quinta-feira, 30 de setembro de 2010

1º ENCONTRO DE FORMAÇÃO POLÍTICA DE USUÁRIOS E FAMILAIARES DE SAÚDE MENTAL DO PIAUI

NADA DE NÓS, SEM NÓS!
08 a 10 de Outubro
Local: Centro de Treinamento do EMATER
O encontro tem a organização da Âncora, com apoio  da Gerência de Saúde Mental da SESAPI, que nesse momento de período eleitoral como demais instituições governamentais têm dificuldades de realização de atividades, apoia o evento, garantindo o alojamento e auditórios para realização do encontro de usuários e seus familiares. Não mais fez por conta de demais atividades relacionadas a capacitação inicial para novas equipes de CAPS nos diversos municipios piauienses e demais atiividades não menos importantes.Bem articulada a Âncora conta com o apoio da Faculdade Santo Agostinho e UFPI, através do Centro Acadêmico de Serviço Social.
A proposta de formação política do encontro centra-se na discussão sobre autonomia e empoderamento, direitos, controle social. Característica da Âncora, muita arte, música, poesia. Três dias de integração.
Estarei lá na mesa redonda sobre Direitos dos usuários de saúde mental. Sexta-feira, às 16:30
Contatos: Marta Evelin - 9453-7800
               Victor Marchel - 9479-7795







quarta-feira, 29 de setembro de 2010

MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA EM CRISE

Cansaço extremo. Uma fadiga física acompanhada de desespero mental. Muito trabalho, militância e maternagem solteira. Tento relembrar o aprendizado na terapia cognitiva: sinais de perigo (inicio de sintomas), buscar atividades prazeirosas, pedir ajuda, ir aos terapeutas ... parece tudo tão dificil e penoso.
Tento negociar nos meus ambientes de trabalho. Ainda não estou numa crise, mas os sinais de estresse "crônico", não consigo relaxar, me deixam em alerta. Ontem para fazer uma bateria de exames ginecológicos precisei na mesa de exames tomar um ansiolítico e pedir para os profissionais esperarem um pouco. Fiz algumas respirações e suportei melhor aqueles exames invasivos: citologia, ultra sonografia vaginal e mamária. Consulta anual. Se não o tivesse feito, cansada da manhã de trabalho e preocupada por faltar a tarde. É dificil para um psicótico.
Estou com algumas doenças físicas, penso  na somatização: "quando a boca cala, os órgãos falam." Lá vou eu... tomar jorhei. Oscilação de humor rápida querendo se anunciar. Tomei chá com algumas ervas que me acalmam. Respirações novamente. Desliguei televisão ou outros barulhos. Música instrumental para relaxamento e vim escrever. Achei que não consegueria. Deu certo. As ervas e a psicoeducação juntas, vão barrando os sintomas. Se der às 14:00 irei ao trabalho.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

28 DE SETEMBRO: DIA DE LUTA PELA DESCRIMINALIZAÇÃO E LEGALIZAÇÃO DO ABORTO

Para refletir pensamos dois momentos:
1 - Exibição do documentário: O abordo dos outros
Dia 28/09/2010 - terça-feira
Horário: 15:00 horas
Local: Pátio do CCHL

2 - Mesa redonda: O abordo em questão: descriminalização e legalização
Expositores: Representante da Marcha Mundial das Mulheres
                 Representante da União das Mulheres Piauienses
                 Representante do Conselho Regional de Serviço Social
                 Representante da Diretora de Políticas para as Mulheres do Governo do Estado do Piauí
Dia 30/09/2010 - quinta-feira
Horário: 16:00 às 18:00 horas
Local: Sala de vídeo II do CCHL

Promoção: Departamento de Serviço Social
               Coordenação do Curso de Serviço Social
               Núcelo de Pesquisa sobre Gênero e Desenvolvimento
Divulguem e Participem!!!!!!!!!!!!!!
 

