário do Povo (19/04), Célio afirma que o governo está quitando parceladamente as dívidas com a comunidade terapêutica. Sabe-se que existe uma lista de espera enorme de candidatos a tratamento. Não sei se ainda custa um salário mensal. Enquanto isso, o projeto de CAPS ad III, que usaria o espaço do Hospital Dia do Areolino de Abreu parece que morreu na praia, depois de aprovado nas bipartites da burocracia e projeto não sei se enviado para o MS. E o TAC da Ministério Público que obriga a prefeitura abrir mais um CAPS ad durante todo ano de 2010, vencido em 15 de janeiro de 2011, também não foi cumprido e imagino que não esteja pagando multa por descumprimento. Se eu tiver errada alguém me corrija. Outro desastre é a ausência de tratamento para mulheres dependentes quimicas, colocada por Célio e já há muito discutida por aqui. O Ninho aprovou na conferência municipal de saúde mental intersetorial a proposta da construção de um CAPS Mulher, atendendo reinvindicações da associação de prostitutas do Piauí - APROSPI, que acompanha um significativo grupo de mulheres vitimizadas pela dependência.

Luta contra o crack Seminário de enfrentamento começa nesta terça
O uso de crack no país tem deixado a categoria médica em alerta. Diante disso, o Conselho Federal de Medicina (CFM) intensificará a discussão sobre a luta contra a droga, cuja dependência tem características epidêmicas e gera graves problemas nas áreas social e da saúde pública. Na próxima terça-feira (19), acontece na sede da entidade, em Brasília, o Seminário Crack: Construindo um Consenso, durante o qual devem ser formuladas as bases de protocolo de assistência integral ao dependente.

Já estão confirmados para o encontro o coordenador de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Roberto Tykanori, o consultor da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, José Manoel Bertolote, e os senadores Ana Amélia e Wellington Dias, da Comissão Temporária de Políticas Sociais sobre Dependentes Químicos de Álcool, Crack e Outras Drogas.

O seminário pode ser acompanhado em tempo real pela internet. Para isso, há um link no hotsite oficial do evento – www.enfrenteocrack.org.br. Serão proporcionadas imagens de alta qualidade sem a necessidade de instalação de programas. Os internautas também podem participar encaminhando perguntas ou contribuições pelo MSN (contato@enfrenteocrack.org.br) e pelo Twitter (http://twitter.com/enfrenteocrack).

Debates - A programação dá continuidade ao trabalho iniciado no ano passado, quando o CFM promoveu, em parceria com os conselhos regionais de medicina, o I Fórum Nacional sobre Aspectos Médicos e Sociais Relacionados ao Uso do Crack. Ao longo de 2011, outras atividades estão previstas a partir de iniciativa da Comissão de Ações Sociais do Conselho Federal.

A meta é estimular o debate e a tomada de ações concretas focadas na assistência dos usuários da droga e na construção de uma política de capacitação de médicos e de outros profissionais da saúde para o enfrentamento do problema. “O CFM está consciente da dimensão social da saúde e das influências exercidas sobre ela por fatores sócio-econômicos. As suas ações institucionais são orientadas por um paradigma que enfatiza a dignidade humana e a saúde como bem estar geral do indivíduo – físico, mental e social. Portanto, situações como essa, de uso disseminado de crack, exigem esforços preventivos e terapêuticos que não podem estar dissociados das ações governamentais e comunitárias indispensáveis à justiça social", disse o 1º vice-presidente do CFM, Carlos Vital.
No Seminário Crack: Construindo um Consenso, estão programadas duas mesas de debate. Pela manhã, será discutida a criação de um protocolo de assistência médica ao usuário. À tarde, os participantes discutirão propostas para assegurar ao dependente do crack acesso à assistência integral, conforme previsto pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Confira a programação:

