domingo, 31 de janeiro de 2010

TRANSTORNO MENTAL:DIAGNÓSTICO E CUIDADO PRECOCE

Não há uma psiquiatria infantil. Não há psicofármacos pediátricos. Se houver no Brasil, alguém me envie link, indicações de leituras, etc. Tenho amizade e carinho por alguns amigos e meu próprio psiquiatra que trabalham no CAPS- i de Teresina, mas o serviço ainda tem aquela carona de hospital psiquiátrico. Há muito tempo falo que uma instituição de saúde que trabalhe com indivíduos em idade escolar deveria ter um profissional da área da educação na equipe: professor alfabetizador especialista em dificuldades de aprendizagem (DA), psicopedagogo, psicólogo escolar.
As escolas públicas do municipio e estado têm várias crianças "estigmatizadas" como "doidas", sem diagnósticos, agitadas e nem sempre com dificuldades de aprendizagem, mas de conduta., porque não agem como a maioria, são diferentes e inusitadas. As crianças com deficiência auditiva ou visual, deficiências físicas ou mental (diferente de transtorno mental, segundo a abordagem de escola inclusiva do Ministério da Educação em alguns documentos) tem salas de apoio pedagógico, o atendimento especializado em educação (AEE) que são as salas de recursos multifuncionais. Políticas de educação especial com razoável sucesso. Mas para as crianças com transtornos mentais não há nada, nem uma preocupação com elas. Se vão a algum serviço psiquiátrico, nem sempre é o CAPS, que aindanão é referência para a família, são medicadas com a mesma medicação de adultos na mesma dosagem.E os diagnósticos na sua maioria são de retardo mental leve, parece que os profissionais não se arriscam a diagnosticar uma possibilidade psicose infantil. Pior, ficamos na escola com uma criança inquieta, mas produtiva , e lerda quando está medicada, com esse diagnóstico. Digo, até que ele (a) chegue a vida adulta e tenha seu primeiro grande surto e as portas do manicômio, como uma boca com fome o (a) abocanhe, criando mais um "crônico", alguém com um "transtorno severo e persistente".
Abaixo a divulgação do I ENCONTRO NORDESTINO DE CAPS - i , que me parece acontece rcom esta proposta de discutir diagnóstico e o cuidado precoce, como em tantas outras deficências, definindo um futuro de melhor qualidade de vida para tanta gente, no caso do transtorno mental podemos sonhar com uma geração para daqui 30 anos, que viva com transtorno mental desde criança e não conheça internações integrais em hospitais psiquiátricos. É uma esperança.

I ENCONTRO NORDESTINO DE CAPS INFANTIL

Prezados colegas,

Estaremos realizando em Campina Grande nos próximos 25, 26 e 27 de março o I Encontro Nordestino de Caps Infantil. Diante das dificuldades enfrentadas no cotidiano dos dois Caps infantis da cidade bem como nos dois Caps I dos distritos rurais, optamos pelo tema: A Importância da Intervenção Precoce na Construção de uma Política de Saúde Mental Infanto-Juvenil. Certamente a realidade de Campina Grande não é diferente das demais cidades do Brasil: recebemos diariamente crianças crescidas, em estado psíquico extremamente comprometido, que não foram detectadas pela atenção básica, ou adequadamente atendidas quando encaminhadas às instituições de saúde mental infantil. Entendemos então que a capacitação das equipes tanto do PSF quanto da Saúde Mental tem sido a saída para lidar com tal realidade e assim contribuir efetivamente para a construção de uma política de saúde mental infanto-juvenil, tanto em Campina Grande quanto nas outras cidades.

Por essas razões, queremos especialmente convidá-los para participar deste momento, no qual pretendemos trocar experiências e ainda desfrutar mais uma vez das informações que nos têm sido criteriosamente passadas pelos nossos consultores: Alfredo Jerusalinsky, Cláudia Mascarenhas e Leonardo Posternak.

Participem! Nosso site já pode ser visitado: www.campinagrande. org/encontronord estino

Um forte abraço a todos.