A questão do aborto clandestino no Brasil, as mortes e sequelas provocadas por este procedimento merece uma discussão permanente na agenda da luta dos movimentos de mulheres. Já vi moça morrer por ingerir chá de espirradeira, planta de jardim com flores brancas ou coloridas. Fiquei chocada. Uma campanha sobre métodos contraceptivos e mais facilidade de acesso a eles entre jovens poderia também ser feita pela escola, serviços de saúde e até mesmo nas casas religiosas.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A FLORESTA DOS HOMENS DOIDOS

Conversando com Tais, coordenadora do CAPS de Água Branca:
__ Você acha que fui muito incisiva, "agressiva" mesmo em algumas questões durante o seminário?
__  Amiga, você estava no seu "normal", hehehe!!!!!!!!!

Se se convida usuários para eventos, ele fala. Alguns que já passaram da fase do depoimento-sofrimento, já estão conscientes que são cidadãos de direitos, defendem com propriedade sua subjetividade:
Ailton e suas grandes sacadas:
__ Não sou eu que não tenho perfil para CAPS, o CAPS é que não tem perfil para mim.

Rosa, bem humorada, que diz que de vários irmãos doidos, ela é a mais normal! Conversando comigo sobre sua estabilidade.
___  Muitas vezes eu finjo. Digo para o médico que estou bem, escondo a crise. Senão vou internada no CAPS III. Tou fora!!!


Alexandre é da Âncora, o conheci agora. Olha para mim entre esperançoso e curioso. Como imaginasse uma porta e atrás dela coisas fantásticas. Reconheço esse olhar de alguns ex alunos. Com paciência que só tenho para loucos, vou tentando responder.
__ Edileuza, por que só tem cotas para deficientes e não doente mental?
__ Por que só tem cota para negro? E para homossexual também tem?
__ E a doença mental na terceira idade, como é que fica?


Raimundo, da Associação de Usuários de União, falando de discriminação:
__ Eu não tenho preconceito contra homossexual, tem um lá em União. Lindo, mas é lindo, rapaz. Bota uma sainha e anda de moto.Pense como é bonito!

CÁRCERE PRIVADO
A partir de agora será minha principal bandeira de luta. Tirar dos quartinhos com grades estes remanescentes de uma forma cruel de tratar os loucos, falseada de amor familiar. O seminário sobre  politicas públicas em saúde mental e intervenção psicossocial em cárcere privado desvendou muitos casos no Estado, e surpreendentemente em Teresina. Denuncie casos de doente mental preso pela familia a um CAPS perto da sua casa. Diga para seu agente comunitário de saúde. Para defensoria pública núcleo de Direitos Humanos, Dr. Igo Sampaio, ou Promotoria Pública, Dra. Cláudia Seabra e demais promotores públicos de seu municipio. No caso de retardo mental grave, deficiência cognitiva, para as APAES, centros ou clínicas de reabilitação. Importante é soltar essas asas que querem voar.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES

AGRADECIMENTOS: A todos aqueles que adentram a roda do amor terapêutico, da solidariedade em saúde mental;
. A paciência (rígida) de Edileuza Moura comigo, amiga de "supervisão".

. Ao esforço da assistente social Alcidiana, coordenadora Ivana, psiquiatra Daniela no caso de M* no Angelim. (CAPS SUL/Barão)

. A meu cunhado Miguel por marcar a consulta de Bia no Ambulatório do Dirceu II. Merece um prêmio.
. A todos os profissionais de CAPS que confirmaram participação na oficina sobre intervenção psicossocial em cárcere privado, acreditando em nosso trabalho.

. Um abraço forte em dona Dejanira, biológa e filósofa, familiar, vice-presidente do Ninho, pela coragem "bipolar".

. A meu amigo cuidador coronel Jota Oliveira, pela intuição de suas mensagens que sempre me acalmam.

. A poesia afetuosa de Fabiano Abreu que me fortalece.