Crack: construindo um consenso
Data: 19 de abril de 2011
Local: Auditório do CFM (SGAS 915, Lote 72, Asa Sul, Brasília, DF)
8h – Credenciamento
8h15 – Abertura
Carlos Vital Tavares Corrêa Lima – Vice-Presidente do CFM
José Luiz Gomes do Amaral – AMB
Cid Carvalhaes – Presidente da Fenam
Senador Wellington Dias – Comissão Temporária de Políticas Sociais sobre Dependentes Químicos de Álcool, Crack e Outras Drogas - CASDEP
Roberto Tykanori Kinoshita – Ministério da Saúde
Conselho Nacional de Justiça
9h – Palestra: Protocolo da Organização Mundial de Saúde sobre crack
José Manoel Bertolote – Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas
9h30 às 11h - MESA: Protocolo de Assistência Médica ao Usuário de
Crack
Presidente: Henrique Batista e Silva
Moderador: Carlos Vital Tavares Corrêa Lima
Palestrantes:
- Jane Lemos – Associação Médica Brasileira
- Salomão Rodrigues Filho – Conselho Regional de Medicina de Goiás
- Carlos Alberto Iglesias Salgado – Câmara Técnica de Psiquiatria do CFM
- Ronaldo Laranjeira – Associação Brasileira de Psiquiatria
11h às 12h30 – Debates
12h30 às 14h – intervalo para almoço
14 às 16h - MESA: Protocolo de Assistência Integral ao Usuário de
Crack
Presidente: Ricardo Rezende Figueira
Moderador: Ricardo Paiva
Palestrantes:
- Maria Lúcia Garcia – Docente da Universidade Federal do Espírito Santo
- Cléo Borges – Câmara Técnica de Medicina de Família e Comunidade
- Francisco Glauberto Bezerra - Ministério Público da Paraíba
- Enildes Monteiro – Assessoria e Assistência Terapêutica em Saúde - Assista
- Laudeci Vieira dos Santos - Conselho Nacional de Saúde - Alessandra Schneider - Conselho Nacional de Secretários de Saúde
16h às 17h30 - Debates
18h – Encerramento
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Setor de Imprensa
Conselho Federal de Medicina(61) 3445-5940
www.portalmedico.org.br

Autor: Assessoria
Fonte: www.NAHORAONLINE.com

segunda-feira, 18 de abril de 2011

24 ANOS DO DIA NACIONAL DA LUTA ANTIMANICOMIAL

O Dia Nacional da Luta Antimanicomial faz 24 anos!
Para aqueles que acreditam em um mundo sem grades, onde toda e qualquer diferença é bem-vinda, o 18 de maio significa o enfrentamento do estigma que ronda a pessoa que sofre com o transtorno mental, reafirma seu direito de um tratamento público, integral e de qualidade e a possibilidade de exercer sua cidadania.

Vivemos em tempos de privatização. Passados mais de 20 anos da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), torna-se necessário reafirmar os valores e princípios da Reforma Sanitária e da Reforma Psiquiátrica Brasileira, sobretudo os ideais de ampliação da esfera pública e de transformação social que motivaram essa importante conquista da sociedade brasileira.

Os princípios da saúde pública brasileira, conquistados por anos de luta de movimentos populares, grupos comunitários, usuários, familiares e seus trabalhadores, permanecem sendo atacados pelos segmentos que se opõem à ideia de um Estado solidário e democrático e à construção de políticas sociais redutoras das desigualdades, universalistas e com controle social.

É por isso que em 2011 reafirmamos a defesa do SUS e dos Direitos Humanos, combatendo as estruturas manicomiais que apostam na exclusão social e no isolamento. Por incrível que pareça, ainda permanecem as denúncias constantes de violências e mortes sem apuração em uma fragrante violação de Direitos Humanos.

As respostas pautadas na exclusão e no isolamento resistem e conseguiram aprovar a criação de leitos em Comunidades Terapêuticas, opondo-se claramente às deliberações da IV Conferência Nacional de Saúde Mental - Intersetorial, colocando em risco a implementação de uma rede de atenção para usuários de álcool e outras drogas pautados pelos princípios do SUS, da redução de danos e da Reforma Psiquiátrica.

Neste momento, queremos também marcar nosso compromisso histórico com os movimentos sociais antimanicomiais. É hora de avançar na construção de redes intersetoriais que possibilitem a diversidade do cuidado, a crítica, a ética e o respeito. Redes que ampliem a possibilidade de construção de um modelo de desenvolvimento solidário, diverso e com justiça social.