Ana Amélia Arruda


Email de professora Lúcia Rosa

sábado, 30 de janeiro de 2010

ASSEMBLÉIA GERAL DO NINHO: 2ª CONVOCAÇÃO

Infelizmente não aconteceu hoje (30/01/o10) a assembléia geral do Ninho. que votaria a primeira diretoria, o Estatuto e o conselho deliberativo da entidade, para que possamos começar o processo de legalização da mesma, por absoluta falta de quorum. Somente eu, religiosamente, e outra amiga do Ninho estivemos presentes. Pois é ... "com quantos paus se faz um grupo de apoio?" Ninguém pode saber dessa quantidade, quando estes paus são invisíves, como os "portadores" de transtornos mentais. Pior que as Tartarugas Ninjas que moram no esgoto e só saem para salvar a cidade em perigo.
Existem pessoas sofrendo psiquicamente em crises agudas, estas estão enfrentando sua via crucis sintomáticas, medicadas, internadas, etc. Outras superaram crises agudas ou vivem no fio da navalha das ciclotimias. A maioria não imagina que possamos nos ajudar mutuamente, lutando juntos para viver melhor em todos os sentidos. Combatendo o estigma com nossa atitude de quebrarmos essa síndrome da invisibilidade fóbica, poderíamos garantir: melhores serviços psiquiátricos, sermos menos expostos a medicação psiquiátricas em situações de sintomas tratáveis com psicoterapias de qualidade, terapias complementares pelo SUS e para usar a linguagem técnica, fortalecer nossas redes sociais, ou seja termos um grupo de amigos parecidos conosco, que nos acolham, amparem e protejam em momentos de fragilidades quaisquer, não somente em crises. Continuo a acreditar. O novo trabalho na Gerência de Saúde Mental me tomou mais tempo e não houve mais alguém que me ajudasse a divulgar a assembléia.
Nova data: 27/02/010 no mesmo local, auditório do Complexo Cultural Grande Dirceu, antigo CSU do Renascença II, rua Dona Amélia Rubi, s/n.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

CAPS: Acreditando na rede de saúde mental

CAPS é o principal dispositivo substitutivo ao hospital psiquiátrico. Imagine-se num país que políticos nos envergonham guardando dinheiro público em cuecas, meias e outros lugares das roupas ainda não flaglados. Empresário que se dá o luxo de financiar "projetos sociais" mundo a fora de ídolos pops milionários como Madonna. Previsível que uma política de saúde e de cunho social como esta , de resgate de cidadania encontre sérias dificuldades de implementação em todas as instâncias da sociedade, na economia, na politica e no campo cultural, onde se constrói representações sociais dos mais diversos fenômenos sociais.
Se o hospital psiquiátrico de 200 anos, excludente depósito daqueles que não serviam a produção capitalista, relembrando Franco Basaglia. Será que o CAPS como articulador de redes socias para reinserção senão na vida produtiva, mas de existências humanas mais cidadãs e participativas superará o eterno fosso social da sociedade brasileira, garantindo mais saúde integral a seus usuários? Apesar de tantas dificuldades encontradas por gestores Brasil afora.
Repasso link sobre noticias de usuários de um CAPS mal instalados em Vaginha, Minas Gerais.Se alguém quiser enviar notícias parecidas, posso publicar . Denunciar, cobrar de responsáveis qualidade nos serviços substitutivos é fazer controle social. Não adianta apenas dar panos para as mangas de pessoas manicomiais, se os CAPS ainda não são bons é porque são mal aparelhados. Vamos pedir a Madonna que invista por aqui também , né? Já que muito recurso público é desviado para dentro das roupas de políticos.
http://eptv.globo.com/noticias/noticias_interna.aspx?285197

domingo, 24 de janeiro de 2010

APOIO EM SAÚDE MENTAL NA UFPI

Tenho uma amigo esquizofrênico que passou mais de dez anos para sair do curso de Filosofia na UFPI. Há uma moça com várias internações, que assiste aulas, com a mãe sentada no corredor esperando-a. Uma aluna de Ciências Sociais que acompanhamos várias vezes em crise e que desapareceu do curso. Alunos que trancam os cursos e desaparecem, ficam reprovados em disciplinas por faltas. Não há nenhum serviço especializado da instituição responsável para verificar, acompanhar e ajudar de alguma forma na permanência destes discentes na universidade garantindo bons níveis de aproveitamento acadêmico e ajudando-os a diminuirem o tempo de conclusão do curso, sem grandes pressões e estresses que possam desencadear crises.
O Amigo no Ninho está com uma proposta de projeto, aberto a construção com estudantes, professores, funcionários e demais pessoas interessadas. Convidamos a todos para uma reunião com professoras Valéria e Lília do departamento de Serviço Social que bastante sensibilizadas com a questão se dispõe a trabalhar em conjunto com o Amigo no Ninho um projeto de extensão com a temática.
Dia 02 de fevereiro, às 15:00 h. Ponto de encontro: Departamento de Serviço Social