FLORA ISABEL: VOTO NELA

Está em jornal de hoje (21/09/2010) que Flora Isabel defendeu sem sucesso, a criação de uma comissão estadual para estudar os casos de suicídios entre jovens no Piauí. Problema grave no Estado. Não é de hoje que a deputada legisla a favor das causas da saúde mental. Não é ação eleitoreira. Precisamos sensibilizar cada vez mais os plenários.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

MULHERES NO PODER: MUDARIA A POLITICA BRASILEIRA?

MULHERES EMPODERADAS. Essa era uma discussão da época de Francisca Trindade deputada e Sônia Terra assumindo a FUNDAC em 2003. Flora Gaioso marcando presença nos movimentos sociais. Nesta eleição de 2010 com  ex primeiras damas e suas estruturas a luz dos maridos, imbatíveis. Traz-me a reflexão dos setenta anos de luta pelo sufrágio feminino. Muitas mulheres foram a luta,eram presas. Somente em 1935 as mulheres votam pela primeira vez no Brasil.Neste pleito Landins, Rego, Napoleão, Coelho, Morais Souza, Portela e outros nomes de familias de políticos  tradicionais piauienses, estas candidatas ostentam seus sobrenomes como possíveis passaportes para um cargo na nossa democracia representativa.
Se estas mulheres e outras oriundas dos movimentos sociais, com campanha menos expressivas economicamente forem eleitas em números significativos, mudaria alguma coisa na política piauiense? Estamos diante de uma questão de gênero ou classe? Mulheres podem reinventar uma nova forma de fazer política no Brasil por serem mulheres ou mulheres da classe dominante continuariam a defender e manter o status quo dos grupos sociais privilegiados no Brasil. Representantes da classe trabalhadora manteriam seus compromissos com suas origens, apesar das coligações (necessárias a governabilidade?) com as classes empresariais, verdadeiros donos do Estado (quem diz isso é Marx, em outras palavras, mas é isso) Observaram que as canditadas majoritárias Dilma e Marina, seus vices são homens? Não havia mulheres representantes nos partidos coligados? Por que não uma chapa "pura", duas mulheres. Ainda é uma condescendência, senão conveniência histórica, que os homens, presidentes dos partidos "permitam" que mulheres estejam na disputa pelos cargos majoritários no Brasil? Se Dilma se tornar presidente que seu câncer não volte. Se Marina levar, que use baton bem colorido da Natura.

sábado, 18 de setembro de 2010

OMS QUER MAIS INCLUSÃO SOCIAL PARA PESSOAS COM TRANSTORNOS MENTAIS

Segundo agência, o grupo é um dos mais marginalizados nos países em desenvolvimento; pelo menos 75% dos pacientes não têm acesso a nenhum tipo de tratamento especializado.
Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.
A Organização Mundial da Saúde pediu mais inclusão de pessoas com doenças mentais em programas de desenvolvimento e de combate à pobreza.
O apelo foi feito para a divulgação de um relatório sobre o tema nesta quinta-feira, em Nova York.
Taxas de Desemprego
Segundo a OMS, pessoas com problemas psicosociais estão entre as mais marginalizadas nos países pobres.
Pelo relatório, pelo menos 75% dos doentes não têm acesso a nenhum tipo de tratamento especializado. Problemas mentais e psicosociais estão associados com taxas de desemprego de até 90%.
Além disso, essa parte da população não recebe treinamento profissional ou educacional para exercer uma função.
Uma em Cada Quatro
Pelos cálculos da OMS, uma em cada quatro pessoas terá um problema de saúde mental durante sua vida.
Nos países de rendas baixa e média, as precárias condições de saúde levam a problemas mentais que causam morte ou invalidez de 8% a 16% da população afetada por esse tipo de problema.
Nos países de renda baixa, a depressão será, até 2030, a causa número um da carga de doença.
A OMS também propõe a inclusão de crianças com problemas mentais em programas sociais.
Para a agência, as prioridades na área de saúde mental são depressão, psicoses, suicídio, epilepsia e demência causadas por uso de álcool e drogas, além de doenças mentais em crianças.
Fonte: Rádio ONU