A Semana da Luta Antimanicomial de 2011 convida a Economia Solidária, a Juventude, a Cultura e outros segmentos a se juntarem na construção deste outro mundo possível: Em defesa do SUS e pelo fortalecimento das Redes Antimanicomiais!

Este projeto conta com os apoios de:

Associação Brasileira de Saúde Mental - Abrasme
Associação Vida em Ação
Fórum da Luta Antimanicomial de Sorocaba - Flamas
Rede de Saúde Mental e Economia Solidária
Sindicato dos Psicólogos do Estado de São Paulo - SinPsi

Este evento acontece em São Paulo, com uma  programação bem engajada, em Teresina ainda não ouvi falar ou vi qualquer cartaz. Estou postando para chamar a atenção mais uma vez de nossos técnicos antimanicomiais, o CRP (Conselho Regional de Psicologia) nunca se manifestou no front da reforma psiquiátrica por aqui. Vagamente lembro dos estudantes da FACIME de algumas particulares, Victor Marchel e alguns amigos. As coordenações de CAPS de Teresina também não farão, talvez nem sequer trabalhem essa temática com usuários no mês de maio e a gerência de saúde mental do Estado, entulhada em burocracia crackiana e técnicos alheios a luta antimanicomial só lembrarão desse dia se lerem este post ou receberem email de nossa engajada Lúcia Rosa. O Ninho é pequeno, sem militantes, constituídos de usuários fragilizados por sintomas. Esperar... e ver a banda passar. 

VALDEMAR SANTOS: DIA 29 DE ABRIL DIA MUNDIAL DA DANÇA

Fazendo questão de divulgar o empenhado e engajado trabalho do bailarino Valdemar Santos com a dança e cultura no Piauí. Meus parabéns ao amigo e parceiro de lutas pelas inclusões diversas.


DIA MUNDIAL DA DANÇA É COMEMORADO EM TERESINA COM AÇÕES POLÍTICAS E MUITA DANÇA

NA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA E TEATRO DE ARENA.

O Dia Mundial da Dança vem sendo celebrado no dia 29 de abril, promovido pelo Conselho Internacional de Dança (CID), uma organização interna da UNESCO para todos tipos de dança. A comemoração foi introduzida em 1982 pelo Comitê Internacional da Dança da UNESCO. A data comemora o nascimento de Jean-Georges Noverre (1727-1810), o criador do balé moderno.

Em Teresina a OPEQ está a quatro anos frente dessa organização para festejar e chamar atenção para a dança e os profissionais que a realizam. O sucesso do evento se dar ao fato de grupos como: Escola de Dança Lenir Argento, Balé da Cidade de Teresina, Cia. Equilíbrio de Dança, Só homens cia. de Dança, Afoxá, Cyntia Layana, Academia Helly Batista, Le Ballet Studio de Dança, Balé de Teresina, Arte Dança, Coisa de Nêgo, Dança Eficiente, NAI Dirceu. O projeto vem tomando a cada ano um nova potência e isso é contagiante e fundamental para o fortalecimento da classe.

"O movimento é o que coloca o homem em processo de ação. Precisamos sempre está dispostos a sair do lugar, a muitos anos a arte no Piauí vem sendo entregue a ociosidade. É fundamental que os artistas se mobilizem, se articulem, assim como na dança a vida é infinitamente repleta de possibilidades, precisamos sempre está dispostos a aceitar os desafios. Acredito que a Mostra Piauí Dança se coloca hoje como espaço democrático onde os artistas podem se mostrar, e ainda esclarecer questões referentes a seu ofício, além de se articular e em coletivo discutir melhores caminhos rumo ao futuro político-econômico-cultural do Estado. Entender cultura de forma ampla é o que precisamos por aqui. Muitos ainda não visualizaram que a cultura assim como a política faz parte da construção de uma sociedade mais justa e igual em direitos." diz Valdemar Santos diretor artístico do evento.