ASSEMBLÉIA GERAL DO NINHO

De maneira sistematizada o Amigo no Ninho funciona desde agosto de 2007, mais ainda não está formalizado enquanto ONG, o que traz alguns impecilhos legais consideráveis que dificultam ainda mais nosso trabalho, como a não participação em editais que promovam projetos de cunho sociais como o nosso.
A mobilização de um grupo de apoio com sustentabilidade para dar suporte a pessoas em crises mentais, dependência química e a seus familiares tem se mostrado extremamente difícil, o estigma e o preconceito ainda são bem grandes. Pessoas com transtornos mentais tendem ao anonimato absoluto. Respeitamos a atitude nestes usuários que ainda não desenvolveram "uma consciência louca", como a consciência de negritude ou identidade gay.Mas não desistimos, o serviço psiquiátrico de Teresina, a rede de atenção a saúde mental somente funcionará com qualidade quando muitos de nós nos unirmos e aprendamos a reinvindicar nossos direitos.
Convidamos usuários, familiares, estudantes, profissionais e simpatizantes para a assembléia geral, onde acontecerá a eleição da primeira diretoria, dia 30 de janeiro, sábado, às 9:00 no Complexo Cultural Grande Dirceu, rua Dona Amélia Rubi, s/n, antigo CSU do Renascença II. Seja pioneiro, participe desse processo. Seja um amigo do Ninho.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

SOLIDARIEDADE HAITI!!!

antónio saias, em 2010-01-16 às 16:59, disse:
breve ensaio sobre guerra no HAITI
:
Eu sei, eu sei, não estás em guerra
um terramoto não tem nada a ver com uma explosão atómica
-um terramoto é rebelião da Terra
contra sabe-se lá o quê

Entanto as televisões já deram:
mais danos do que trinta bombas de Hiroshima
sobre quem? sobre quê?

Não seguramente sobre a cândida memória
dos arauaques de há sete milhares de anos
sim talvez sobre o rastro de sangue
de Aristide
e sobretudo da dinastia Doc.

Milhares de mortos - dezenas de milhares de mortos
sob escombros
nos largos e nas praças
sob as pedras de um colonialismo impiedoso

Haiti, Ai de ti,
miséria só por acidente destapada
quanto mundo resta
ainda igual a ti.

Ciência Hoje (revista portuguesa)
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=38748&op=all

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta -TAC

O título pomposo do post é um intrumento do Ministério Público em suas ações de defesa do direito a saúde da sociedade, no debate público de hoje com gestores municipais e estaduais sobre a saúde mental, culminou na elaboração de um documento destes onde SESAPI e FMS acordam ações conjuntas ou individuais quanto as ações na saúde mental no município de Teresina, ante o fechamento do MEDUNA, anunciado pelo seu diretor administrativo e financeiro em 23 de maio proximo,para que não haja desassistência e na área.
Esse foi um segundo TAC firmado, o primeiro datado do 21 de novembro de 2009, considerações feitas após visita do MP e fiscais da vigilância sanitária ao sanatório que constataram entre outras coisas as precárias condições de instalações físicas, sanitárias e escassez de pessoal, ausência de projetos terapêuticos individualizados, insuficiência de alimentos, medicamentos, pacientes higienicamente maltratados.
Durante dois meses a SESAPI forneceria 150 colchões, 600 lençois, 600 camisas e seicentas bermudas padrão (aquelas horrorosas iguais ao Areolino, gente!) e a FMS a alimentação, materiais médico hospitlar de consumo e material de limpeza e se comprometeu em abrir os dois CAPS II até 31 de dezembro, para salvaguardar a demanda, não abriu, só as casas estão alugadas.
Hoje, presenciei um fato inédito, nunca havia visto tanto psiquiatra junto, faziam um "muro manicomial" sob a batuta de Dr. Alexandre Nogueira. Infelizmente a bancada da "queda do muro de Berlim" era menor, representada pelos antimanicomiais, alguns técnicos e número inexpressivo de usuários. Tantos psicóticos com curso superior, atuantes em suas áreas, sindicalistas com grande poder de oratória e conhecimentos dos processos que levam o adoecimento do trabalhador e de como a sanha capitalista rege as relações em todos os níveis dos direitos humanos. Hoje aqueles médicos que defendiam as internações integrais e o secretário de saúde do municipio não pensavam em pessoas ou as pessoas significavam apenas
recursos ganhos ou perdidos. Gostaria muito que tanta gente boa desta cidade que está nos movimentos sociais e sindicais como os socialistas Geraldo Carvalho, Délio, Patricia Andrade, o comunista Pedro Laurentino, o advogado sindical Pacheco e tantos outros que vivem,convivem ou conviveram com parentes,amigos, vizinhos ou companheiros de trabalho com transtorno mental tivessem somado conosco em solidariedade humana mesmo e nos tivessem ajudado a tirar uma lasca daquele muro representados por aqueles psiquiatras que continuam querendo nos prender somente para garantir seus empregos.
Não fiquei até o final, já passava das duas. Dr. Edmar, matador de dragões e a bela que é fera Dra Cláudia Seabra ficaram lá enfrentando os leões.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