Acesse o link acima. No inicio do período eleitoral procurei alguns usuários, a Âncora para fazermos uma campanha: LOUCO TAMBÉM VOTA, na qual chamaríamos atenção para péssimas condições de moradia, falta de emprego, dificuldade de acesso ao benefício de prestação continuada, luta pela inclusão nas cotas que beneficiam pessoas com deficiências em concursos, etc. Não conseguimos sensibilizar. Os grupos GLBTs, sob a batuta do Matizes de Marinalda e Herbeth, até publicaram propostas e candidatos que apoiam e defendem suas causas. Precisamos dar visibilidade a nossos problemas, deixarmos de esperar a tutela dos normais. Saimos dos nossos esgotos da existência humana, do nossos cascos de jabutis e sermos mais rápidos que ansiosos. Preparemos o amanhã. 

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

FALANDO EM FALTA DE PODER, LIVRE EXPRESSÃO E SUBJETIVIDADE

O Changemakers da Ashoka¹, em parceria com a Fundação Amgen², desenvolve o Desafio Global 'Pacientes| Escolhas| Autonomia' para identificar soluções inovadoras que fortalecem a voz e participação dos pacientes para uma saúde melhor.

Reforçamos o convite para sua participação e gostaríamos de lembrá-los que o período de inscrição se encerra em 2 semanas, 29 de setembro de 2010

As três inscrições mais votadas ganham USD $ 10.000 dólares cada.

Como participar?
- Se sua ideia ou projeto contribui para o empoderamento de pacientes através de novas tecnologias, suporte médico, terapias alternativas, entre outros, e pode ganhar escala, INSCREVA-SE! Tenha acesso à ficha de inscrição no site: http://www.changemakers.com/pt-br/autonomia-pacientes

Para mais informações, visite http://www.changemakers.com/pt-br/autonomia-pacientes ou entre em contato com: tamiris@ashoka.org.br

Aguardamos sua inscrição!

Atenciosamente,

Equipe Changemakers da Ashoka

 Ando tão decepcionada com as possibilidades de ação grupal de usuários de saúde mental, que não terminei de preencher uma inscrição. Precisamos muito do dinheiro do prêmio. Sei que que algumas pessoas que passam pelo Ninho, saem lutando por seus direitos, fazendo ajuda mútua. Que até às vezes me assusta, pessoas que pareciam tão frágeis, se impondo, ajudando mesmo outro igual. Mas na questão da luta pelos direitos, a grande maioria ainda tem medo, recua, para se proteger, principalmente dentro dos serviços tradicionais ou substitutivos. O confronto direto pode nos descompensar... como diz o verso do poema:" Um dia o mais frágil deles, entra sozinho, rouba-nos a luz e conhecendo nosso medo,arranca-nos a voz da garganta e já não podemos dizer nada. Eduardo Alves Costa 
No caminho, com Maiakóvski 

APELO AO MOVIMENTO NACIONAL DA LUTA ANTIMANICOMIAL: Tirou do hospital, cuida!!

Alguém ou algum grupo precisa colocar o dedo na ferida. Os usuários estão sendo maltratados nos CAPS, dispensados ... pareceu que está estabilizado é "jogado na rede", ambulatórios onde o único tratamento é medicamentoso. E esse fato é como eletrochoque, usado como punição: reclamou da qualidade das terapias, do trabalho de algum técnico, não frequenta atividades (junto com um monte de agudos) então vai para rede. Que rede? Ambulatórios despreparados "psicossocialmente". Por que o CAPS não pode ser um ambulatório especializado? O usuário possa voltar para uma consulta de manutenção mensal, rever os amigos, usuários e técnicos, voltar num momento de prevenção, que estiver passando por estressores externos, porque aprendeu a reconhecer os sinais do aparecimento de sintomas, aparecer para um café e um bate-papo salvador.
Sou ex paciente de hospital psiquiátrico, e sei que sofremos lá numa crise aguda por conta das contenções, do pavilhão com grades, das surras de agudos agressivos, ainda é usado muita medicação convencional que faz impregnações extremamente dolorosas. Mas "orientados" como se fala no hospital, fazemos amigos, usuários e técnicos, lá também criamos vínculos e paradoxalmente, muita gente diz preferir está de volta aos pavilhões, porque acho eu, o espaço do hospital é o único local onde podemos ser somente loucos, andar nus, delirar, não tem regras de normalidade a serem cumpridas. Aqui fora, precisamos provar a toda hora que nosso comportamento não é sintoma de crise. E nos serviços substitutivos onde poderíamos está expressando nossa subjetividade com desenvoltura, como expressão de diversidade humana, somos tolhidos quando representamos quaisquer perigo a "autoridade normal" da equipe. A lógica manicomial persiste. O MNLA precisa entrar num novo momento, que é da luta pela acessibilidade da pessoa com transtorno mental, melhoria do serviço psicossocial baseado no amparo irrestrito (telefone do técnico de referência já!!) ao usuário no território.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