Entre os objetivos do Dia da Dança estão o aumento da atenção pela importância da dança entre o público geral, assim como incentivar governos de todo o mundo para fornecerem um local próprio para dança em todos sistemas de educação, do ensino infantil ao superior. Enquanto a dança tem sido uma parte integral da cultura humana através de sua história, não é prioridade oficial no mundo. Em particular, o prof. Alkis Raftis, então presidente do Conselho Internacional de Dança, disse em seu discurso em 2003 que "em mais da metade dos 200 países no mundo, a dança não aparece em textos legais. Não há fundos no orçamento do Estado alocados para o apoio a este tipo de arte. Não há educação da dança, seja privada ou pública". Pensando em refletir sobre a importância de mudarmos o quadro político atual onde a dança está inserida. a Organização Ponto de EQuilíbrio juntamente com os artistas locais realizam parte da comemoração na Assembléia Legislativa. A ação vem ganhando mais adeptos e esse anos tem o apoio dos deputados Fábio Novo, Marden Meneses e da Deputada Juliana Morais Sousa. "É muito importante que Dança como movimento artístico tenha o apoio desses deputad@s, e a boa relação com a Assembléia Legislativa representa a possibilidade de, em parceria construirmos meios legais de crescimento profissional e de possíveis melhorias para a Dança no Estado. O artista de hoje precisa compreender de leis e projetos, precisamos entender de mecanismos da burocracia e captação de recursos. Não queremos mais ficar trancados em nossas salas de aula criando, arduamente sem a possibilidade de expor nosso trabalho. Não podemos mais depender da "boa vontade" dos simpatizantes da arte. Precisamos sim de leis que garantam o mínimo de estrutura para nos desenvolver e trilhar caminhos dignos e produtivos. Isso passa por formação dos profissionais, projetos de interiorização da cultura, bem como capacitação profissional permanente e intercâmbio com outras regiões do País e por que não do Mundo? Enfatiza Valdemar Santos.

O foco do Dia da Dança está na educação infantil. O CID alerta os estabelecimentos que contatem o seu Ministério da Educação com as propostas para celebrar este dia em todas escolas, escrevendo redações sobre dança, desenhando imagens de dança, dançando em ruas, etc. Enfim, manifestando em crianças e consequentemente nos adultos, a vontade e importância da dança (arte) na vida do ser humano. Entidades como FUNDAC, Escola de Teatro Gomes Campos, Ponto de Cultura Nos Trilhos do Teatro, Assembléia Legislativa, Pontos de Cultura do Estado, Conselho Estadual de Cultura, Ordem dos Músicos do Piauí, Sindicato dos Comerciários e Artistas do Circo, Teatro, Cinema e Musica também estão se agregando ao movimento Piauí Dança para garantir o sucesso do evento.

"Na OPEQ temos um objetivo único e específico de valorizar sempre o artista, independente de seu segmento. Isso tem dado a nós um sério e importante diferencial, pois conseguimos a cada nova ações alcançar mais parceiros e dessa forma o movimento criar outro tamanho e consistência. O Dia Mundial da dança é um dia pra pensar não só na dança, mais de juntar forças e pensamos no coletivo de artistas que fazem da arte sua profissão. Por isso vemos fazendo muitos esforços para mobilizar a cidade e conseguir garantir mais esse sucesso a cultura do Piauí. Esclarece Luis Carlos Vale, Presidente da Organização Ponto de Equilíbrio.

Por tanto convocamos classe artística para participar da programação em geral, em Especial as 10h. do Dia 29 de Abril onde acontece o Seminário Estadual de Cultura. Abaixo programação completa e atualizada.

No Piauí, a comemoração acontece durante todo dia 29 de abril.

09:00h. Assembléia Legislativa.

Mostra de Dança na Praça do Povo.

10:00h. Abertura do Dia da Dança. Cine Teatro Assembléia.

Seminário de Cultura/
Mostrinha de Dança/
Mostra Inteligente de Dança.

14:00h. Cine Assembléia.

Coquetel de Confraternização pela Dança no Estado.

18:00h. Teatro de Arena. Praça da Bandeira.

MOSTRA DE DANÇA.


PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.