SAÚDE MENTAL NOS TERREIROS

Existe uma Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde e sua regional daqui, Rede Estadual de Cultos Afro- Brasileiros e Saúde do Piauí,presidida pelo nosso querido Rondinele dos Santos e a simpática Eufrazina Aurélio, ambos pai e mãe de santos ou sacerdotes. Antropologicamente se me permitem prefiro a idéia amparadora, paterna e materna a sacerdotes e sacerdotisas. Mas é campo restrito para mim, que sei pouco Antropologia.
Este post é mais uma vez para chamar atenção para o "esquecimento" das temáticas da saúde mental que nunca estão em pauta em espaços mais que propícios como a abordagem da saúde das comunidades dos terreiros. Discute-se DST/AIDS, hanseaníse, hepatites e outras doenças não menos graves e importantes. Mas fica a interrogação: As comunidades de terreiros, descendentes na sua maioria de escravos africanos, negros e mestiços, comunidades muitas vezes expostas a riscos e vulnerabilidades sociais impostos pela má divisão de renda brasileira, não tem nem depressão leve? Ou a pessoa que vive com transtorno mental também é excluída destes espaços?
No Guia para promoção da saúde nos terreiros/ Atagbá de 2005, publicação com bastante apoios institucionais e prefaciado pelo piauiense José Ivo Pedrosa, do Ministério da Saúde seus autores dão orientações gerais sobre saúde, cuidados no terreiro, a relação com o srituais, rede SUS, dão passos como realizar oficinas sobre vários temas de saúde, menos e nenhum sobre saúde mental. Ora, nós que trabalhamos com saúde comunitária sabemos que os terreiros são recursos de saúde de forte apelo, principalmente na crise mental aguda, na persistência dos sintomas, algumas famílias, usuários em seu desespero adentram o terreiro. O que tem para eles? Numa incidência cada vez maior de acometimentos por depressão preconizados por dados da OMS, transtornos por uso abusivo de substâncias, grande preocupação da política de saúde mental brasileira no momento. É lamentável a vitória do estigma!
Termino como termina o tal guia com fragmentos da Carta de Recife, resultado do III Seminário Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde em 2004."Para os adeptos das religiões afro-brasileiras o corpo é morada dos deuses/deusas, e por isso merece atenção especial no que diz respeito a saúde, possibilitando que voduns, inkices, orixás, mestres/mestras, caboclos, pretos-velhos e encantados possam manter a sintonia com conosco [...] O saber do terreiro propõe uma forma de lidar com a saúde que tem como finalidade o equilíbrio do corpo, através do fortalecimento da energia vital [...]. Pagina 28.
Continuo a interrogar com base no parágrafo acima. E a cabeça não faz parte do corpo? A mente fica onde? Os comunistas não comiam criancinhas, agora sabemos. As pessoas que têm preconceitos contra as religões de matriz africana fiquem felizes, os espiritos, os encantados, os orixás não querem saber dos loucos. Eu particulamente acho uma pena, os terreiros tem um grande potencial de práticas terapêuticas complementares para diversas enfermidades e esta rede que tem promovido ações de inclusão social.
Link do ASPAJA que recentemente promoveu eventos relativos a saúde das comunidades de terreiro em Teresina.
http://aspaja.blogspot.com

sábado, 9 de janeiro de 2010

MINISTÉRIO PÚBLICO E SAÚDE MENTAL

Pessoal,
O Ministério Publico está promovendo um debate público sobre a Rede de atençao em saúde mental do Piauí, no dia 15 de janeiro (proxima sexta feira) de 08-12 no auditório do Ministerio Publico...quem tiver interesse e disponibilidade, por favor, PARTICIPE.................ou AJUDE A DIVULGAR.
Email de professora Lúcia Rosa