DEPUTADO TARJA PRETA???

NÃO VOTE EM DEPUTADO TARJA PRETA
"Profissionais da área de saúde, contrários ao projeto de lei conhecido por “Ato Médico”, iniciaram um movimento na internet para sabotar a candidatura de deputados federais que ajudaram a aprovar a matéria na Câmara, no ano passado. Uma das principais críticas ao projeto, que tem como finalidade regulamentar a atividade médica, é que ele limitaria a prática das demais categorias da saúde. Apelidada de “vingança democrática”, a campanha vem sendo disseminada via redes sociais e e-mail. O internauta é direcionado para um site, criado exclusivamente com o objetivo de protestar contra o projeto de lei. Na página, ele encontra a frase: “Não eleja deputado tarja preta”, um apelo, sem rodeios, para que deixe de votar, nas eleições de outubro, nos parlamentares da lista que estão tentando permanecer no cargo ou pleiteando outra cadeira na política.
“Clique no seu estado e escolha os deputados federais de sua região que votaram a favor desse projeto de lei, e, envie um e- mail para os seus parentes, amigos e pacientes pedindo para que não elejam esses deputados”, diz a mensagem. Ao selecionar o parlamentar, o eleitor encontra outro recado, igualmente incisivo: “Não eleja esse deputado(a), ele(a) votou a favor o PL do Ato Médico (7.703/2006), o qual afronta a autonomia dos profissionais da saúde e impede o seu livre acesso a esses serviços”.

Acesse o link acima e veja na íntegra o artigo e  a relação de deputados por Estado. No Piaui há nove deputados votantes, dentre eles, sem surpresa a favor do ato médico, Nazareno Fonteles e surpresa minha, votou contra, Átila Lira. Não entendi foi esse negócio de TARJA PRETA, será uma alusão a ficha suja ou quer dizer que os deputados que votaram a favor do ato médico são insanos, loucos, etc. Isto é estigma. Nós loucos podemos manter uma relação diferente com a realidade. Isto é diversidade humana. Eu por exemplo, me auto defino como louca, mas justa. Se alguém percebeu de forma diferente, comente, por favor.

SEMINÁRIO POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE MENTAL: Resultados da IV Conferência Nacional deSaúde Mental e Oficina Intervenção Psicossocial em Cárcere Privado

A Gerência de Saúde Mental do Estado - SESAPI realiza o evento nos dias 22 e 23 de setembro de 2010 no auditório da secretaria de Administração, organizado para cem pessoas, destinados aos profissionais e usuários de saúde mental.
Os resultados da IV Conferência Nacional de Saúde Mental num apanhado da política nacional de saúde mental feita por Marcelo Kimat do Rio Grande do Norte/Campinas, assessor do Ministério da Saúde e já nosso conhecido facilitador de diversas temáticas em nossos seminários, foruns, audiências públicas, ele tem acompanhado a consolidação da reforma no Piaui nos últimos dois anos.
Corajosamente essa gerência toma para si a responsabilidade de tocar num tabu: a vida de pessoas com transtorno mental mantidas em cárceres privados por familiares. A oficina Intervenção Psicossocial em Cárcere Privado destina-se as equipes de CAPS e articulação com saúde básica para tirar dos quartinhos, grades e correntes estas pessoas e reintegrar na vida comunitária, seu facilitador será nosso querido Edmar Oliveira,  assessor do ministério, piauiense radicado no Rio de Janeiro, também conhecedor e parceiro na resolução de nossas dificuldades na luta antimanicomial. 
Mas tem outras pessoas importantes de Teresina compondo as mesas de discussão: professora Lúcia Rosa, promotora Cláudia Seabra, enfermeira Edileuza Moura, socióloga e assistente social Edileuza Lima, psicóloga Auzira e outros ainda não confirmados.


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Louco

Olha o louco
calçada afora
gesticulando
que horror!

E os doutos
ao seu redor
correndo que nem uns loucos
por uma vida melhor

Valmir Motola Batista
(poeta gaúcho)

domingo, 12 de setembro de 2010

UM DIA DE SANCHO PANÇA: Projeto permanente de Amigo Cuidador

Domingo de sol. Eu e Bia fomos ao bairro Angelin, zona sul de Teresina, à casa de Maria*, a pedidos sofridos da irmã da mesma, nossa vizinha. Motivos: nova crise, a moça estava tirando a roupa, podia ficar agressiva. Mora só com uma mãe de 72, surda moderada. Não sabíamos muito o que fazer. Que trabalho em rede seria possível.
Encontramos a usuária estabilizada, como já tínhamos orientado, usando medicação atípica,o calor a obriga andar de toalha ou lençolzinho dentro de casa. Vizinhos bastante sensíveis, a casa encheu para nos conhecer. Nossa possibilidade de rede!
Vizinhos que vivem com transtorno mental estabilizados, familiares, outros apenas solidários. Freira antes das crises esquizofrênicas há quase dez anos, pensamos em procurar um convento que fica no território e tentar mais um gancho de rede: envolvê-la em algum trabalho religioso, suas referências do passado, além de convencê-la da necessidade de ter pelo menos uma calcinha para o período menstrual.
Se tivermos saúde suficiente voltaremos lá no domingo que vem.

Antes... louca de pedra lilás
Desalinhando o cabelo há dias assanhado
Ninguém acreditava que ela iria ao salão.
Outra mulher

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

PRONTO ATENDIMENTO EM TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES PARA SAÚDE MENTAL

Uso desde 2007 um estabilizador do humor que mais me adaptei e um ansiolítico. Os efeitos colaterais são devastadores no estômago, intestino, e este ano já fiz exames para conferir se havia toxidade no fígado. O psiquiatra receitou outro remédio para o remédio. Adotei a acupuntura, dentre outras integrativas e faço dependendo do meu estado, de oito ou quinze dias a manutenção, auricular ou sistêmica. Com terapeuta naturista.
Usei medicação para gripe, rinite, expectorantes e fiquei mal no sábado. Acredito em interação medicamentosa. Ontem passei o dia bem. Hoje muito mal. Suspendi os remédios para gripe. Estômago e intestinos ruins. Minhas terapeutas, ambas, viajando. Procurei o consultório de um médico otorrinolaringologista e acupunturista. Já apavorada com a perspectiva de nova crise. Consultório desconfortável, impessoal, com aquelas malditas televisões ligadas na sessão da tarde. E uma atendente que aprendeu na faculdade ser desumana. Diz que não serei atendida, o sistema (IAPEP), está fora do ar. Ela não pode fazer nada. E nem sente muito, eu que me lasque! Fazer? Aquele desespero mental que parece contração já começando. Eu prevendo sofrimento até quinta, dia de atendimento da terapeuta. Corri literalmente até a Bio - Nat, da bondosa dona Savanir, encontro na sala de espera minha amiga socióloga Emília, recém formada em Terapias Naturistas, a Bio - Nat é uma clínica escola. O amor cura. Minha amiga rapidamente fez os pontos necessários auriculares. Mâozinha leve, não doeu durante e nem depois. Receitou um floral, sem alcool. Barrou o sintomão mental. Estômago mais confortável seis horas depois. Estou serena, levemente feliz, mais segura.
Defendo a urgência de mais estudos e estímulo as práticas complementares ao tratamento medicamentoso. Parece haver um estado de saúde mental, emocional, psíquico que somente as medicações por mais modernas que sejam não conseguem alcançar.
Um projeto do Ninho é criar um espaço de pronto atendimento em práticas integrativas e complementares a prevenção e assitência a crise mental gratuíto, financiado pelo SUS.