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

SER OU NÃO SER: EIS A QUESTÃO

Aos amigos do Ninho que seguem o blog e que acompanharam minha luta para voltar a trabalhar no Estado, já que fui afastada de sala por alegação de ser bipolar. "As boas pessoas que fizeram isso, fizeram pelo meu bem"! Em sala de aula desde 1993, já tenho ex aluno com mestrado. Já era diagnosticada, o que nunca impediu de desenvolver os mais diversos projetos pelas escolas que passei. A recompensa seria ser "jogada" como professora doente numa biblioteca com cara de depósito de livros ou naquelas salas de vídeos. Da escola que saí tem umas quatro senhoras se revesando em cada um desses espaços. Deus me livre!
Bem, sem esconder mais o ouro. Finalmente consegui minha disposição para a gerência de saúde mental do Estado (tenho o espaço como trabalho protegido), como sabem também sou assistente social. Então caros amigos, temo que nosso blog fique um tanto vazio de informações mais do âmbito de gestão, já que agora estou "de rabo preso" com o serviço. Por ética profissional não posso está publicizando por aqui as vísceras do fazer saúde mental no Estado do Piauí. Minha identidade híbrida, usuária e profissional da saúde mais uma vez se confunde. Mas prometo não deixar de "bombar" o blog.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Dona Savanir, nossa parceira e sua BIO-NAT

Um doido mora ao lado; trabalha comigo...

A fuga dos doidos do hospício é mais grave do que pode parecer à primeira vista. Não me envergonho de confessar que aprendi algo com ela, assim como que perdi uma das escoras da minha alma. Este resto de frase é obscuro, mas eu não estou agora para emendar frases nem palavras. O que for saindo saiu, e tanto melhor se entrar na cabeça do leitor.

Ou confiança nas leis, ou confiança nos homens, era convicção minha de que se podia viver tranqüilo fora do Hospício dos Alienados. No bond, na sala, na rua, onde quer que se me deparasse pessoa disposta a dizer histórias extravagantes e opiniões extraordinárias, era meu costume ouvi-la quieto. Uma ou outra vez sucedia-me arregalar os olhos involuntariamente, e o interlocutor, supondo que era admiração, arregalava também os seus, e aumentava o desconcerto do discurso. Nunca me passou pela cabeça que fosse um demente. Todas as histórias são possíveis, todas as opiniões respeitáveis. Quando o interlocutor, para melhor incutir uma idéia ou um fato, me apertava muito o braço ou me puxava com força pela gola, longe de atribuir o gesto a simples loucura transitória, acreditava que era um modo particular de orar ou expor o mais que fazia, era persuadir-me depressa dos fatos e das opiniões, não só por ter os braços mui sensíveis, como porque não é com dois vinténs que um homem se veste neste tempo.

Assim vivia, e não vivia mal. A prova de que andava certo, é que não me sucedia o menor desastre, salvo a perda da paciência; mas a paciência elabora-se com facilidade; - perde-se de manhã, já de noite se pode sair com dose nova. O mais corria naturalmente. Agora, porém, que fugiram doidos do hospício e que outros tentaram fazê-lo (e sabe Deus se a esta hora já o terão conseguido), perdi aquela antiga confiança que me fazia ouvir tranquilamente discursos e noticias. É o que acima chamei uma das escoras da minha alma. Caiu por terra o forte apoio. Uma vez que se foge do hospício dos alienados ( e não acuso por isso a administração) onde acharei método para distinguir um louco de um homem de juízo? De ora avante, quando alguém vier dizer-me as coisas mais simples do mundo, ainda que me não arranque os botões, fico incerto se é pessoa que se governa, ou se apenas está num daqueles intervalos lúcidos, que permeiam ligar as pontas da demência às da razão. Não posso deixar de desconfiar de todos ( fragmento ).

Machado de Assis, Fuga do Hospício, crônica de 31/mai/1896.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

CAPS SUDESTE

Por imposição do Ministério Público, a Fundação Municipal de Saúde (FMS) teria que entregar até final de dezembro de 2009 dois CAPS II. Duas casas foram alugadas, uma na avenida Barão de Gurguéia e outra no bairro Dirceu I, que será o CAPS Sudeste. Fui até o endereço ontem, fica ao lado da UESPI, Campus Clóvis Moura e na frente de uma escola estadual, Frei Heliodoro. Ainda falta muita coisa para conclusão da reforma da casa. Acredito que até meados de janeiro, não acontecerá a inauguração.
Fiz questão de registrar isso hoje, primeiro de janeiro de 2010.

PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.