A HISTÓRIA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA

1978 - O movimento contra os manicômios ganha força no mundo. A Itália aprova uma lei para fechar manicômios e reformar o atendimentopsiquiátrico. A legislação é inspirada nas idéias do psiquiatra italiano. Franco Basaglia, lider do movimento da década de 60.


domingo, 5 de setembro de 2010

DIÁRIO AMOROSO DE LOUCA PELA VIDA ( acompanhe capítulos semanais)

1ª  Semana:
Frase: Gordinhos de uns 120 kg são tão bonitinhos. Dá vontade de apertar!!!!! Que homem grande e que bela alma. Pacto de sangue no Centro de Testagem e Aconselhamento ( CTA). Campanha: DESISTA DE MIM, RAPAZ!


2ª Semana:

Então, meu lindo homem gordo desmanchou-se em um semana. Era feito de açúcar, fumava bastante, tomava muito café preto e tinha dentes manchados. Enfeite bem pintado, irresistível. Levei para casa, pus em cima de mesa de centro, perto de um buda de jade. Desmanchou-se não sei se foi o calor ou todo redemoinho de minha loucura nestas tarde de agosto, já setembro.






sábado, 4 de setembro de 2010

RELENDO FRANCO BASAGLIA E COMPANHEIROS: INSTITUIÇÃO NEGADA

P. - O senhor está dizendo, então, que a situação aqui agora é diferente ...
ANDREA - Muito diferente. Antes, aqui, ficávamos presos atrás das grades, e ainda por cima trancados em grupos de oitenta; não se achava lugar pra sentar, e a gente tinha que dormir no chão. Nem latrina havia. Depois, comer às cinco da tarde e ligeirinho pra cama, até no verão, em pleno verão, quando ainda se dispunha de  três horas de sol. Mandavam a gente dormir assim que acabava de comer. Eu saia pra tomar um pouco de ar no pátio, mas logop aparecia alguém pra me botar pra dentro.
P. - Mas em que sentido as coisas mudaram?
ANDREA - Mudaram do dia pra noite. No começo, quando a gente criou as assembléias e eu fui presidente durante um mês, ninguém abria a boca, todo mundo parecia amedrontado, ninguém tinha coragem de falar. Eu, que era o presidente, dizia: " Se vocês têm alguma coisa pra dizer, digam, é pra isso que estamos aqui; se vocês têm queixas falem." Estavam todos intimidados, depois de ficarem tantos anos presos... Foi tudo coisa do diretor... Depois, primeiro foi o Dr. Slavich que chegou no setor C e disse: "Vamos, peguem dez ou quinze doentes e levem pra passear na colônia..."
página 17

NEGAÇÃO DO HOSPITAL PSIQUIÁTRICO TRADICIONAL
[...] Durante muitos anos o doente mental foi - e ainda é - aquele a quem se pode oprimir brutalmente: um cidadão privado de seus direitos. É aquele a quem se pode privar  da sua liberdade pessoal, de seus pertences, de suas relações humanas, durante um tempo indeterminado - e que se pergunta, desanimado: "Que é que eu fiz de mal?" É aquele que infringiu uma norma. Um "desviado". Durante anos e anos a psiquiatria descabelou-se para construir em volta dele um castelo de critérios e de rótulos, constituindo-se assim ela mesma, em relação a ele uma norma. (página 176)

Teresina recentemente tem várias especializações em Saúde Mental, cursos em Atenção Psicossocial, simpósios e outros na área da Psicologia envolvendo a Terapia cognitiva Comportamental e a Psicanálise. É louvável o interesse de profissionais da capacitação continuada na área, o que questiono é que com tantas capacitações ainda não há uma linguagem única dos serviços, uma resposta às demandas de manifestação da subjetividade do usuário e a ajuda necessária para que este exerça seus contratos sociais com relativa ou total autonomia. Leia-se autonomia, não é independência total, um psicótico exposto as dificuldades da vida produtiva, amorosa, familiar precisa de apoio- não sejamos utópicos. A atenção psicossocial precisa está relendo os "clássicos" e aplicando na prática o que for necessário, adaptando a nossa realidade, criando o novo, "ampliando a clínica". Bia obteve "alta" do CAPS após quatro meses, porque não frequentava as atividades terapêuticas. "Caiu na Rede", não sabe o que é um ambulatório. Mas aprendeu com o grupo de apoio, que a medicação cala as vozes. Diz que assim que pegar em dinheiro vai marcar consulta no Areolino de Abreu.






NO CANSAÇO DA LIDA ANTIMANICOMIAL? TENTE OUTRA VEZ

Veja
Não diga que a canção está perdida
Tenha fé em Deus, tenha fé na vida
Tente outra vez

Beba

Pois a água viva ainda está na fonte
Você tem dois pés para cruzar a ponte
Nada acabou, não não não não

Tente

Levante sua mão sedenta e recomece a andar
Não pense que a cabeça agüenta se você parar,
não não não não
Há uma voz que canta,
uma voz que dança,
uma voz que gira
Bailando no ar

Queira

Basta ser sincero e desejar profundo
Você será capaz de sacudir o mundo, vai
Tente outra vez

Tente

E não diga que a vitória está perdida
Se é de batalhas que se vive a vida
Tente outra vez

http://www.vagalume.com.br/raul-seixas/tente-outra-vez.html#ixzz0ycUHTE6e

NINHO: RODAS DO AMOR TERAPÊUTICO


Roda do Amor Terapêutico. Amigos voluntários pertencentes ao Ministério da Música da Igreja de São Benedito. Música, oração, louvor e muita gente se mexendo, se abraçando, se emocionando e saindo de alma mais leve. Julho de 2010. Pena que agosto foi tão sufocado com muita gente em crise, e outras atividades que a roda que  é mensal  não aconteceu.

ATIVIDADES DO NINHO 1

Audiência pública na câmara dos vereadores sobre a rede de saúde mental em Teresina. Uma vereadora disse que todos sabiam que louco não pensa. Ops!!!! Bia e Ailton deram a resposta certa.
Louco pensa sim. Louco é mãe, dono de casa, quer emprego, respeito a subjetividade, às várias identidades que assumimos, pai, mãe, trabalhador de saúde, trabalhador em saúde mental, estudante, jovem, idoso, todas as diferenças que temos direitos. Junho de 2010.

ATIVIDADES DO NINHO 2

Diretoria do Ninho reunida, crianças e avós. O grupo não tem sede, este é o terraço da casa de dona Roberta, minha mãe. Marcilia  minha sobrinha é primeira secretária e Dejanira, vive presidente fizeram a leitura do Estatuto, nesta ocasião de formalidade do Ninho. Não registramos ainda, precisamos de um advogado e uns 250,00 para pagar taxas de cartório. Esta foto é de junho de 2010.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

REFORÇOS

Convidamos alguns companheiros de luta para colaborar com o Ninho, postando suas opiniôes, seus trabalhos, denunciando suas angústias com os serviços de saúde mental ou nos mostrando experiências exitosas, expondo seus trabalhos culturais, científicos, etc. Sejam Bem-vindos: Nilo Neto, professora Lúcia Rosa, Cláudia Maria, Ailton Hemersson e Marcília Santana.

PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.